Fora da realidade
Erro histórico: para petistas, Real era “estelionato eleitoral” e contra os trabalhadores
Duas décadas após o lançamento do Plano Real, deputados do PSDB refrescam a memória dos petistas, que foram contra o conjunto de ações que permitiu ao país sair de um cenário de hiperinflação para a estabilidade dos preços. No Congresso, deputados petistas criticavam duramente a proposta, classificando-a como termos como “estelionato eleitoral” e “medida eleitoreira”.
Para os tucanos, o sucesso do plano econômico revelou que a oposição dos petistas à estabilização da moeda foi um erro histórico. “Desde o lançamento do Real o PT se mostrou contra a medida. Eu sempre alertava do erro histórico que eles estavam cometendo e o absurdo de ir contra um plano de estabilidade econômica. O plano foi muito bem concebido e elaborado”, recordou o deputado Luiz Carlos Hauly (PR).
“Eles votaram contra, mas depois se aproveitaram da estabilidade, que foi uma herança bendita do governo Fernando Henrique”, acrescentou Antonio Carlos Mendes Thame (SP).
Para Lula, medida não tinha sustentação
A oposição petista começava por um dos seus principais líderes. Lula afirmou que o Plano Real era um “estelionato eleitoral” e que a medida não se sustentaria. “O PT tem uma avaliação de que esse plano econômico é um estelionato eleitoral”, disse o petista há duas décadas. No entanto, no poder, foi um beneficiário direto da estabilidade proporcionada pelo Real.
Já o então líder do PT, José Fortunati (RS), afirmou que o Real prejudicaria os mais pobres. “A norma não é suficiente para atender as demandas dos trabalhadores de menor poder aquisitivo. A estabilização da economia dessa forma atinge profundamente o poder aquisitivo dos trabalhadores”, afirmou o petista, que errou feio.
José Cicote (PT-SP) classificou a proposta de “plano da fome e da miséria”. “Esse plano traz consigo a miséria do povo brasileiro. É um plano econômico abusivo e eleitoreiro, que não merece a confiança do trabalhador”, disse Cicote, em outra avaliação sem qualquer respaldo na realidade.
Já o atual ministro chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, considerava o Programa de Estabilização Econômica “inconsistente”. “O plano econômico apresenta uma série de graves problemas e é de difícil monitoramento”, destacou na época.
Luiz Gushiken (PT-SP), por sua vez, declarou que a moeda não seria capaz de conter a inflação. “Um processo de desvalorização dos nossos salários poderá ocorrer com muita probabilidade. A segunda hipótese é a de os preços aumentarem numa velocidade tal como vem aumentando até o presente momento.”
Waldomiro Fioravante (PT-RS), por sua vez, classificou a iniciativa de “eminentemente eleitoreiro”. “Esse plano econômico joga toda a problemática do país nas costas da classe trabalhadora”, ressaltou.
Diferentemente de seus correligionários, a presidente Dilma teve que reconhecer o sucesso da iniciativa. “Sem sombra de dúvidas, a estabilidade do Plano Real foi uma conquista do governo Fernando Henrique.”
Análise de adversários não tinha respaldo na percepção popular
“Os candidatos dos demais partidos opuseram-se ao Plano Real durante todo o tempo, desde a discussão no Congresso até a campanha eleitoral, apregoando que ele traria consequências nefastas ao país. A recessão era inevitável, diziam, e a volta da inflação também, além das catastróficas perdas salariais. Os candidatos, inclusive o principal oponente, Lula, guiado por seus economistas, batiam com insistência nessa tecla, que se chocava crescentemente com a percepção popular.”
Fernando Henrique Cardoso, em “A Arte da Política”. O sucesso do plano levou o tucano a vencer as eleições presidenciais em 1994, em 1º turno, com 54% dos votos válidos.
(Da redação/Charge: Fernando Cabral)
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