Diplomacia falha


Crise na Venezuela: para Colnago, postura de ex-presidentes latinos serve de exemplo para Itamaraty

cesar colnagoFernando Henrique Cardoso e outros três ex-presidentes latino-americanos divulgaram carta na qual criticam a condução, por parte do governo da Venezuela, da crise política no país. Segundo os políticos, as manifestações estudantis contra o regime de Nicolas Maduro têm sofrido repressão desmedida. Os estadistas cobram diálogo e busca por pacificação dos conflitos. O deputado Cesar Colnago (ES) avaliou o documento assinado pelos ex-presidentes como exemplo para o governo Dilma, que preferiu, até o momento, lavar as mãos e ignorar sua posição de liderança regional na América Latina para não melindrar o sucessor de Hugo Chávez.

Assinada também pelo ex-presidente da Costa Rica Oscar Arias Sánchez; pelo ex-presidente do Chile Ricardo Lagos e pelo ex-presidente do Peru Alejandro Toledo, a carta diz que as manifestações estudantis contra o governo “têm sido objeto de uma repressão desmedida por parte das forças de segurança e de ataques por parte de grupos armados ilegais”. Segundo o texto, “estes fatos estão na origem de uma alarmante escalada de violência e de uma rápida deterioração da situação dos direitos humanos no país”.

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Manifestantes que pedem mudanças e outros que exigem a renúncia de Maduro têm realizado protestos e montado barricadas há semanas, resultando em confrontos com as forças de segurança e com apoiadores do governo. O presidente determinou a milícias para reprimirem os protestos de opositores. Enquanto isso, o governo brasileiro mantém regulamentar distância do problema. O assessor especial de Dilma Rousseff, Marco Aurélio Garcia, foi até o país vizinho e disse que há “exagero” no noticiário sobre a crise.

Para Colnago, está claro que a pluralidade e liberdade de expressão no país vizinho sofrem severas restrições. Na opinião do deputado, ao invés de se buscar a pacificação há uma tentativa de estimular conflitos, dificultando a busca da paz. “Pior que isso é o Brasil, como líder regional, lavar as mãos e não se posicionar claramente a favor de que os estados pratiquem a democracia. Não se pode curvar a regimes totalitários que não respeitam a liberdade e a convivência democrática”, reprovou nesta sexta-feira (7).

O parlamentar avalia que há um erro na postura da política de relações exteriores brasileira. “O Itamaraty devia ter posição mais nítida em torno das instituições da democracia, e não de um perfil no qual a força é que faz o comando de um país. Não tem que fazer política de baixa qualidade, onde prevalecem outros interesses e se omite questões tão importantes”, aponta.

Na carta assinada por Fernando Henrique e pelos outros ex-presidentes, há ainda uma cobrança pela criação de condições propícias para um debate e um chamamento à comunidade internacional para que se junte a um esforço concertado em prol do fortalecimento da democracia e da preservação da paz na Venezuela. Para Colnago, é esse tipo de postura que se espera de países próximos à Venezuela, especialmente do Brasil, a maior entre as nações latino-americanas. “O presidente Fernando Henrique dá mais uma demonstração de maturidade, equilíbrio e de forte apego aos princípios democráticos”, ressaltou.

(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Hélio Ricardo)

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7 março, 2014 Últimas notícias Sem commentários »

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