Descompasso


Sem fazer a lição de casa, Dilma amarga números ruins da economia e pessimismo no mercado

O Brasil começa o ano bombardeado por uma onda de pessimismo na área econômica. A previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) cai, enquanto a inflação continua bem acima do centro da meta. Como Imabassahy_Hauly_GomesdeMatosdestacou o líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), se o IBGE confirmar os resultados prévios sobre o PIB divulgados pelo Banco Central na semana passada, a economia brasileira está em “recessão técnica”, ou seja, quando o crescimento é negativo por dois trimestres .

“A realidade é bem diferente do discurso da presidente Dilma, que diz que a economia está às mil maravilhas. Em três anos de governo, a economia não cresceu e a inflação permaneceu alta”, avaliou. Para ele, Dilma ignorou a lição de casa: “Não cortou despesas com a gigante máquina administrativa, não fez as reformas estruturantes, não reduziu a carga tributária. Prevalece a lógica da reeleição”, condenou o tucano.  

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O deputado Luiz Carlos Hauly (PR) diz que o pessimismo é generalizado. “O mercado financeiro, as agências internacionais e as grandes instituições do mundo demonstram apreensão com o que está acontecendo com o Brasil”, avaliou. “O país inteiro está muito preocupado com esse desmando e com a má condução da política econômica da presidente Dilma”, completou. Hauly também criticou a falta de reformas, que poderiam alavancar o crescimento. “Nenhuma reforma, nada. Nem mesmo a reforma agrária, que era o carro-chefe do governo do PT, a presidente Dilma não fez.”

O deputado Raimundo Gomes de Matos (CE) afirma que a instabilidade afugenta investimentos. “Nenhum empresário quer investir. Os investimentos internacionais não estão se concretizando em virtude também da falta de infraestrutura. Tem dinheiro para mandar para viabilizar portos em Cuba, mas não tem para melhorar o setor portuário do Brasil.” Para o tucano, a presidente Dilma aumenta gasto com diárias, hospedagens e cartões corporativos, enquanto deveria reduzir o número de ministérios, atualmente em 39. “Há um descompasso entre o que ela diz e executa efetivamente”, concluiu.

Baixo crescimento
Para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2014, o mercado financeiro reduziu a projeção de 1,9% para 1,79%, segundo a última edição do boletim Focus do Banco Central, divulgada nesta segunda-feira. Economistas ouvidos pelo jornal “O Globo” têm visão ainda mais pessimista. Os especialistas preveem que o Brasil crescerá apenas 1% em 2014. As altas temperaturas e a falta de chuva no começo do ano são apontadas como responsáveis pela desaceleração da economia. A se confirmar, o índice é igual à taxa registrada em 2012.

Mas para o deputado Alfredo Kaefer (PR), a mudança climática não é um determinante, mas apenas mais um elemento da “falta de responsabilidade” do governo. É um conjunto de fatores que atrapalham o crescimento econômico do Brasil.  Estamos passando por um processo de desindustrialização, faltam investimentos na área de energia e há um descontrole da inflação. Além disso, o investidor externo não se sente seguro de aplicar seus recursos aqui.”

Em relação a 2013, no fim da semana passada saiu a primeira prévia do comportamento da economia brasileira naquele ano. Segundo o IBC-Br, calculado pelo Banco Central, o PIB do país caiu 0,17% entre outubro e dezembro, depois de já ter recuado 0,21% entre julho e setembro.

PIBinho histórico
No ano passado, a expansão estimada da economia é de 2,5%. Com isso, e se a maior parte dos prognósticos se confirmar, Dilma terá produzido crescimento médio abaixo de 2% ao longo de seu mandato. Entre todos os presidente da República, apenas Floriano Peixoto e Fernando Collor de Mello conseguiram algo tão ruim. 

Inflação em alta
A previsão do mercado financeiro é de inflação alta. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) passou de 5,89% para 5,93%, também segundo o relatório Focus. Com o resultado, o mercado voltou a acreditar que a inflação terá aceleração neste ano, frente ao patamar registrado em 2013 (5,91%). 

Ficando para trás no continente
Em 2011, em toda a América Latina, o Brasil só cresceu mais que El Salvador. Em 2012, superou apenas o Paraguai. Em 2013, só se saiu melhor que El Salvador, México e Venezuela. Em 2014, a previsão é de que o Brasil só cresça mais que a Venezuela.

Indústria e comércio não vão bem
O crescimento da indústria em 2013 (somente 1,2%) foi insuficiente para compensar sequer metade da queda registrada em 2012 (2,5%). O parque industrial brasileiro segue enferrujando. O comércio também perdeu fôlego, ao registrar no ano passado o pior crescimento em dez anos.

(Reportagem: Gabriel Garcia / Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Hélio Ricardo)

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17 fevereiro, 2014 Últimas notícias 1 Commentário »

Uma resposta para “Descompasso”

  1. Jorge Iório disse:

    O pior será se a oposição vencer e a maioria do Congresso, sendo petista, vai embargar todo e qualquer projeto do novo governo. Acho que o país, nesse caso, poderá ficar ingovernável, olhando com olhos mais realistas.

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