Soberania do país em risco
Deputados e militares criticam sucateamento das Forças Armadas em debate pedido pelo PSDB
Deputados do PSDB e representantes das Forças Armadas alertam para os baixos salários dos militares e a estrutura precária oferecida aos guardiões da segurança nacional. Em comissão geral realizada pela Câmara nesta terça-feira (11), o deputado Izalci (DF) chamou atenção para os riscos do despreparo do setor. “O cuidado com a segurança é imprescindível e, para isso, é necessário investimento em pessoas, equipamentos, pesquisa tecnológica e inovação nas Forças Armadas do Brasil”, ressaltou. O tucano é o autor da proposta da comissão geral.
O líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), ressaltou que a estratégia de defesa é elemento indissociável da política de desenvolvimento econômico e social do país. “É preciso conscientizar toda a sociedade brasileira sobre a relevância dos assuntos de defesa e de eventos como o que realizamos hoje por iniciativa do PSDB, nosso partido. Esses são instrumentos de grande importância”, pediu.
Segundo o tucano, são complexos os desafios que devem balizar as ações na área, tendo em conta a necessidade de garantir ao mesmo tempo a soberania, o patrimônio nacional e a integridade do território. Para ele, as Forças Armadas devem ser fortalecidas e modernizadas, pois a situação atual é lamentável. “Para que essa atuação se dê com cada vez mais autonomia, particularmente em tecnologias sensíveis, é também fundamental desenvolver a indústria de defesa, permitindo impactos positivos para o desenvolvimento de todo o parque produtivo nacional. Isso fortalece a economia, desenvolve tecnologia, avança nas pesquisas, gera emprego e renda”, destacou.
Descaso com os profissionais
O sucateamento dos serviços militares é assunto frequente na imprensa, destacou Izalci. Após a publicação de coluna do jornalista Ricardo Setti na revista “Veja” sobre a frustração desses profissionais, mais de 40 mil militares enviaram relatos do descaso na carreira. Um deles, de um engenheiro formado pelo Instituto Militar de Engenharia (IME), relata que cerca de 50% da turma deixou o Exército. Segundo Izalci, no ano passado 247 capitães e tenentes abandonaram as forças por insatisfação. “Falta no país, principalmente, uma política de recursos humanos no serviço público”, disse.
De acordo com o Ministério do Planejamento, a remuneração dos militares está entre as mais baixas da administração direta. Enquanto as despesas de pagamento com o pessoal da administração direta representaram 1,36% do PIB em 2012, o peso dos militares foi de apenas 0,89%. “O problema não se resume à questão salarial, que por si só já é um enorme problema, mas, principalmente, a dos grandes projetos estratégicos que foram abandonados e estão sendo cortados por falta de recursos”, avaliou.
Para o deputado Domingos Sávio (MG), o governo federal precisa reconhecer e valorizar as Forças Armadas. Ele lamentou o veto da presidente Dilma aos investimentos no Sistema Integrado de Monitoramento de Controle das Fronteiras (Sisfron). O apoio ao serviço poderia salvar várias vidas das drogas que entram pelas fronteiras. “É esse o Brasil que estamos vivendo. O Brasil da insegurança campeã, da violência em todos os cantos, das drogas entrando por todas as fronteiras, e a senhora presidente se nega a investir adequadamente nos recursos humanos das Forças Armadas”, observou.
O deputado Luiz Carlos Hauly (PR) fez críticas à falta de simpatia do ex-presidente Lula e de Dilma pelas Forças Armadas. “É notório isto. Só não enxerga quem não quer. Falo como brasileiro que lutou pela democracia e pela abertura política. Acredito na democracia e na estabilidade econômica. Se quiser destruir uma nação, destrua sua moeda e as suas Forças Armadas”, disse.
O presidente da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional, deputado Eduardo Barbosa (MG), declarou total apoio aos militares. “Isso é um compromisso desta presidência, porque já estabelecemos uma relação muito estreita com as Forças Armadas. Eles estão sempre conosco discutindo os projetos estratégicos, inclusive informando o que acontece no desenvolvimento desses projetos. Isso é um papel da comissão, e temos que aprofundá-lo”, garantiu.
Para a relações públicas da Associação dos Militares da Reserva e Pensionista (Ampar), Rita Siqueira, lamentou o uso político do cargo de ministro da Defesa. “Muitas vezes condenamos os comandantes das Forças Armadas, mas não é por aí. Temos entre os comandantes das Forças Armadas e a presidente Dilma um ministro da Defesa que só leva para a presidente aquilo que interessa a ele. O ministro da Defesa tem que ser uma pessoa que conheça as nossas dificuldades, nossas leis. Não pode ser um cargo político”, alertou. De acordo com a Associação Nacional dos Militares do Brasil, o orçamento do setor deveria subir em R$ 15 bilhões para suprir as atuais demandas.
(Reportagem: Edjalma Borges/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Hélio Ricardo)
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