Desvios de conduta

Coordenador de seminário, Mendes Thame defende união de forças e participação popular contra corrupção

A Organização Global de Parlamentares Contra a Corrupção (Gopac), presidida no Brasil pelo deputado Antonio Carlos Mendes Thame (SP), realizou nesta quarta-feira (19) o Seminário Internacional de Combate à Corrupção. Com a presença de autoridades dos três poderes, da imprensa e de entidades não governamentais, o evento serviu, segundo Thame, como pontapé inicial para uma discussão que deve criar mecanismos capazes de coibir e reduzir os casos de desvios de conduta e de ética que levam ao saque dos cofres públicos.

“Não queremos que isso fique só em um evento. Queremos que seja o início de um processo, que tenha desdobramentos e que nós possamos sair daqui com ideias sobre projetos que ajudem em diversas direções”, afirmou Thame. Para o tucano, é preciso que haja uma grande união de forças entre Legislativo, Judiciário e Executivo somada à indignação social para fazer com que o combate seja mais árduo a toda e qualquer forma de corrupção.

Instituições fortes, leis modernas e uma organização social contra a corrupção são fundamentais, de acordo com o deputado. “Não adianta ter as melhores leis se não tivermos instituições fortes, como também não basta ter instituições fortalecidas sem leis atualizadas. É preciso ainda haver a participação da sociedade como um todo e é nesse sentido que esse seminário também serve: é um instrumento de conscientização política para que a população não aceite a banalização da corrupção, mas perceba os gravíssimos malefícios que a corrupção causa.”

Durante o seminário, ficou clara a necessidade de uma reforma política para que o sistema eleitoral vigente seja aprimorado. De acordo com os debatedores que participaram das discussões à tarde, a reforma é urgente e não encontra apoio porque boa parte da classe política não tem interesse no tema. As propostas geralmente não alcançam o apoio necessário.

Durante o primeiro painel de discussão do Seminário Internacional de Combate à Corrupção, os debatedores citaram a falta de planejamento em empreendimentos públicos, a ausência de legislação e de fiscalização mais rígida e o desinteresse de grande parte da classe política como males que contribuem para os desvios de conduta e de recursos públicos. Já no segundo painel, alguns dos jornalistas mais conceituados do país ressaltaram a importância da imprensa no combate à corrupção.

“O público teria que ser realmente público”, disse o presidente geral da Gopac, o ex-senador mexicano Ricardo Garcia Cervantes, ao fim do evento. Segundo ele, esses seminários nos países servem para compartilhar experiências positivas e exitosas e abre a possibilidade de levar a cabo ferramentas que sirvam a outros governos. “”Estamos atuando em prol do mundo melhor que almejamos”, afirmou.

Mendes Thame destacou ainda que há a possibilidade de se estender o debate realizado na Câmara para os estados. “A discussão tem que continuar. Não podemos ficar só em um evento”, reforçou.

(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio e Vídeo: Hélio Ricardo)