Quebra de decoro


Oposição pede à Câmara abertura de investigação contra petista André Vargas

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Três partidos de oposição (PSDB,DEM e PPS) apresentaram nesta segunda-feira (7) representação na Mesa da Câmara na qual pedem a abertura de processo de investigação no Conselho de Ética contra o deputado André Vargas (PT-PR) por atos incompatíveis com o decoro parlamentar. Pressionado por uma série de acusações, o petista pediu licença do mandato por 60 dias, mas isso não o livra de ter sua questionável conduta investigada não somente pela Polícia Federal, mas também pelo Poder Legislativo.

Novas denúncias contra petista reforçam necessidade de investigação, avaliam tucanos

A ação destaca uma série de reportagens divulgadas recentemente que mostram a relação estreita entre o petista, que é vice-presidente da Câmara, e o doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal suspeito de participar de esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado R$ 10 bilhões.

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Os partidos querem que Vargas, Yousseff e outros personagens envolvidos nas denúncias sejam ouvidos pelo Conselho de Ética. Além disso, solicitam que sejam requisitadas à Polícia Federal as provas envolvendo o deputado do PT-PR.

Voo em jatinho de doleiro vale R$ 100 mil

Entre as matérias listadas, está o empréstimo de um jatinho do doleiro para que Vargas passasse férias com a família em João Pessoa (PE) em janeiro último. O agendamento do voo ocorreu por meio de troca de mensagens entre os dois. Indagado pela imprensa após a revelação do fato, o petista disse que conhece Youssef há 20 anos. Além disso, alegou ter cometido uma “imprudência”, não sabia com quem estava se relacionando e tampouco teria relação com supostos crimes do amigo. O custo de um fretamento para um voo do mesmo modelo usado pelo petista chega a R$ 100 mil. Vargas foi à tribuna semana passada para se explicar, mas deu informações contraditórias sobre o episódio.

Na avaliação da oposição, por seu caráter incomum e pelo seu elevado valor, o empréstimo do jatinho pode ser interpretado como recebimento de vantagem indevida, procedimento incompatível com o decoro parlamentar e punível com a perda do mandato.

charge-0304Parceria no Ministério da Saúde

A amizade foi muito além deste voo. Outras mensagens interceptadas pela PF mostram uma espécie de “sociedade” entre ambos, como destaca a revista “Veja” desta semana. Entre os temas discutidos pelo celular, estaria assunto de interesse do doleiro no Ministério da Saúde envolvendo a Labogen, que teria sido usada por Youssef para fazer remessas ilegais de US$ 37 milhões ao exterior. Eles inclusive teriam engatilhado um contrato de R$ 150 milhões com o ministério.

Vargas apresenta argumentos frágeis para se defender, como o de que nunca esteve no Ministério da Saúde para tratar desse projeto. No entanto, é desmentido pela própria assessoria da pasta, pois o então ministro Alexandre Padilha teria conversado com o deputado sobre o tema.

Em matéria intitulada “O plano era enriquecer”, “Veja” desta semana traz o que a oposição classifica de “novas e estarrecedoras revelações” a respeito da intermediação realizada pelo deputado petista no ministério para tentar viabilizar a parceria entre o órgão e o Labogen.

O site da revista também traz mensagens nas quais o petista reclama que “consultores” não estariam sendo  remunerados, o que constituiria um “poderoso indício” da “existência de uma sociedade secreta entre o doleiro e Vargas.

“Pelo exposto, pode observar-se que a cada reportagem publicada novas luzes vão sendo lançadas sobre o caso e a relação entre o deputado André Vargas e Alberto Youssef vai ganhando contornos cada vez menos republicanos”, diz trecho da representação.

Além dos negócios no Ministério da Saúde, as mensagens entre os dois também trariam informações valiosas sobre o programa “Minha Casa, Minha Vida”, cujo relator foi justamente André Vargas, na Câmara. Tal conduta pode ser interpretada como prática de irregularidades graves no desempenho do mandato, o que também constitui procedimento incompatível com o decoro. Isso porque tais informações e o eventual acesso privilegiado a autoridades do ministério foram conseguidas apenas e tão somente em função do exercício do mandato de deputado .

(Da redação/Foto: Alexssandro Loyola/ Charges: Fernando Cabral)

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7 abril, 2014 Últimas notícias Sem commentários »

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