Quando o Parlamento funciona
ITV: Congresso deu mostra do que é capaz quando funciona livre de amarras
O Congresso deu mostra ontem do que é capaz, quando funciona livre de amarras. “A Câmara dos Deputados votou e aprovou proposta importante para a fiscalização de malfeitos relacionados à Petrobras. Fez o que do Parlamento se espera, mas o governo petista insiste em tentar impedir: legislar, pura e simplesmente”, destacou a Carta de Formulação e Mobilização Política desta quarta-feira (12). De acordo com o documento editado pelo Instituto Teotonio Vilela, é salutar que o Legislativo aja com a independência que lhe atribui a nossa Constituição e faça valer suas prerrogativas. Confira a íntegra:
O Congresso deu mostra ontem do que é capaz, quando funciona livre de amarras. A Câmara dos Deputados votou e aprovou proposta importante para a fiscalização de malfeitos e para o aperfeiçoamento das instituições públicas. Fez o que do Parlamento se espera, mas o governo petista insiste em tentar impedir: legislar, pura e simplesmente.
Por ampla maioria, foi aprovada a criação de uma comissão externa para investigar a suspeita de que funcionários da Petrobras tenham recebido propina de uma empresa holandesa que aluga plataformas flutuantes para a estatal, a SBM Offshore. A proposta foi apresentada pelo PSDB, por intermédio do líder da maioria, deputado Domingos Sávio (MG).
É do interesse da sociedade brasileira saber se a maior empresa estatal do país está envolvida em negócios escusos que podem ter lesado o patrimônio público. A suspeita é de que a empresa holandesa tenha incorrido em “práticas comerciais impróprias” e pago propina que pode ter chegado a US$ 139 milhões a funcionários da Petrobras.
Esta é a parte de mérito que interessa na votação realizada ontem em Brasília. Mas há, também, seus ainda mais evidentes efeitos políticos. A proposta tucana – que também já rendeu pedido de investigação protocolado pelo PSDB junto à Procuradoria Geral da República, ontem encaminhado ao Ministério Público Federal do Rio – obteve apoio maciço de partidos até outro dia fielmente alinhados ao governo.
Votaram em peso pela criação da comissão o PMDB, com 58 votos dos 61 deputados presentes na Câmara; o PR, com 23 de 25; o PTB, com o voto favorável de todos os 16 trabalhistas que estavam ontem no plenário; e o PSC, com voto unânime dos seus nove parlamentares presentes. PP, Pros e PDT também apoiaram. No total, a proposta foi aprovada por 267 votos a favor e 28 contrários.
O resultado é sinal mais do que evidente do esgarçamento da aliança em torno de Dilma Rousseff. O resultado aconteceu a despeito de a presidente da República ter gastado horas e horas de conversas com líderes pemedebistas nos últimos dois dias e, ainda, ter despachado alguns de seus principais líderes para negociar balcões de vantagens no Congresso. Fracasso total.
“O que une esta maioria que apareceu no placar eletrônico é a rejeição à ação autoritária da presidente Dilma e, sobretudo, ao projeto de hegemonia do PT, de longo prazo e com objetivos claros de não precisar de apoios para governar o país”, analisa Merval Pereira na edição d’O Globo de hoje.
O Congresso está lotado de temas importantes à espera de decisão. No entanto, nosso Legislativo vive soterrado por projetos do Executivo, enviados a toque de caixa em regime de urgência constitucional, e por medidas provisórias que atravancam a pauta – neste momento, há nada menos que 13 tramitando na Câmara e Senado, das quais nove editadas durante o recesso parlamentar de início de ano.
Infelizmente, porém, a gestão petista considera que o Parlamento deve ser mero carimbador das vontades do governante de turno e busca subjugá-lo na base do toma-lá-dá-cá. Tanto que, ontem, em vias de ver-se derrotado na votação da proposta para investigar as suspeitas sobre a Petrobras, o Planalto mandou avisar que “iria fazer um pente-fino na lista dos deputados que poderiam votar contra o governo e ‘cortar cargos’”, conforme informa a Folha de S.Paulo.
Estes não são os modos que devem nortear a convivência entre poderes de uma república. Mas é assim que o PT entende que devem ser: sempre os subordinando aos interesses e às conveniências de seu projeto de poder. É excelente e salutar para a sociedade que o Legislativo aja com a independência que lhe atribui a nossa Constituição e faça valer suas prerrogativas. A lista de iniciativas a tomar é longa e só está começando: há muito a apurar.
(F0nte: ITV)
Caros Parlamentares
Mas essa atitude não seria a digna de vcs que nos representam em qualquer situação, livre de amarras e troca de favores é para isso que vcs foram eleitos nossos representantes. defender o nosso interesse e não fazer lobs para interesses especificos para não dizer proprios, corrupção existe desde hajam pessoas passiveis de serem corrompidas bem como passiveis de corromperem, infelizmente temos um governo que compra votos a prestação (salarios familia)e uma população de 15 milhoes de familias que nos pagamos e não produzem nada e o que vcs poderiam fazer no sentido de coibirem isso, qdo ensinarmos a pescar e não dermos o peixe certamente a situação vai mudar. Vejam o exemplo do Paraguai, os cometarios do Papa qdo era o então cardeal Bergoglio, na Argentina. realizada pelo jornalista Chris Mathews da MSNBC
O Parlamento tem que continuar fechando o cerco. Não podem ceder as negociatas. Muitos congressistas não sabem o risco que corre o Brasil.