Governo não faz a lição


Para Nogueira, pesquisas traduzem insatisfação da sociedade com falta de investimento na saúde pública

11073048045_3119c0e3de_hO deputado Duarte Nogueira (SP) afirmou nesta segunda-feira (31) que a percepção dos brasileiros do caos da saúde pública se deve à falta de investimentos e de políticas públicas sérias. Pesquisa Datafolha contratada pela Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma) revela que 45% das pessoas identificam a saúde como principal problema do país. Desde 2008, a área é vista como a mais deficiente.

“O que há é falta de planejamento e de uma política pública eficiente para a saúde, o que realmente gera todo esse caos e a preocupação da sociedade, que não enxerga os avanços porque eles não chegam”, alerta o tucano.

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Nem a soma das cinco outras áreas lembradas como problemáticas pelos entrevistados consegue superar os 45% da saúde: segurança (18%), corrupção (10%), educação (9%), desemprego (4%) e miséria (2%). Há 11 anos, a saúde era a maior preocupação apenas para 6% dos entrevistados. Nogueira acredita que a percepção da sociedade mudou porque a qualidade dos serviços caiu. Nos três governos do PT, as melhorias e investimentos na saúde foram deixados de lado.

Diante disso, 62% das pessoas consideram a saúde no Brasil ruim ou péssima. A insatisfação é ainda mais acentuada nas cidades com mais de 500 mil habitantes (70%) e regiões metropolitanas (68%). Na semana passada, levantamento da CNI/Ibope mostrou que 77% das pessoas estão insatisfeitas com as ações do governo na área.

“O governo federal, apesar da propaganda, investe cada vez menos na saúde. No ano passado chegou a fazer a famosa contabilidade criativa, reteve recursos da área e não investiu para fazer superávit primário”, lembra Nogueira. O tucano ressalta ainda que nos últimos dez anos a gestão do PT não reajustou a tabela do SUS. Assim, ele não remunera adequadamente os hospitais filantrópicos e as santas casas, e gera um desequilibro nessas instituições parceiras.

Para camuflar os problemas, o governo lança ações paliativas e muitas vezes com cunho eleitoreiro, como o Mais Médicos. O programa é muito mais uma peça de marketing do que um caminho para sanar os gargalos. “É bom que haja mais médicos, mas que sejam qualificados e preparados. E não como estão tratando os cubanos, que estão sendo subempregados, numa situação de patrulhamento ideológico, cerceando sua liberdade num regime de semiescravidão”, critica Nogueira.

Enquanto contrata médicos estrangeiros, o Planalto deixa de lado ações estruturantes para mudar a realidade dos moradores de regiões distantes e das periferias dos grandes centros. As instalações continuam precárias, os novos equipamentos não chegam e o acesso a leitos e procedimentos de maior complexidade ainda é demorado.

O tratamento da saúde pública pela gestão Dilma fica claro com os números: apenas 10,6% das obras anunciadas no PAC da Saúde foram concluídas.  Das 24.066 ações previstas no programa, metade ainda está no papel, como aponta levantamento feito pelo Conselho Federal de Medicina. Apenas 3% das UPAS – Unidades de Pronto Atendimento – foram entregues. E das 15.638 Unidades Básicas de Saúde(UBS), só 9% foram concluídas.

Nogueira afirma que a cada ano o Planalto tem menos participação nas demandas da saúde e delega a estados e municípios suas obrigações. “O SUS tem que ter a participação da União, dos estados e municípios. Se ele é integral, cada um tem que fazer a sua parte, e o governo federal não faz a dele. Nos últimos dez anos, diminuiu em 11% a sua participação no financiamento do setor”, lamentou.

(Reportagem: Djan Moreno / Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Hélio Ricardo)

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31 março, 2014 Últimas notícias 1 Commentário »

Uma resposta para “Governo não faz a lição”

  1. rubens malta campos disse:

    Deputado, o caos é geral.Não só na saúde pública.Parece-me que a Bovespa já está
    antecipando ao que deverá acontecer em outubro próximo.

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