Renúncia lamentada


Deputados homenageiam Azeredo, destacam trajetória do tucano e manifestam confiança na Justiça

“Estou aqui para defender o presente, o passado, a história e a honra de uma pessoa de bem”, disse o presidente do PSDB-MG, Marcus Pestana.

“Estou aqui para defender o presente, o passado, a história e a honra de uma pessoa de bem”, disse o presidente do PSDB-MG, Marcus Pestana.

Parlamentares de diversos partidos homenagearam em plenário o deputado  Eduardo Azeredo (MG), que renunciou ao mandato nesta quarta-feira (19) em carta entregue à Presidência da Câmara. Políticos que conviveram com o tucano na Casa ou em algum momento de sua vasta trajetória política foram ao microfone para testemunhar a favor da conduta de Azeredo, que foi governador de Minas, prefeito de Belo Horizonte e senador da República. 

Em discurso no Plenário acompanhado por vários integrantes da bancada (leia íntegra abaixo), o presidente do PSDB-MG, deputado Marcus Pestana (MG),  disse que nada vai manchar a história política “limpa e honrada” e os serviços prestados ao Brasil pelo colega. “Eduardo Azeredo, em decisão solitária, pessoal, unilateral, resolveu hoje renunciar a mais um mandato a ele conferido pelo povo mineiro. Mostra coragem e desapego a cargos e que não quer fazer do mandato parlamentar um escudo para se defender e afrontar o Poder Judiciário, como outros fizeram”, comparou o tucano, que foi secretário de Planejamento do governo Azeredo no estado e tem uma amizade de duas décadas com o companheiro de bancada.

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Segundo Pestana, Azeredo gostaria de estar na tribuna que conquistou democraticamente nas urnas para apresentar seus argumentos, sua defesa e sua indignação. “Mas seu estado de saúde não permite isso. Ele se encontra em licença médica, abalado com as inverdades e injustiças que levaram sua vida limpa a ser associada com desvios e corrupção sob os holofotes de toda a mídia nacional”, explicou o presidente do diretório estadual, que chamou o companheiro de homem de bem, sério e honesto.

Respeito à decisão da Justiça

Ao abordar o andamento do processo no Supremo Tribunal Federal, Pestana ponderou que o ministros julgarão o caso e a decisão será respeitada, apesar da confiança na absolvição. De acordo com Pestana, a serenidade de Azeredo e o respeito à soberania das instituições democráticas “não representam uma renúncia à luta pela verdade e pela justiça”. De acordo com o deputado, se o Poder Judiciário encontrar problemas no julgamento, estes certamente não nasceram de decisões e atitudes de Azeredo. “Se desvios ocorreram não foram com o conhecimento e a conivência dele”, declarou. 

Segundo ele, a peça apresentada não levou em consideração os provas e depoimentos constantes do processo, “que atestam a inocência” do agora ex-deputado. Pelo contrário, ressuscitou documentos falsos já desqualificados por perícias policiais e do Ministério Público mineiro, produzidas por um conhecido estelionatário e falsário que inclusive se encontra preso em Minas Gerais por sua vasta folha corrida.

“Postura correta e comprometida”, diz presidente

O líder do PSDB, Antonio Imbassahy (BA), afirmou que o correligionário é um homem “decente, digno e do bem”. “Nosso sentimento é de muita tristeza. É um momento de grave consternação para todos. Confiamos na defesa do deputado Eduardo Azeredo e na Corte Suprema. Sabemos que ele vai seguir a partir desse momento com serenidade, com equilíbrio, como, aliás, ele sempre se comportou durante sua vida pública”, disse em plenário.

O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), também apontou a postura correta e comprometida do tucano no exercício do mandato parlamentar. “Tenho o dever de dar o testemunho de, enquanto parlamentar, da conduta séria, respeitosa e comprometida com a vida pública do deputado Azeredo.”

Para o deputado Bonifácio de Andrada (MG), o correligionário é vítima de um processo do qual ele não tem culpa. “No Governo de Minas Gerais, na Prefeitura de Belo Horizonte e em outros cargos públicos Azeredo sempre demonstrou as suas qualidades pessoais, a sua honradez, a sua seriedade”, afirmou em plenário. 

Paulo Abi-Ackel (MG) também comentou a renúncia. “É com muita tristeza que nós estamos vivendo esses dias aqui na Câmara dos Deputados, especialmente nós, mineiros, que conhecemos o caráter, a retidão de conduta, a personalidade e a honestidade de Eduardo Azeredo. Sem sombra de dúvida ele será inocentado pela Justiça brasileira”, observou. 

Deputados como Marcos Montes (PSD-MG), Fábio Ramalho (PV-MG), Rodrigo Maia (DEM-RJ) também foram ao microfone para falar em prol do tucano. 

Confira a íntegra do discurso de Marcus Pestana na tribuna da Câmara

“Estou aqui hoje como Presidente do PSDB-MG de Minas Gerais, ex-secretário de planejamento do Governo de Minas, mas principalmente como amigo por 20 anos, do Deputado Eduardo Azeredo.

Não estou aqui para defender o futuro de Eduardo Azeredo, mas sim para defender o presente, o passado, a história e a honra de uma pessoa de bem.

Todos nós em Minas aprendemos a admirar e respeitar o cidadão generoso, o pai de família dedicado, o Prefeito de Belo Horizonte, Governador de Estado, Senador da República e o Deputado Federal Eduardo Azeredo.

