Não pode ficar impune


Plenário aprova moção de pesar do PSDB pela morte de cinegrafista no RJ 

O plenário da Câmara aprovou nesta terça-feira (11) a moção de pesar (leia íntegra) pela morte do repórter cinematográfico Santiago Andrade proposta pelo líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA). No documento, o tucano manifesta solidariedade aos amigos e familiares do funcionário da TV Bandeirantes e cobra punição dos culpados.  É a primeira vez que a Casa aprova moção dessa natureza, pois todas as anteriores homenageavam chefes de Estado. Na segunda-feira, colegas de profissão o homenagearam em ato realizado no mesmo local onde ele foi atacado, na região central da capital carioca. (foto)

O deputado agradeceu aos deputados pelo apoio. “A moção de pesar destaca os valores da democracia, a necessidade da segurança nas atividades dos profissionais da imprensa e o nosso repúdio a essa barbárie, a essa violência que estamos assistindo no Brasil”, afirmou. 

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Para Imbassahy, Santiago foi vítima da desordem que vem se alastrando pelas ruas das cidades desde que grupos violentos se infiltraram nas manifestações da sociedade em defesa legítima de seus direitos.  “Por onde passam deixam rastros de destruição e violência, prejuízos ao patrimônio público e privado, num total desrespeito aos princípios democráticos e aos cidadãos de bem”, reprova o líder no documento.

Segundo o parlamentar, “infelizmente” Santiago foi transformado em alvo de um desses manifestantes violentos, “que, depois, escondeu-se na covardia dos sem-causa”.  Para Imbassahy, a Câmara tem o dever de exigir a identificação e a punição exemplar dos culpados.

“A sociedade já deu demonstrações suficientes de que não aceita se tornar refém da barbárie, da violência gratuita promovida por grupos radicais sem nenhum escrúpulo e respeito ao próximo, sem, ao menos, revelar seus rostos, identidades e o que os movem”, disse o deputado do PSDB.

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De acordo com Imbassahy, há mais vítimas além do cinegrafista. “A imprensa, olhos e ouvidos da sociedade, a democracia e a sociedade brasileiras também estavam sendo alvejadas no momento em que Santiago tombava com sua câmera nas mãos”, alerta.

Para o líder, a Câmara, como representante dos brasileiros de todas as partes do país, não pode ficar inerte enquanto a sociedade exige mudanças. “Não podemos permitir que episódios violentos e bárbaros como este comprometam o direito de as pessoas irem às ruas se manifestar”, cobra o tucano.

Projeto torna hediondo crime contra jornalista

Em resposta à morte de Santiago, o líder da Minoria na Câmara, Domingos Sávio (MG), apresentou um projeto de lei (PL 7107/14) para tornar crime hediondo aquele cometido contra a vida, a segurança e a integridade de jornalistas no exercício da profissão. “Esse projeto é uma resposta concreta a esse episódio, um atentado contra a democracia, a defesa da liberdade de expressão e comunicação”, declarou.

Já o 1º vice-líder do PSDB na Casa, Vanderlei Macris (SP), destacou que a morte do cinegrafista deve simbolizar o repúdio da sociedade à violência. “Esse caso precisa e deve ser o símbolo da luta de um país que não aceita o radicalismo nessas manifestações. A sociedade não aceita se tornar refém dessa barbárie”, disse. 

Profissional experiente e premiado

Santiago foi atingido na cabeça por um rojão na última quinta-feira (6) enquanto trabalhava na cobertura das manifestações contra o aumento das passagens de ônibus, no centro do Rio de Janeiro. Gravemente ferido, não resistiu. Sua morte cerebral foi constatada quatro dias depois.

Ele tinha 49 anos e deixa esposa, uma filha e três enteados. Trabalhava havia 10 anos na Bandeirantes, onde participou de diversas reportagens sobre as dificuldades enfrentadas pelos usuários de transporte público na cidade. A cobertura jornalística do tema lhe rendeu dois prêmios jornalísticos de Mobilidade Urbana, em 2010 e 2012.

Desde 2013, registrou várias manifestações na cidade e estava escalado para participar da cobertura jornalística da Copa do Mundo neste ano.  Trabalhou em grandes coberturas, eventos esportivos e várias reportagens sobre a “guerra” contra o tráfico de drogas nos morros cariocas. No final de 2013, o cinegrafista participou do curso para jornalistas em áreas de conflito, ministrado pelo Exército.

Matéria atualizada às 19h58.

(Da redação/ Foto: Agência Brasil / Áudio: Hélio Ricardo)

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11 fevereiro, 2014 Últimas notícias Sem commentários »

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