Embate


Questionado por tucanos em audiência, ministro Gilberto Carvalho se esquiva de acusações

A oitiva do ministro Gilberto Carvalho na Comissão de Segurança Pública da Câmara foi marcada pelo embate entre deputados da oposição e o titular da Secretaria Geral da Presidência da República. Os parlamentares levantaram uma série de questionamentos sobre condutas e acusações que pesam contra o ministro.

Entre elas, a de que teria mandado confeccionar dossiê contra adversários petistas, como o governador de Goiás, Marconi Perillo, de recolher recursos públicos da prefeitura de Santo André (SP) para alimentar campanhas petistas e de que havia criticado a Polícia Militar do Distrito Federal por intervir em manifestação do Movimento sem Terra que deixou mais de 30 feridos em Brasília em fevereiro. O ministro teria acusado a PMDF de agir de forma truculenta em conflito causado por membros do MST.

Ao se referir a Tuma Júnior, o líder da Minoria, deputado Domingos Sávio (MG), afirmou que a origem da discussão estava em acusações feitas por alguém que foi de total confiança do governo Lula e exerceu função próxima ao ministro.  Tuma Júnior, que foi secretário nacional de Justiça do governo Lula, faz uma série de denúncias que envolvem Gilberto Carvalho em livro de sua autoria.   “São acusações que precisam ser consideradas e apuradas”, disse. O tucano contestou a defesa de Carvalho e disse que as acusações que pesam contra o ministro referem-se desde sua atuação na prefeitura de Santo André. “Os tempos são outros, mas os problemas continuam. No microfone, para o público, está tudo sendo investigado, mas na prática não é assim”, apontou.

A deputada Mara Gabrilli (SP), filha do falecido empresário Luiz Alberto Gabrilli, do setor de transportes de Santo André, disse que seu pai foi extorquido durante o governo do prefeito Celso Daniel e relatou acontecimentos da época que corroboram para as polêmicas declarações de Tuma Júnior no livro “Assassinato de Reputações – Um Crime de Estado”.

“Eu queria entender por que o senhor sempre foi conhecido na cidade como o ‘homem do carro preto’, que era a pessoa que pegava o dinheiro extorquido do transporte público e do serviço de limpeza urbana para levar a José Dirceu. Só depois eu fui entender que o dinheiro era para alimentar campanhas”, disse a deputada ao ministro. Ele negou envolvimento no esquema de corrupção da prefeitura, que culminou no assassinato do prefeito.

Otavio Leite (RJ), um dos requerentes da audiência pública, disse que as informações contidas no livro de autoria de Romeu Tuma Junior causaram espanto por revelarem “diálogos, encontros e engrenagens preparadas com objetivos políticos claros”. Tuma Junior acusa Carvalho de ter pedido, à época, para que ele elaborasse dossiê contra adversários do PT. Perillo teria sido um dos alvos de Carvalho. O próprio presidente Lula estaria por trás do pedido. O ministro negou as acusações e disse que irá processar Tuma Junior “no momento adequado”.

Abandono no campo – O deputado Nilson Leitão (MT) afirmou que são muitas as evidências sobre a existência de dossiês no governo Lula. O tucano rebateu as declarações de Carvalho em defesa de pequenos produtores rurais e afirmou que os assentamentos do governo federal criados para os agricultores são verdadeiras “favelas rurais”. Leitão contestou críticas do ministro à atuação da PM durante a manifestação do MST  e ressaltou que o próprio governo estava bancando o evento com recursos públicos. Durante o ato, houve até uma tentativa de invasão do Supremo Tribunal Federal (STF), também negada pelo ministro.

Em resposta ao deputado, Carvalho mais uma vez negou as acusações, disse que houve “erro de comunicação” e por isso ocorreu o confronto entre PMs e militantes do MST. Ao ser instigado pelo tucano sobre uma possível proteção feita pelo Planalto ao movimento e outras organizações , como os black blocks, Carvalho disse que a atuação da pasta tem evitado a ampliação dos conflitos e que sua secretaria “se orgulha de alinhar aqueles que foram excluídos”.

Apesar do discurso em defesa das minorias, os pequenos agricultores estão relegados ao abandono e só contam com o socorro das prefeituras e da sociedade.  “Essa preocupação de democratizar o uso da terra na prática não existe. Eu quero levar o senhor nos assentamentos do Mato Grosso, Pará, Rondônia e lhe mostrar que eles não funcionam. O MST tem uma motivação sim dentro do governo. Isso é inegável”, apontou o deputado que teve que subir o tom diante da tentativa de deputados do PT de impedi-lo de questionar o ministro.

Assista a intervenção de Mara Gabrilli:

 (Reportagem: Djan Moreno/ Fotos: Alexssandro Loyola)

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9 abril, 2014 Últimas notícias 2 Commentários »

2 respostas para “Embate”

  1. rubens malta campos disse:

    O caminho é esse: bater forte no PT.As rachaduras já começam a aparecer.Veja a nova
    postura do Lula em assumir a “proteção” à Dilma.

  2. Ises Ramos disse:

    É preciso,sim,escancarar as mazelas petistas e escancará-las ao máximo!

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