Democracia em risco

Tucanos condenam ataques de petistas a deputada venezuelana cassada

Após ouvirem declarações da deputada venezuelana María Corina Machado, que teve o mandato cassado pela Assembleia Nacional da Venezuela, parlamentares do PSDB reafirmaram a necessidade de posicionamento do Brasil em relação aos conflitos no país vizinho. Durante passagem pela Câmara nesta quarta-feira (2), a parlamentar recebeu a solidariedade de deputados da oposição. Ela chegou a ser atacada verbalmente no plenário por petistas defensores do autoritarismo do governo de Nicolás Maduro.

Em reunião fechada com integrantes da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, María Corina explicou que a Venezuela, com uma inflação oficial de 54%, vive clima de total insegurança e domínio dos poderes públicos por agentes civis e militares cubanos. Ela afirmou que cerca de duas dezenas de generais cubanos atuam em toda a estrutura do Estado, incluindo as Forças Armadas. Ressaltou ainda que o narcotráfico está presente dentro e fora do governo.

O presidente do colegiado, deputado Eduardo Barbosa (MG), disse que os relatos de Corina geram preocupação. O tucano convidou a venezuelana para participar de audiência pública sobre a atual situação da Venezuela. Em data a ser definida, a reunião deve contar com a participação de um defensor do governo de Maduro.

 “A partir dessa audiência, com os contraditórios, a comissão se posicionará diante de requerimento já existente em relação ao que aquele país está passando. A votação de qualquer moção será precedida dessa audiência”, explicou o tucano, ao mencionar moção de repúdio apresentada pelo deputado Antonio Carlos Mendes Thame (SP).

Barbosa afirma que o autoritarismo vigente na Venezuela é uma ameaça aos países vizinhos. “A situação daquele país não é nada boa e precisamos nos aprofundar nessa questão”, afirmou.

O deputado Duarte Nogueira (SP), que também acompanhou a visita de María Corina, defendeu o direito da convidada de se expressar e buscar no Parlamento brasileiro um posição democrática. “Ela veio aqui exercer seu direito como cidadã da Venezuela, ex-deputada, cassada, oprimida, e é muito triste ver o PT, que antes se intitulava defensor da democracia, hoje defender posturas autoritárias e antidemocráticas”, criticou.

O tucano afirmou que a péssima administração do Brasil põe em risco a democracia e pode caminhar, como na Venezuela, para o populismo e autoritarismo.  Nogueira afirma ser preciso alertar a sociedade, não só do Brasil, mas do mundo, sobre os males que a falta de liberdade leva a qualquer nação. Um exemplo é o sofrimento do povo venezuelano.

Petistas hostilizam presença de parlamentar do país vizinho no plenário da Câmara.

“É importante que saibamos defender com unhas e dentes que o Brasil não se contamine com esse populismo autoritário que cresce na Venezuela com o apoio de grande parte de PT, que não entende que a democracia é uma planta tenra que deve ser regada permanentemente. Eles possuem apenas a visão da manutenção do poder”, lamentou.

Na reunião com os deputados, María Corina disse ter ficado surpreendida pela decisão do embaixador do Brasil na Organização dos Estados Americanos (OEA), de impedir que ela falasse. “O mais duro de tudo foi o que fez o embaixador do Brasil. Foi o mais doído”, revelou. Como ela não pôde falar como parlamentar da Venezuela, discursou no tempo cedido pelo representante do Panamá na OEA. Por conta disso, teve o mandato cassado. O diplomata Breno Dias da Costa atua como Representante Interino do Brasil na organização.

Durante sua passagem pela Câmara, María Corina foi acompanhada ainda pela presidente do PSDB-Mulher no DF, Sandra Quezado.  “Fizemos questão de homenageá-la com uma flor, para simbolizar nosso apoio à luta das mulheres por liberdade e democracia. Todas as vezes que uma mulher vier ao Congresso reclamar por esses valores, estaremos presentes”.

(Reportagem: Djan Moreno/ Fotos: Gustavo Lima – Câmara dos Deputados/ Áudio: Hélio Ricardo)