Eduardo gostaria de estar aqui, da tribuna que conquistou democraticamente nas urnas, apresentando seus argumentos, sua defesa, sua indignação. Mas seu estado de saúde não permite isso. Ele se encontra em licença médica, abalado com as inverdades e injustiças que levaram sua vida limpa a ser associada com desvios e corrupção sob os holofotes de toda a mídia nacional.

Canalhas, corruptos, banidos, pessoas desprovidas de caráter não se abalam ao verem sua honra e seu passado serem atacados e jogados na lama. É com cinismo e hipocrisia que reagem.

Mas não é assim com um homem de bem como Eduardo Azeredo. Um homem sério e honesto, que preza sua história pessoal, que teve em Renato Azeredo, seis vezes deputado nesta casa, boa escola, não poderia deixar de se abater e experimentar, junto com sua família, uma dura travessia, estado que se agrava a partir da cristalina e firme convicção de sua inocência.

Eduardo é um típico mineiro. Simples, austero, honrado e honesto.

Não esperem de um mineiro sereno como Eduardo Azeredo atitudes agressivas, punhos cerrados ao ar, cenas ou gestos provocativos e de confrontação com as instituições democráticas, particularmente com o Poder Judiciário.

Isto nos diferencia. O PSDB tem uma cultura democrática e tem como princípio a defesa da autonomia, soberania e independência dos Poderes da República. Repudiamos o golpismo, o viés chavista, os ataques irresponsáveis de alguns à Corte Suprema de nosso país.

A Ação Penal 536 se encontra na órbita de ação do Supremo Tribunal Federal. Está em boas mãos. Eduardo apresentará sua defesa, confiante em sua absolvição. Os Ministros do Supremo julgarão e nós respeitaremos a decisão.

O assunto não é e nem deve ser trazido para a arena política, partidária ou eleitoral. São fatos datados, circunscritos a outro contexto específico de 1998, relativos a uma ampla coligação, com diversos atores, alguns não mais alinhados conosco. Portanto não há nenhuma comunicação com o processo eleitoral que se avizinha em 2014.  O assunto pertence à órbita do Poder Judiciário.

Mas a serenidade típica de um mineiro de bem como Eduardo Azeredo, o abalo em seu quadro de saúde que confirma seu caráter e honradez, e o respeito à soberania das instituições democráticas, não representam uma renúncia à luta pela verdade e pela justiça.

Não houve mensalão em Minas, não houve compra de apoio parlamentar. Os questionamentos levantados no processo dizem respeito ao financiamento da campanha de 1988. Não há paralelismo algum com a Ação Penal 470.

Eduardo Azeredo era Governador, em plena atividade, de um Estado do tamanho da França, com 853 municípios e 20 milhões de habitantes. Tarefa complexa e absorvente que concorria simultaneamente com as atividades, viagens, gravações, comícios típicas de uma disputa eleitoral não menos complexa e exigente. Eduardo Azeredo não tinha tempo e nem era o seu papel cuidar das finanças e da contabilidade da campanha, tarefas que foram delegadas.

Todos em Minas sabem do estilo sério, austero, íntegro, que sempre caracterizou a ação e a vida, privada e pública, de Eduardo Azeredo. Se o Poder Judiciário encontrar problemas no julgamento, estes certamente não nasceram de decisões e atitudes de Eduardo Azeredo. Se desvios ocorreram não foram com o conhecimento e a conivência de Eduardo.

A peça apresentada pela PGR não levou em consideração as provas e depoimentos constantes do processo que atestam a inocência de Eduardo Azeredo. Ao contrário, ressuscitou documentos falsos, já desqualificados por perícias policiais e do Ministério Público mineiro, produzidas por um conhecido estelionatário e falsário, que inclusive se encontra preso em Minas Gerais, por sua vasta folha corrida. Avançou inclusive, de forma sem precedentes, em pesada dosimetria, antes mesmo da apresentação do contraponto da defesa e do julgamento pelo Supremo.

No processo que embasa a AP 536 não há uma única prova ou depoimento, entre os das 33 testemunhas arroladas, que incriminem Eduardo Azeredo.

Confiamos na inocência de Eduardo Azeredo. Confiamos no Corte Suprema do país. Respeitaremos sua decisão soberana. E estamos confiantes na absolvição de Eduardo. Se desvios ocorreram, que sejam punidos os verdadeiros culpados. Mas que Eduardo seja julgado pelas provas e depoimentos constantes no processo e não por ilações descabidas e sem base objetiva ou por pressões políticas indevidas.

Eduardo Azeredo, em decisão solitária, pessoal, unilateral, consultando apenas seus familiares e seu advogado, resolveu hoje renunciar a mais um mandato a ele conferido pelo povo mineiro. Nisto se diferencia mais uma vez. Mostra coragem e desapego a cargos e mostra que não quer fazer do mandato parlamentar um escudo para se defender e afrontar o Poder Judiciário, como outros fizeram. É um gesto de respeito a esta Casa. E é uma atitude de uma pessoa de bem que retorna à planície, para como cidadão defender sua honra e seu passado.

Eduardo, se você estiver nos ouvindo, saiba, e tenha certeza que falo em nome de toda a bancada do PSDB, que independente do que o destino e o futuro lhe reservarem, nada irá manchar ou abalar sua trajetória limpa e honrada, de tantos e tantos serviços prestados a Minas e ao Brasil.”

(Da redação/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Hélio Ricardo)

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19 fevereiro, 2014 Últimas notícias Sem commentários »

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