Promessa esquecida


Carga tributária assustadora e inflação alta corroem renda dos brasileiros, alertam tucanos

Os brasileiros se encontram em difícil posição. De um lado, a carga tributária corroi boa parte da renda das famílias; de outro, a alta dos preços complica a vida do trabalhador. Parlamentares do PSDB voltaram a 9516635241_c21827181e_odefender nesta segunda-feira (24) a necessidade da reforma tributária, antiga promessa de Dilma. Os tucanos alertaram para a escalada da inflação, que, segundo projeções dos economistas, está cada vez mais perto de estourar o teta da meta estabelecida pelo governo.

“Sou favorável à reforma tributária. Assumo o compromisso porque é a reforma das reformas”, afirmou em maio de 2010 a então candidata Dilma durante encontro na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em Brasília. Mas o discurso não virou realidade. Em 2013, a arrecadação de impostos atingiu o recorde de R$ 1,7 trilhão. Os inúmeros impostos se somam às elevadas taxas de juros, que estão entre as maiores do mundo.

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Como se não bastasse, a inflação também atinge o bolso do cidadão. De acordo com o boletim Focus divulgado hoje pelo Banco Central, a previsão dos economistas para o IPCA de 2014 avançou para 6,28%. Isso é bem mais que a meta de 4,5% e bem próximo do teto: 6,5%. Essa é a terceira semana consecutiva em que os analistas elevam as expectativas em torno da inflação. Itens importantes da mesa dos brasileiros subiram muito nos últimos 12 meses, como é o caso das frutas (22%).

11435381236_eb0ae62c1c_kPara os deputados Luiz Carlos Hauly (PR) Raimundo Gomes de Matos (CE), o maior dos problemas está na gestão. Segundo eles, graças à falta de ações corretas o país chegou a um patamar preocupante, no qual o crescimento estimado para 2014 não passa de 1,7%. A demora da reforma tributária e uma série de erros na política econômica, além de problemas com o planejamento e a execução de projetos, resultaram em cenário pessimista.

“A presidente perdeu as rédeas, está sem o controle. Se diz que não tem inflação é porque ela não vai ao supermercado. Todos os dias a gente observa os produtos aumentando de preço, o que gera uma instabilidade. Perdemos uma década na qual poderíamos ter feito as reformas estruturantes, como a tributária”, afirmou Gomes de Matos.

Para o deputado, as ações do Planalto estão, geralmente, na contramão do necessário. Enquanto o controle da inflação exige corte de gastos, o governo aumenta a máquina. Se é preciso ampliar a infraestrutura para alavancar o crescimento, o governo gera entraves com obras paradas e dispendiosas.

“É como estão fazendo com essa questão da energia. Para sanar os problemas, vão na contramão do que a população necessita e aumentam ainda mais os impostos. O PT sempre diz uma coisa e faz outra”, critica.

O país pratica os preços mais elevados do mundo, como mostrou o jornal “Correio Braziliense” no sábado (22). Enquanto um IPhone 5S é vendido nos Estados Unidos por cerca de R$ 1,5 mil, no Brasil, o aparelho pode sair por até R$ 3,6 mil. Com os automóveis a situação é semelhante. Um New Fiesta, que no México sai por R$ 28 mil, custa praticamente o dobro no Brasil: R$ 50 mil. As diferenças são gritantes mesmo com as coisas mais simples. Um Big Mac, que aqui custa mais de R$ 12, na Índia não passa de R$ 1,54.

Na avaliação de Hauly, o governo perde tempo se defendendo de denúncias de corrupção e deixa em segundo plano a condução financeira do país.   “A execução de obras vai mal, o orçamento e as contas externas também, então isso só poderia resultar na perda do controle da inflação. É lamentável, pois esse governo está agonizando. Isso acaba afetando a inflação, pois os agentes do governo não trabalham como deveriam”, disse .

Para o tucano, a situação pode ser ainda pior do que se tem conhecimento. Isso porque, segundo ele, os números do Tesouro são falhos e inconsistentes. Há, em sua opinião, muita maquiagem nos números oficiais.  “A questão da inflação, essa inconsistência dos números, a fraqueza que o governo tem mostrado em sua política econômica, a volta dos juros altos, tudo tem afetado essa inflação quase fora da meta”, alertou.

Nos últimos quatro anos, a inflação oscilou perto de 6%. Em 2010, somou 5,91%, passando para 6,50% em 2011, 5,84% em 2012 e 5,91% no último ano.

Na tentativa de fazer com que a reforma tributária saia da promessa, um grupo de trabalho foi instalado recentemente na Câmara para sugerir e monitorar propostas que já tramitam na Casa com o objetivo de desonerar cidadãos e empresas. O deputado Alfredo Kaefer (PR) é o presidente do grupo.  

-> Nos últimos quatro anos, a inflação oscilou ao redor de 6%. Em 2010, somou 5,91%, passando para 6,50% em 2011, para 5,84% em 2012 e para 5,91% no último ano.

-> Nesta edição do relatório Focus, a projeção do mercado financeiro para a taxa Selic subiu de 11% para 11,25% ao ano. Já a  projeção para o superávit da balança comercial (exportações menos importações) em 2014 caiu de US$ 5 bilhões para US$ 4,71 bilhões.

(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Hélio Ricardo)

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24 março, 2014 Últimas notícias Sem commentários »

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