Lembrar e refletir


Cinco décadas do golpe militar: Brasil venceu um ciclo e caminha para a democracia desejada, diz Leitão

10950083624_f69cdfb1c0_hA Câmara realiza a partir desta semana uma série de eventos para lembrar a luta pela redemocratização do Brasil e a resistência à ditadura militar, que durou mais de duas décadas. As ações fazem referência aos 50 anos do golpe militar que levou o país ao regime de exceção em 31 de março de 1964. Para o deputado Nilson Leitão (MT), trata-se de um importante momento para refletir sobre um momento da história que os brasileiros não querem reviver.

“É um momento para se comemorar um ciclo que o Brasil venceu, mas é também para se refletir sobre a democracia que vivemos hoje. Se essa democracia da aparelhagem e da ‘verdade’ que o governo tenta nos impor é realmente a queremos”, disse.

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Os trabalhos serão iniciados nesta terça-feira (1º), às 9h30, com uma sessão solene no Plenário Ulysses Guimarães a pedido da deputada Luiza Erundina (PSB-SP). Entre os principais convidados para a solenidade está Maria Thereza Goulart, viúva do ex-presidente João Goulart, cuja cassação abriu caminho para a ditadura.

Durante a cerimônia, a Câmara irá inaugurar uma agenda de eventos políticos, culturais e educativos que se estenderá até o fim de 2014: é o “Ano da Democracia, da Memória e do Direito à Verdade”. No mesmo dia será aberta a exposição “Instituições Mutiladas, Resistência e Reconstrução Democrática (1964-2014)”, no corredor de acesso ao Plenário. Uma mostra sobre instituições atingidas pelo governo militar e a resistência à ditadura na luta pela reconstrução da democracia.

Para o tucano, essas ações são importantes para que o Congresso homenageie os que resistiram à ditadura e busque para o futuro a democracia cada vez mais plena.

“Hoje não temos mais a ditadura militar, nem a luta armada. A democracia quebrou paradigmas, mas o atual governo impõe certas obrigatoriedades e não deixa muitas opções. Congresso acaba sendo cooptado pelo governo. A forma como a mídia é usada para os seus informes publicitários é uma maneira de corromper a verdade. É o uso do dinheiro público para benefício do poder, uma ditadura velada”, apontou.

O presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), afirma que o regime de exceção foi na verdade um tempo perdido para o Brasil. “Quando olhamos para trás, podemos imaginar que país o Brasil seria se não nos tivessem tirado duas décadas de democracia. E hoje, que alto preço o país terá que pagar por tanto tempo desperdiçado em decisões adiadas ou equivocadas? O que tem custado aos brasileiros a falta de coragem das autoridades em fazer o que precisa ser feito? Custa mais do que gigantescos prejuízos econômicos. Custam esperanças, oportunidades e sonhos. Custa o futuro”, afirmou em artigo divulgado pela “Folha de S.Paulo”.

Pesquisa do instituto Datafolha mostra que a cultura da democracia é forte entre os brasileiros. A maioria é contra a tortura sob qualquer pretexto (73%), entende que os direitos humanos devem valer para todos (64%), é a favor do voto de analfabetos (77%), e por mais participação dos cidadãos, menos tecnocracia, entre outros resultados.

 “Ainda temos muita estrada para caminhar e chegar à democracia que realmente os brasileiros querem. Nosso sistema presidencialista precisa ter mais ética e de fato ser democrático. Tem que aceitar críticas, aceitar o contraditório e não pode ter medo do debate”, alertou Nilson Leitão.

Entre os eventos que serão realizados pela Câmara estão previstos ainda apresentação de quatro documentários pela TV Câmara e a reinstalação da subcomissão denominada Comissão Parlamentar da Verdade pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias. O colegiado foi criado em 2012 e devolveu simbolicamente os mandatos dos 173 deputados federais cassados pelo regime de exceção.

Tucanos: data é lembrada para jamais ser repetida

“Nasci depois do golpe militar. Não vivi os anos sombrios, mas hoje, cinquenta anos depois, sei o quanto o Brasil deve lembrar desta data. As lições deste período devem ficar para gerações que viveram nesta época e as seguintes, como a minha. Viva a democracia!”
Deputado Bruno Araújo (PE)

“Lembramos os 50 anos do Golpe de 64 e, com muita gratidão, reconhecemos a resistência à ditadura e a luta pela democracia de tantos brasileiros, especialmente aqui na capital federal.”
Deputado Luiz Pitiman (DF)

“Golpe Militar de 64! Por que lembrar? Para que essa página nunca mais seja escrita na nossa história. Para que as novas gerações saibam o mal que traz uma ditadura.”
Deputado Otavio Leite (RJ)

(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Hélio Ricardo)

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31 março, 2014 Últimas notícias 1 Commentário »

Uma resposta para “Lembrar e refletir”

  1. Estamos vendo, nos últimos dias, uma pequena amostra do que foi os anos 60: Quebra -quebra, assalto a banco, greves, falta de alimentos, Black bloc etc.
    Toda ação gera uma reação. Imaginem se não houvesse intervenção militar? Imagine se o golpe dos comunistas tivesse dado certo? Quantos estariam mortos ou até hoje presos nas masmorras dos comunistas? Eles são democráticos enquanto não estão no poder.
    Ditadura nunca mais, nem de direita muito menos de esquerda!

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