Renovação necessária, por Bruno Araújo


Como consequência natural de suas origens modernas e claramente opostas aos envelhecidos agrupamentos oligárquicos cuja visão e missão equivocadas limitam-se unicamente ao controle centralizador do poder a qualquer custo, o PSDB depara-se com um estimulante desafio muito pertinente à social democracia: abraçar e dar consequências às causas e aspirações mais nobres de uma sociedade que foi às ruas para reclamar serviços de boa qualidade, ou de “padrão Fifa”, como contrapartida da carga tributária que sobre ela incide ao modo de um inaceitável instrumento confiscatório.

Núcleo do pensamento social e econômico que alavancou o Brasil a partir dos anos 80, retirando-o da letargia e de uma inflação de mais de dois mil por cento ao ano, o PSDB está revigorado e pronto para continuar oferecendo novas contribuições à população. Para isso sobram-lhe créditos graças ao ineditismo com que lançou através do bolsa escola as bases de um projeto social de grande amplitude, abraçado pelo próprio PT que o batizou de bolsa família e o estendeu com outras siglas, beneficiando-se eleitoralmente da ferramenta que livraria o Brasil da convivência com os enclaves da miséria.

Graças a um conjunto de decisões e de programas de vanguarda o PSDB redesenhou a feição do Brasil, tornando-se hoje um dos maiores polos preconizadores de mudanças e o maior partido de oposição ao atual governo, conquistando o respeito através de uma linha programática nivelada aos mais avançados modelos de gestão pública da atualidade.

Em nossas observações, que de resto convergem num sentido mais amplo para o sentimento das ruas, verificamos, entretanto, que o visível desgaste da atividade política em nossos dias decorre inegavelmente da má condução da administração pública, dos escândalos protagonizados paradoxalmente por figuras que deviam oferecer exemplos mas ao invés disso são condenadas pela Justiça, flagradas em situações vexatórias de agressão às normas constitucionais e éticas incabíveis na administração da república. Faz-se, portanto necessário que se resgate, perante a sociedade, o verdadeiro sentido da política como instrumento de ação e de defesa dos elevados interesses da nação, o que não é uma tarefa tão simples diante do tamanho do estrago causado por muitos detentores do poder.

Move-nos a necessidade de promover uma espécie de oxigenação dos partidos políticos, inclusive no PSDB. Após quatro mandatos, todos por esse mesmo partido e com quase 20 anos de filiação, líder na Assembleia Legislativa e na Câmara dos Deputados tive a honra de ser escolhido seu presidente em Pernambuco, ocupando a cadeira de, seguramente, um dos mais brilhantes parlamentares do seu tempo, o nosso ex-presidente nacional do partido, Sérgio Guerra.

Como o caminho mais adequado ao enfrentamento das adversidades que desacreditam a classe política, temos que abrir as portas do PSDB para que novos quadros nele ingressem e dessa forma saiam da condição de meros críticos do panorama nacional e passem a ser personagens da história que estamos escrevendo para consolidar o Brasil como uma nação que tenhamos orgulho de nela viver. O desgaste da atividade política que muitas vezes inibe a inserção de novos e importantes quadros capacitados por suas ricas experiências em atividades privadas e sociais, leva ao imobilismo político. E se não estimularmos essas camadas para que se filiem aos partidos e disputem eleições, fatalmente estaremos condenando a nação a eleger sempre “os mesmos” por falta de novas opções aos eleitores. Fica, portanto claro que em nossas imersões para logramos bons frutos devemos visar à sensibilização de novos valores, oriundos de todas as camadas da nossa sociedade, convencidos de que eleições verdadeiramente participativas passam necessariamente pela oxigenação dos partidos políticos cabendo novamente ao PSDB oferecer um novo salto qualitativo de ideias e ações ao povo brasileiro.

 (*) Bruno Araújo é Deputado federal, vice-presidente nacional do PSDB e presidente da legenda em Pernambuco. Jornal do Commercio

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6 abril, 2014 Artigosblog Sem commentários »

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