Parceria suspeita
Novas denúncias contra petista reforçam necessidade de investigação, avaliam tucanos
O surgimento de novos indícios da parceria do 1º vice-presidente da Câmara, André Vargas (PT-PR), com o doleiro preso Alberto Youssef apenas reforçam a necessidade da abertura de um processo contra o petista na Casa, avaliam deputados do PSDB.
Numa troca de mensagens entre o petista e o doleiro captada pela Polícia Federal e revelada pela revista “Veja”, por exemplo, Youssef diz a Vargas que os negócios suspeitos iriam garantir a “independência financeira” dos dois. Em outra, o doleiro diz que precisa de ajuda para resolver problemas financeiros, e o deputado afirma: “Vou atuar”. Outras mensagens mostram que Vargas chegou a cobrar dinheiro do doleiro.
“Nós já tínhamos indicações claras de quebra de decoro com a viagem no jatinho. Agora, a situação assume uma nova dimensão e a gravidade das ocorrências vai ser incluída na representação”, disse ainda no fim de semana o líder do PSDB na Câmara, deputado Antonio Imbassahy (BA). A representação foi apresentada na tarde desta segunda-feira. Segundo ele, só o fato de Vargas ter viajado em avião pago pelo doleiro – preso pela PF na operação que investiga lavagem de dinheiro na Petrobras -, já configura recebimento de vantagem indevida e quebra de decoro, punível com a perda de mandato.
As novas evidências da “sociedade” entre o petista e o doleiro somam-se a outras que mostram o uso da influência de Vargas no governo em benefício do parceiro. Para Imbassahy Vargas não tinha mais condições de permanecer na Vice-Presidência da Câmara. “Para lembrar, André Vargas é o mesmo que, na sessão de abertura dos trabalhos do Congresso, desrespeitou o presidente do STF, Joaquim Barbosa, ao fazer o mesmo gesto de punhos cerrados dos mensaleiros presos”, lembrou o tucano.
Para o deputado Nilson Leitão (MT), as evidências são muitas e falam por si só. Na avaliação dele, se o petista “tiver um pouco de senso e responsabilidade, irá renunciar ao mandato”. Pelo Facebook, a deputada Mara Gabrilli (SP) demonstrou indignação com a forma como Vargas negociava contratos no governo em beneficio próprio, sobretudo por se tratar da área da saúde. “Quem desvia dinheiro da saúde é assassino em massa!”, publicou a deputada. “Se lhe restar um mínimo de dignidade e respeito à sociedade, ele deve renunciar ao cargo de deputado. Caso contrário, lutaremos para que tenha seu mandato cassado. Esperamos que ele, que é homem de confiança de Lula e Dilma, não siga os mesmos caminhos de seus colegas partidários, dizendo que ‘não sabe de nada’. Deixemos à Justiça o dever de levá-lo à prisão, lugar que todo corrupto merece estar”, completou.
A deputada também destacou uma série de erros ligados ao petista, como lembrado por “Veja”. “A revista traz também um prontuário pessoal e político de coisas erradas para André Vargas responder. Censura à imprensa, chantagem, envolvimento com lobistas, doleiros e empreiteiros corruptos”. E lembrou o episódio desrespeitoso no qual o petista desrespeitou o presidente do STF e disse que tinha “vontade de dar uma cotovelada” em Joaquim Barbosa.
(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Kim Maia)
Texto atualizado às 16h30
Qual é a diferença entre o “caso Vargas” e o do Demostenes Torres? Pois é,nenhuma.
Cassação nele!