Hora de avançar
Tucanos exaltam legado do Real, criticam petistas e defendem renovação para superar novos desafios
A sessão solene realizada no Congresso Nacional nesta terça-feira (25) para comemorar os 20 anos do Plano Real não apenas celebrou as conquistas obtidas com a adoção da nova moeda, como a estabilidade econômica e o golpe certeiro na hiperinflação, mas também apontou para a necessidade urgente de novos rumos para o país diante do esgotamento do modo petista de governar. Os sucessivos indicadores preocupantes na economia e a descrença da população com o futuro são sinais inequívocos da importância de mudanças.
O evento pedido pelo presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, e pelos deputados Luiz Carlos Hauly (PR) e Antonio Carlos Mendes Thame (SP) lotou o plenário do Senado. Estiveram na cerimônia o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e os economistas Gustavo Franco e Edmar Bacha, que participaram da equipe que elaborou o Real, além de autoridades de várias partes do país. As bancadas tucanas na Câmara e no Senado também foram em peso à cerimônia. Enquanto o PSDB manifestou orgulho por esta conquista, nenhum parlamentar do PT, partido que tentou barrar a aprovação do Real, foi à tribuna para fazer qualquer manifestação.
FHC: país está desengonçado
Em seu pronunciamento, FHC fez uma retrospectiva histórica dos desafios enfrentados para tirar o real do papel, em um árduo trabalho de convencimento envolvendo os mais diversos segmentos da sociedade. Indicado ministro da Fazenda de Itamar Franco em 1993, o tucano veio ao Congresso dezenas de vezes para reuniões sobre o plano, fruto de um trabalho coletivo. Disse ter tentado de tudo para convencer os petistas sobre a importância da iniciativa, mas não conseguiu êxito. Apesar disso, a nova moeda saiu do papel e a estabilização abriu novas perspectivas ao país. “O Plano Real não foi algo feito de um momento para o outro, mas sim fruto de um trabalho duro, de reconstrução das instituições e da credibilidade nacional”, resumiu FHC.
Passadas duas décadas daquele momento histórico, o presidente do país entre 1995 e 2002 resume o atual estado das coisas: “Algo está desengonçado no Brasil.”, alertou. “Há momentos que exigem tomar novos rumos. Está pulsando a necessidade da renovação política”, defendeu o tucano, para quem a estabilidade “foi apenas o começo” e agora está no momento de um “grande salto”. Apesar os governos petistas terem desperdiçado a era da bonança dos capitais internacionais, FHC tem esperança de que o país possa retomar os rumos e enfrentar múltiplos desafios que se colocam.
Aécio e o “choque de esperança”
Para Aécio Neves, é urgente recuperar o entusiasmo da população. “Queremos oferecer aos brasileiros uma alternativa que reconstrua a esperança no país, como o Real fez há 20 anos. Precisamos de um novo choque de esperança”, reforçou o tucano ao alertar para o ambiente de descrença no futuro provocado pela era petista.
Segundo o senador, o Congresso recebeu FHC em um “ato de celebração” que reuniu simbolicamente todos os brasileiros. “Nenhuma outra reforma recente foi tão transformadora como o Real”, analisou o tucano ao recordar o cenário crítico naquela época, marcado por fatores como hiperinflação e desigualdade acentuada. O tucano elogiou o trabalho desenvolvido pela equipe liderada por FHC, permitindo aos cidadãos “voltar a planejar o futuro”.
LEIA ÍNTEGRA DO DISCURSO DE AÉCIO
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Hauly: hora do Real 2
Em meados dos anos 90, o deputado Luiz Carlos Hauly (PR) participou ativamente da articulação em prol do Plano Real, classificado por ele como “um divisor de águas para a realidade brasileira”. Em seu discurso, o tucano relatou as ameaças de agressões desferidas naquela época por petistas contra a iniciativa. “A oposição era terrível. Lula dizia que Real era eleitoreiro e não tinha consistência. Depois que assumiram o poder, que plano apresentaram? Nenhum. Pegaram o Real e tocaram até dar sinais de esgotamento”, reprovou.
Para o tucano, o Brasil vive a pior das crises: a de falta de liderança. “Precisamos lançar os fundamentos do Plano Real 2. E o momento é este, o de rompimento da estagnação e do imobilismo”, defendeu. Na mesma linha de outros pronunciamentos, destacou a importância de proporcionar aos brasileiros um novo norte de esperança.
Thame cobra reformas
Em seu pronunciamento, Antonio Carlos Mendes Thame (SP) classificou o Real como o mais corajoso, radical e bem sucedido plano de transformação econômica da história do país, “fruto de competência técnica da equipe que o elaborou e também de férrea determinação política”.
No entanto, para ele são inequívocas as mostras explícitas das dificuldades do governo petista de conduzir a economia, marcada por fatores como a volta da inflação e o aumento da gastança. “Deve haver uma crescente cobrança das reformas e ajustes necessários para promover efetiva melhora nas condições de vida da nossa gente”, cobrou da tribuna.
Reconhecimento geral
Políticos de outros partidos que foram à tribuna – como os senadores Agripino Maia (DEM-RN), Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), Ana Amélia (PP-RS) e deputado Rubens Bueno (PPS-PR) – foram unânimes ao destacar os benefícios sociais e econômicos proporcionados pelo Real. “O fim da inflação e a estabilidade representam uma marco na economia do nosso país que sempre haveremos de comemorar. O Real criou as bases fundamentais para o crescimento no longo prazo, além de ter sido fundamental para dar credibilidade à economia”, afirmou o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Confira logo mais a repercussão do evento com deputados do PSDB
Assista trechos de entrevista de Fernando Henrique Cardoso e de Aécio Neves, além da íntegra do pronunciamento do ex-presidente da República:
(Da redação/Fotos: Alexssandro Loyola e George Gianni/ Vídeos: Hélio Ricardo e ParlaTube)
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