Planalto não quer investigar nada


Tucanos condenam manobra de aliados de Dilma no Senado para enterrar CPI da Petrobras

aecio_coletivaINTApós a decepcionante decisão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado sobre a realização da CPI da Petrobras na Casa, os senadores do PSDB compararam a continuação da manobra governamental com o AI-5, o mais perverso dispositivo lançado pela ditadura, e até com uma bomba. Ausentes da votação em protesto à aprovação do relatório do colega Romero Jucá (PMDB-RR), os parlamentares falaram duramente contra o instrumento aos jornalistas. A expectativa da oposição é que o STF acate a ação apresentada ontem em defesa da CPI.

“O AI5 acabou com o habeas corpus, e permitia que o presidente da República cassasse o mandato de parlamentares. Hoje, na democracia, nós estamos vivendo um ato quase ditatorial. Estão cassando a prerrogativa de parlamentares de investigarem o governo”, disse em entrevista coletiva o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG).

Para ele, a manobra orquestrada pelo governo se assemelha às maiores violências já feitas no Congresso Nacional e que significa unicamente o temor do Legislativo diante do pânico do Executivo de ver a Petrobras investigada. “O Congresso Nacional acaba de abrir mão de uma de suas mais importantes prerrogativas, que é de investigar o Executivo. Não haverá mais CPI, porque basta à maioria governista apresentar 10, 20, 50, 100 novos assuntos. Dependemos do guardião da Constituição, que é o Supremo Tribunal Federal.”

Para o líder do PSDB, Aloysio Nunes Ferreira (SP), o requerimento original da CPI da estatal petroleira já está até mesmo desatualizado. A cada dia, ressaltou o senador, os jornais trazem novos detalhes de antigos e novos escândalos internos na empresa. O mais preocupante, para ele, é a conexão íntima que a cada dia se revela entre empresários, dirigentes das empresas da Petrobras nomeados por indicação política e um doleiro costura os elos, com políticos como cereja do bolo.

“É uma bomba tão grande que o governo tem medo de explodir junto com ela”, comparou. O líder condena a postura de aliada a Dilma de tentar barrar as investigações usando de artifícios inconstitucionais, pois as manobras legais são compreensíveis. “É uma afronta à Constituição o que foi decidido na CCJ contra o voto da oposição e de alguns senadores da base que querem ver respeitadas as prerrogativas do congresso. A CPI ampla é uma farsa. Sob o pretexto de querer investigar tudo, eles não querem investigar nada.”

O senador Mário Couto ressaltou que diariamente os exemplos de malversação de recursos públicos e corrupção na Petrobras mostram que a investigação passa a ser obrigatória. Porém, o governo luta para empurrar a sujeira para baixo do tapete. “A Petrobras acabou, está falida. Quem levou esse dinheiraço todo? Para mim, este episódio é o maior de corrupção da história do Brasil. Os outros, anteriores, são todos bem menores, mínimos, perante ao que está se assistindo neste momento: a quebradeira de uma das maiores empresas do mundo”.

Por fim, o senador Alvaro Dias (PR) preferiu ressaltar o medo que o governo exibe ao fazer de tudo para enterrar a CPI. Ele falou em “jogo de cena”, escamoteamento da verdade” e afirma confiar que o STF acatará o pedido de liminar para a realização da comissão na Casa e apela para que a ministra Rosa Weber, relatora do pedido, delibere sobre ele rapidamente.

(Da Liderança do PSDB no Senado, com alterações/Foto: Gerdan Wesley)

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9 abril, 2014 Últimas notícias Sem commentários »

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