Câncer da corrupção

Denúncias sobre desmandos na Petrobras surgem a cada dia e reforçam necessidade da CPI, afirma Macris

As informações que surgem a cada dia sobre a má gestão do governo na Petrobras reforçam a necessidade da CPI da estatal. Essa é a avaliação do deputado Vanderlei Macris (SP). A conta do negócio nebuloso envolvendo a refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, chegou a US$ 1,265 bilhão, segundo reportagem do jornal “O Estado de S.Paulo”. A Petrobras pagou US$ 85,14 milhões à Astra Oil em fevereiro de 2007 para garantir à sua então sócia na refinaria de Pasadena um lucro mínimo com o negócio, atendendo à exigência do acordo de acionistas assinado pelas duas empresas no ano anterior. O desembolso elevou o preço final pago pela estatal brasileira na operação do Texas, que era de US$ 1,18 bilhão inicialmente.

“Isso é mais um detalhe desse processo vergonhoso pelo qual passa a gestão da Petrobras perante o Brasil e o mundo. O Brasil ainda vai se deparar com mais informações e detalhes escusos que estão escondidos na Petrobras”, afirmou nesta segunda-feira (31). “Essa CPI tem que ser instalada porque vai extirpar o câncer da corrupção de dentro da Petrobras, utilizada como instrumento de interesses partidários”, completou.

De acordo com o deputado, a presidente Dilma é a maior responsável pelo prejuízo bilionário de Pasadena. “Dilma foi presidente do Conselho de Administração da Petrobras e depois ministra da Casa Civil. Ela tem total responsabilidade pelo que está acontecendo na Petrobras. Ela foi vendida como uma grande gestora que não é. É uma tragédia a gestão de Dilma na Petrobras e no governo nos últimos anos”, disse.

Além disso, nos últimos anos, a companhia tem recorrido a manobras jurídicas, sonegação e atraso de informações para travar a ação do Tribunal de Contas da União (TCU), que vem identificando uma série de problemas nos empreendimentos da estatal, de acordo com a “Folha de S.Paulo”. Para Macris, os desmandos não têm fim.

 “A Petrobras engana, cria obstáculos para uma prestação de contas mais aberta, utiliza-se de artifícios contábeis para poder enganar a sociedade e os acionistas em relação à incompetência de gestão do governo”, disse.

A polêmica compra da refinaria de Pasadena é um dos casos que estão no radar do TCU. Autor da denúncia que originou as apurações, o procurador Marinus Marsico, pediu em 2012 documentos para fazer a análise da compra. No entanto, a Petrobras deixou de encaminhar vários atos solicitados.

Dentre os maiores focos de atrito entre a estatal e o TCU, estão as obras de refinarias. Segundo o tribunal, todas as quatro novas refinarias previstas pela empresa apresentam irregularidades na execução, desde erros de planejamento a sobrepreço de insumos e superfaturamento. Os valores contestados pelo órgão nos projetos são da ordem de R$ 2,5 bilhões.

CPI da Petrobras 

Os líderes da oposição voltam a se reunir nesta terça-feira (1º) para discutir a instalação da CPI da Petrobras. PSDB, PPS, DEM e SDD irão revisar o texto da Câmara para deixá-lo igual ao do Senado. Além disso, vão debater sobre a implantação de uma CPI Mista.

Em entrevista ao IG, o líder tucano na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), disse que a tentativa do PT de incluir outros temas na comissão de inquérito não passa de uma tentativa de desviar o foco. “É muito evidente que eles querem desviar o foco de uma investigação de grande importância”, declarou. 

O deputado Izalci (DF) também criticou a intenção do governo de tumultuar a investigação. “A orientação do ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, é de tumultuar o processo. Ora, isso é uma declaração, na prática, de que tem culpa no cartório”, apontou. Para ele, o Planalto quer “anarquizar a CPI”.

(Reportagem: Alessandra Galvão/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Hélio Ricardo)