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Custo extra com energia de termelétricas vai sobrar para o consumidor, alertam parlamentares

charge-0702Deputados do PSDB criticaram nesta segunda-feira (17) a incompetência da presidente Dilma em administrar o setor elétrico. O governo já decidiu que vai repassar para a população o custo extra das usinas termelétricas com energia no verão. A redução da conta de luz anunciada com pompa por Dilma durou menos do que o imaginado pelo Planalto. O consumidor deve arcar com um aumento de 4,6% em 2014. No ano passado, a conta das térmicas fechou em quase R$ 10 bilhões, valor bancado pelo Tesouro. Neste ano, com a seca atípica no verão, o custo deve ficar ainda maior.

Para Duarte Nogueira (SP), o anúncio da presidente foi populista. “Não houve nenhum planejamento quando a presidente Dilma anunciou em 2012 que iria diminuir a tarifa de energia elétrica e isso demonstrou ter sido um presente de grego, populista e demagogo”, disse. “A sociedade não pode desfrutar desse benefício, porque não viu a redução na sua tarifa. Além disso, faltou planejamento no aumento da produção e distribuição da energia em todo o país. O governo foi negligente e vai mandar a conta para o consumidor”, completou.  

De acordo com Antonio Carlos Mendes Thame (SP), a população paga um alto preço pela incompetência do Executivo. “O governo não sabe tomar medidas que impliquem uma administração correta. Ele não consegue administrar o dia a dia, governar, prever. Nós estamos pagando pela incompetência do governo”, destacou.

Segundo o parlamentar, em vez de investir em energias renováveis, o governo prioriza as usinas termelétricas, que são altamente poluentes. “Não é um malefício apenas quantificável no bolso do consumidor. É um malefício para o planeta todo. A poluição afeta todos nós indistintamente”, declarou. “Temos mais de 30 parques eólicos prontos na  região Nordeste e que não podem gerar energia elétrica porque o governo esqueceu de construir as linhas de transmissão. Essa incompetência tem um preço que é pago por todos nós”, acrescentou.

A energia das usinas térmicas, movidas a óleo ou gás, é mais cara que a de hidrelétricas, o que gera um custo extra para o sistema elétrico.

Os dados negativos envolvendo o setor não param de aparecer. O balanço anual da Eletrobras, a ser divulgado em março, vai registrar rombo superior a R$ 8,7 bilhões. A empresa foi prejudicada com a renovação onerosa das concessões, para Dilma “faturar” politicamente a redução da conta de luz em 20%. 

Na avaliação de Nogueira, a estatal tem sido vítima de uma política equivocada e irresponsável. “O governo não governa, tem uma agenda exclusivamente eleitoral e obviamente isso gera prejuízos para a população”, resumiu.

No resultado de 2012, a Eletrobras apresentou prejuízo de R$ 6,8 bilhões, sendo que no quarto trimestre o prejuízo atingiu a cifra de R$ 10,5 bilhões. Em 2013, a estatal continuou com resultados negativos. No terceiro trimestre do ano passado houve um prejuízo líquido de R$ 915 milhões, 191% menor do que o lucro líquido de R$ 1,003 milhão do terceiro trimestre de 2012. Entre janeiro e setembro de 2013, o prejuízo líquido da Eletrobras foi de R$ 787 milhões, uma redução de 122% com relação ao lucro líquido de R$ 3,62 milhões do mesmo período de 2012.

Colunista do jornal “O Globo”, Adriano Pires afirma que a origem principal desses péssimos resultados foi a publicação em setembro de 2012 da Medida Provisória 579. “A MP 579, elaborada de maneira autoritária sem qualquer discussão com as empresas e com os demais agentes do setor e que depois foi transformada em lei em janeiro de 2013, atrelou a renovação das concessões a uma redução das tarifas, com o objetivo de aumentar a popularidade da presidente e controlar a inflação”, ressaltou.

Energia barata ficou na promessa

-> Em janeiro de 2013, a presidente Dilma anunciou em cadeia nacional de rádio e televisão “uma forte redução na conta de luz de todos os brasileiros”. Segundo a presidente, as perspectivas eram as “melhores possíveis”.  “O Brasil vai ter energia cada vez melhor e mais barata, significa que o Brasil tem e terá energia mais que suficiente para o presente e para o futuro, sem nenhum risco de racionamento ou de qualquer tipo de estrangulamento no curto, no médio ou no longo prazo”, disse na ocasião. Assista aqui.

 -> “Somos agora um dos poucos países que está, ao mesmo tempo, baixando o custo da energia e aumentando sua produção elétrica”, destacou a petista em seu pronunciamento. No entanto, em dezembro de 2013, 62% das obras destinadas a elevar a geração de energia estavam com atraso médio de 250 dias. Apenas 29% das obras da área de transmissão de energia estavam com o cronograma em dia. Das subestações em construção, só 26% encontravam-se dentro do prazo.

-> “Nos últimos dias, o feitiço do populismo energético virou-se contra a feiticeira”, aponta Josias de Souza em seu blog.  

(Reportagem: Alessandra Galvão/ Foto: / Charge: Cabral/ Áudio: Hélio Ricardo)

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17 fevereiro, 2014 Últimas notícias Sem commentários »

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