Partiu para o ataque


Manobras do governo tentam calar Congresso e impedir investigação sobre Petrobras, alerta Colnago

13742797745_2f9e2ebf8e_hA a presidente Dilma parece ter partido para o ataque na tentativa de impedir as investigações sobre a Petrobras no Congresso, a pedido de Lula. Nesta semana, o ex-presidente disse que a companheira deveria lançar uma ofensiva diante da proposta da oposição de criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as inúmeras irregularidades na empresa.  A petista se reuniu com senadores, fez o governo arrumar às pressas o depoimento de Graça Foster em comissão presidida por petista no Senado e parece ter convencido Nestor Cerveró a não ir à Câmara na próxima semana.

Diante do sumiço do ex-diretor internacional da Petrobras, o líder do PSDB na Câmara, deputado Antonio Imbassahy (BA), quer que o Ministério da Justiça e a Procuradoria-Geral da República o ouçam.  O ex-diretor cortou a comunicação que vinha sendo feita com o partido para marcar sua oitiva.

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Para o deputado César Colnago (ES), pela gravidade das denúncias e por toda a mobilização feita pelo governo para impedir a apuração dos fatos, podem existir muito mais “erros debaixo do tapete”. “Para mim já é uma confissão de que há muita coisa errada e talvez ainda mais grave do que imaginamos. Podemos estar diante apenas da ponta do iceberg de muita malversação de recursos e desvios. É preciso esclarecer pois é uma empresa dos brasileiros”, disse o tucano nesta sexta-feira (11).

O maior temor do Planalto em relação à  instalação da CPI da Petrobras pode  estar relacionada à compra da refinaria de Pasadena, nos EUA. Em 2006, quando era presidente do Conselho de Administração da estatal, Dilma ajudou a aprovar a aquisição de 50% da unidade. Depois, se opôs à compra de 100% da refinaria.  Para tentar embaralhar possível investigação no Congresso, o governo mobiliza cada vez mais a base para conseguir incluir entre os assuntos a serem investigados suspeitas relacionadas ao Metrô de São Paulo e ao Porto de Suape, em Pernambuco.

A decisão sobre a criação dessa “CPI Combo” depende agora do Supremo Tribunal Federal, que analisa recurso do PT. Em clara reação contra a CPI, Dilma se reuniu com seus principais apoiadores do PMDB no Senado. Na próxima terça-feira (15), Graça Foster, antes vetada pelo governo de ir ao Congresso, dará depoimento na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, presidida pelo petista Lindbergh Farias (RJ).

Na avaliação de Colnago, o que os governistas estão fazendo é tentar, a todo custo, impedir, que se “investigue algo que os brasileiros querem saber”. “O Congresso não pode virar as costas para a população”, disse.

Nest sexta-feira (11), um delegado e três agentes da Polícia Federal foram recebidos por Graça Foster para cumprir os mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça Federal do Paraná. Foram apreendidos documentos que podem auxiliar na apuração pela Operação Lava Jato, o que apenas reforça a necessidade de investigação na estatal. Foram cumpridos dois mandados de prisão temporária, seis de condução coercitiva e 15 de busca e apreensão em várias cidades.

Comperj na mira do TCU – Enquanto o governo busca bloquear as apurações, a má gestão da Petrobras é escancarada. O TCU, por exemplo, decidiu convocar a presidente da empresa e seu antecessor, Sérgio Gabrielli, para darem explicações sobre o contrato com a MPE Montagem e Projetos Especiais S.A, responsável pela construção de tubovias essenciais para o funcionamento do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). A decisão foi tomada em sessão do tribunal na última quarta-feira (10).

Auditoria do tribunal constatou atrasos injustificáveis nas obras e serviços, devido a dificuldades financeiras da contratada em pagar seus fornecedores e a impactos causados pelas chuvas, o que causou prejuízo mensal estimado em R$ 213 milhões. O TCU alegou que a MPE foi privilegiada durante o processo de escolha e que, apesar dos problemas durante a obra, a direção da Petrobras foi “omissa” na defesa de seus interesses.

Em novembro de 2013, de acordo com o TCU, 27% das obras das tubovias tinham sido concluídas, bem abaixo dos 72% previstos no cronograma. O valor inicial do contrato com a MPE era de R$ 731,8 milhões. No final do ano passado, porém, a empresa deixou as obras, transferidas a um consórcio liderado pela Andrade Gutierrez. Esse atraso pode levar ao adiamento do início de operação da primeira unidade de refino do Comperj, marcado para agosto de 2016. Nessa semana o jornal “O Globo”, publicou a série de reportagens “Dilema Petroquímico”, mostrando que o Comperj já custa US$ 13,5 bilhões, o dobro do previsto.

“O tribunal está fazendo o seu papel. A Petrobras tem que se submeter às regras, à legislação brasileira. Hoje parece que a empresa quer estar acima do bem e do mal. Com esse histórico de irregularidades é preciso que o TCU, assim como o Ministério Público, possam aprofundar as investigações para deixar claro o que está acontecendo com essa empresa que tem uma gestão cada vez mais temerária”, defendeu César Colnago. 

(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Kim Maia)

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11 abril, 2014 Últimas notícias 1 Commentário »

Uma resposta para “Partiu para o ataque”

  1. José Roldan disse:

    Não há nenhum sentido no moralismo de mão única, Petrobras, metro e Suape devem ser todos investigados. Quem não deve, não teme. No passado já tivemos uma CPI do fim do mundo conduzida pela oposição, seria falta honestidade da oposição agora rejeitar maus uma CPI tipo “coração de mãe”

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