Governo sem planejamento


Em seminário do ITV, tucanos fazem diagnóstico do setor elétrico e apontam alternativas

Seminário promovido pelo Instituto Teotônio Vilela (ITV) nesta terça-feira (8) reuniu alguns dos maiores especialistas no setor elétrico que traçaram um panorama da crise enfrentada pelo país e apontaram caminhos para salvar o setor de um agravamento dos problemas. Deputados do PSDB participaram do encontro, que servirá como norteador para propostas do partido.

Comentarista do evento, o deputado José Aníbal (SP) defendeu pressão junto ao governo  para que promova incentivos à redução do consumo. “Falta humildade básica de vir a público dizer aos cidadãos que é preciso economizar energia. São incapazes de fazer isso. Não há planejamento nenhum. Me assusta o que estão fazendo”, disse o tucano, que retornou à Câmara, após atuar como secretário de Energia do estado de São Paulo.

Play

Segundo o parlamentar, é cinismo do governo deixar para aumentar as tarifas apenas em 2015, após as eleições, sendo que há uma crise em curso. “Mais de R$ 200 bilhões de ativos já foram perdidos, considerando o setor sucroalcooleiro, Petrobras e energia”, disse. Para o deputado, o leilão do campo de Libra foi vergonhoso e arrecadou valor irrisório. Na sua avaliação, resta ao Congresso “tentar sensibilizar o governo para ter mais sensatez e controlar o consumo”.

A falta de planejamento é um dos maiores males da gestão petista e atinge em cheio o setor energético. “Não se pode acreditar em nada quando se fala de planejamento estratégico desse governo para o setor de energia”, apontou, ao destacar que não acredita em uma mudança de conduta por parte da gestão Dilma.

Na abertura do seminário, o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), disse que é obrigação do partido apresentar propostas claras de superação de crises e de inicio de um novo ciclo de desenvolvimento sob a ótica dos grandes temas que perturbam a nação. Segundo ele, o aparelhamento e a falta de visão de meritocracia fizeram com que instituições e empresas virassem moeda de barganha, como foi o caso da Petrobras e da Eletrobras. “O papel do PSDB é resgatar o Estado de grupos de poder que dele se apropriaram. As ideias levantadas nesse evento serão a base daquilo que o PSDB apresentará aos brasileiros. Estamos fazendo o que poucos partidos fazem: apresentar uma nova agenda que traga novamente ao país a credibilidade e o coloque no caminho do crescimento”, disse.

O presidente do ITV, ex-deputado Luiz Paulo Vellozo Lucas, afirmou ser evidente que o setor de infraestrutura tem sido vítima de um governo sem visão ou planejamento. Segundo ele, o governo petista executa mal desde as mais simples ações, como a concessão de uma rodovia, até as mais complexas, como cuidar de setores como o de energia.

Cláudio Sales, do Instituto Acende Brasil, afirmou que o Operador Nacional do Sistema (ONS) já não dispõe de mais nenhum recurso para suprir o baixo nível dos reservatórios. Diante da reduzida produção de energia pelas hidrelétricas, Sales afirma que só há duas alternativas: chuvas, com as quais não se pode contar, ou redução do consumo, que o governo não tem coragem de incentivar.

Já Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), afirmou que o setor energético foi um dos que mais sofreu com o governo Dilma. O especialista lembrou frases de Lula e Dilma desmentidas pelos fatos. Em dezembro de 2012, por exemplo, a presidente falou que era “ridículo alguém dizer que o Brasil corre risco de racionamento”. Pires citou a estagnação da produção, a importação de gasolina para mostrar que a presidente estava equivocada.

Elena Landal, do ITV-RJ, conclamou os presentes: “Vamos salvar o setor elétrico da Dilma”. Landal afirma que falta diálogo com as associações, a quantidade das reservas é escondida e falta transparência. Segundo ela, a presidente está deixando uma herança maldita. Em sua avaliação, os problemas atuais são mais graves que os de 2001, quando o país passou por racionamento de energia. “O problema vai muito além do setor elétrico. O novo governo vai ter que recuperar a confiança da sociedade nas instituições para que os investidores voltem a investir”, afirmou. Para Landal, uma das maiores preocupações é a manipulação de preços praticada pelo governo.

 (Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Kim Maia)

Compartilhe:
8 abril, 2014 Últimas notícias 1 Commentário »

Uma resposta para “Governo sem planejamento”

  1. rubens malta campos disse:

    As conclusoes do seminário iluminam a grave situação que o PT nos levou.Elas deverão ser bem esmiuçadas e bem simplificadas para serem usadas na campanha presi-dencial.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *