Só piora

Onda de denúncias de corrupção na Petrobras afoga governo Dilma e reforça CPI

Nem as táticas palacianas nem a numerosa patrulha governista no Congresso Nacional conseguem conter a onda de denúncias que reforçam a instalação da CPI da Petrobras. No fim de semana, revistas de circulação nacional detalharam os esquemas de corrupção montados pelo PT e aliados na empresa que já foi orgulho brasileiro. 

Oposição vai ao STF às 11h –  “Pagamento de propinas, a participação de um doleiro velho conhecido da Justiça e a prisão de um ex-diretor da estatal fazem parte de um triste enredo”, afirmou o líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), em sua página no Facebook.  “Como imaginávamos, o escândalo da compra da refinaria de Pasadena, que causou um rombo de R$ 2,3 bilhões à Petrobras, era apenas a ponta do novelo”, completou. Em visita a Porto Alegre nesta segunda-feira (7), o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), disse que é uma vergonha a manobra do governo de tentar barrar a comissão de inquérito. Amanhã, às 11h, a oposição irá ao STF para garantir o direito de criar a CPI da Petrobras por meio de uma mandado de segurança.

Segundo “Veja” e “Época”, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras entre 2004 e 2012, Paulo Roberto Costa, e o doleiro Alberto Youssef, presos na Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, administravam um “seleto clube” de empresas nacionais e estrangeiras que, para prestarem serviços ou venderem produtos à estatal, deveriam pagar uma taxa entre R$ 300 mil e R$ 500 mil, além de repassar uma parte do valor dos contratos para um caixa que era dividido entre intermediários do negócio, diretores da Petrobras e políticos da base governista.

A Polícia Federal conta com farta documentação que comprova o esquema e da qual Paulo Roberto tentou se livrar momentos antes de ser preso, em sua casa, no Rio de Janeiro, há duas semanas. Os papéis já analisados pela PF indicam que as maiores empreiteiras do país e as principais vendedoras de combustível do planeta pagavam comissão para fazer negócio com a Petrobras. Os documentos demonstram ainda a existência de empresas de fachada para receber as propinas e de contas em paraísos fiscais. Até o momento, a PF já identificou aproximadamente R$ 31 milhões em pagamentos com suspeita de ilicitude.

Corrupção generalizada – A revelação do esquema só confirma o que boa parte dos brasileiros pensa sobre a Petrobras. Segundo pesquisa Datafolha realizada na última semana, 78% dos entrevistados dizem que existe corrupção na empresa. Dentro deste contingente, 29% afirmam que a corrupção na estatal é maior do que em outras empresas públicas brasileiras.

Indiferente à opinião pública e à sucessão de evidências de corrupção na empresa, a base governista insiste em impedir a instalação da CPI da Petrobras e apela para inusitadas manobras com o objetivo de desviar o foco das investigações. Na semana passada, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), respondeu a uma questão de ordem formulada pela senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), que perguntava se uma CPI pode investigar mais de um “fato determinado”.

O deputado Antonio Carlos Mendes Thame (SP) chamou atenção para duas das prerrogativas dos parlamentares: proteger o erário e combater a corrupção. Destacou também o alto preço político que o governo deve pagar caso insista em impedir a CPI da Petrobras. “Significa que está querendo esconder alguma coisa. Não está querendo que a população fique sabendo o que verdadeiramente vem ocorrendo de uma forma tão escabrosa nos redutos internos da Petrobras”, disse.

Largada – Ao contrário do que ocorre no Senado, com a base governista mobilizada para melar investigações na estatal, começam amanhã (8), às 10h, os trabalhos da comissão externa da Câmara que vai acompanhar a investigação de denúncias de pagamento de propina da empresa holandesa SBM Offshore a funcionários da Petrobras. O deputado Carlos Sampaio (SP) é um dos titulares da comissão, mas em virtude de problema de saúde o parlamentar não deve comparecer a esta primeira reunião.

(Reportagem: Luciana Bezerra/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Kim Maia)