Ingerência política

Interferência da gestão petista gera prejuízo bilionário para estatais, alertam tucanos

Deputados do PSDB criticaram a interferência do governo nas estatais brasileiras, que custou mais de R$ 180 bilhões. A Petrobras encolheu US$ 137 bilhões, ou 60%, desde o fim de 2010. Em reais, a empresa valia R$ 380,24 bilhões e passou a valer R$ 214,68 bilhões, um tombo de 43%. Já a Eletrobras viu seu valor de mercado em reais cair 63%: de R$ 26,2 bilhões para R$ 9,6 bilhões, do quarto trimestre de 2010 até o último balanço publicado, no terceiro trimestre de 2013. Segundo os parlamentares, essa perda de valor resulta principalmente da ingerência política na gestão das companhias.

Na opinião de Duarte Nogueira (SP), os números são fruto da má gestão das empresas que estão sob o controle do governo. “A atual presidente está tomando decisões temerárias que têm levado essas duas empresas a situações vexatórias. O povo brasileiro, que é o acionista majoritário, tem um enorme prejuízo. Há um vexame internacional pela baixíssima qualidade de gestão que essas empresas estão tendo na mão do governo do PT”, declarou.

O tucano alertou para o endividamento da petrolífera, que cresceu R$ 68 bilhões em 12 meses. “A Petrobras perdeu nas mãos do PT 38% do seu valor de mercado. De 2005 para cá o endividamento da estatal subiu de R$ 47 bilhões para mais de R$ 250 bilhões. A Petrobras hoje é a empresa não financeira mais endividada do planeta”, apontou.

Para Bonifácio de Andrada (MG), a interferência do governo nas empresas é danosa.  “As ingerências políticas têm reflexos na vida financeira e na vida fiscal dessas estatais. Isso é altamente perigoso, porque atrapalha o andamento dessas empresas e faz com que elas não cumpram com seus deveres perante a própria administração nacional”, ressaltou.

Segundo especialistas, a interferência política contribui para o enfraquecimento do mercado de ações, já que essas estatais sempre tiveram boa parte dos negócios. Analistas apontam também a frequência cada vez maior do uso dessas empresas para fins fiscais e monetários pelo governo, o que enfraquece a gestão das companhias e sua sustentabilidade a longo prazo.

Nogueira lembrou que a Petrobras tem sido usada pelo governo para combater a inflação. “Isso inviabiliza economicamente os dados da companhia. Vende-se gasolina mais barato do que se compra lá fora gerando R$ 7 bilhões de prejuízo nesse ano que passou para a Petrobras. Uma hora essa conta vai ser paga pelo contribuinte brasileiro”, destacou. “Com o pretexto de conter a inflação, isso gera um desequilíbrio levando a empresa a uma situação de pré-insolvência, o que é extremamente temerário para o país”, completou.

Já a Eletrobras, de acordo com o tucano, foi prejudicada pela redução das tarifas de energia elétrica. Economistas ouvidos pelo jornal “O Globo” afirmam que a redução de 20% enterrou os planos de expansão da Eletrobras no exterior e qualquer alusão à meta de transformá-la na “Petrobras do setor elétrico”.

Bonifácio de Andrada disse que a gestão petista prioriza os interesses partidários em detrimento do interesse público. “Vivemos hoje no Brasil um governo autocrático voltado para metas político-partidárias para se manter no poder, não demonstrando nenhum interesse com o bem público e com o bem-estar dos brasileiros”, ponderou.

Os números

R$ 182,16 bilhões
É o valor que Petrobras e Eletrobras perderam desde 2010.

R$ 300,2 bilhões
É o volume de dívidas das estatais (Petrobras, R$ 267,8 bi, e Eletrobras, R$ 32,4 bi).

R$ 68 bilhões
É quanto cresceu o endividamento da Petrobras em 12 meses.

0,71% 
É o déficit primário das duas estatais do Produto Interno Bruto (PIB) no ano passado.

(Reportagem: Alessandra Galvão/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Hélio Ricardo)