Direito a manifestações
Marchezan critica apoio do Mercosul ao governo de Nicolás Maduro na Venezula
O deputado Nelson Marchezan Júnior (RS) condenou os atos de violência na Venezuela e demonstrou preocupação com o comunicado oficial emitido pelo Mercosul que caracteriza os protestos liderados pela oposição ao governo de Nicolás Maduro como “ações criminosas”. O texto, divulgado na segunda-feira (17) e assinado pelos países membros do bloco, declara apoio inequívoco ao governo venezuelano e em nenhum momento menciona o direito às manifestações.
“Dilma Rousseff quer transformar o Brasil numa Venezuela! Esse foi o sinal dado no gesto de apoio incondicional dos países do Mercosul ao governo do presidente venezuelano, sucessor de Hugo Chávez”, afirmou o parlamentar tucano.
O deputado lembra que, após onda de manifestações, cinco pessoas já morreram e mais de 100 ficaram feridas. Nas ruas, os venezuelanos querem o fim da inflação de 56% ao ano, do desabastecimento e da criminalidade. A taxa de homicídios da Venezuela é uma das mais altas do mundo: 79 por 100 mil habitantes, conforme o Observatório Venezuelano de Violência em 2013. Além de manter como preso político o principal líder da oposição no país, o governo de Maduro anunciou pela TV estatal a expulsão de Caracas de três diplomatas dos EUA. Eles foram acusados de conspirar contra o governo, com universitários venezuelanos.
No Brasil, o Itamaraty diz que a opinião do país se reflete no documento apresentado pelo Mercosul. O ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, se limitou a dizer que observa com atenção os conflitos. Em visita ao Brasil, o chanceler britânico William Hague foi muito mais incisivo e declarou estar preocupado principalmente com relatos de que o governo está procurando suprimir protestos pacíficos, prender ativistas e líderes oposicionistas.
A situação se agravou em 12 de fevereiro, quando uma manifestação contra Maduro terminou com três mortos e mais de 20 feridos. O líder oposicionista Leopoldo López convocou partidários para irem às ruas e disse que o governo planejou a violência para tentar desacreditar o movimento pacífico. O governo acabou ordenando a prisão de López, que se entregou à polícia nessa terça-feira (18).
(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Alexssandro Loyola)
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