Campanha antecipada


Peça de marketing: governo planeja PAC 3 antes de concluir obras antigas, criticam tucanos 

charge1Mesmo com atrasos de até seis anos em obras, o Programa de Aceleração do Crescimento ganhará sua terceira versão. O governo planeja lançar em abril o chamado PAC 3, que seria executado a partir de 2015. O problema, de acordo com deputados do PSDB, é que o Planalto sequer consegue deslanchar os empreendimentos das versões 1 e 2 do programa. Para os tucanos, o anúncio de um novo PAC soa muito mais como estratégia de marketing para alavancar a campanha de Dilma à reeleição.

Presidente do PSDB-SP, o deputado Duarte Nogueira (SP) afirma que o “projeto” do governo não passa de factoide. “De concreto, só há propaganda. Não há compromisso com a sociedade, só promessas”, reprovou. “As promessas são desassociadas da vontade do povo brasileiro. O que há é a intenção de iludir as pessoas, que estão cansadas. O cidadão quer respostas às dificuldades do dia a dia”, criticou o parlamentar.

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Mas parece ser exatamente esta a preocupação do marqueteiro de Dilma: tornar o PAC mais popular. De acordo com o jornal “O Globo”, João Santana, o responsável pelo marketing oficial da presidente, definiu para o PAC 3 um perfil voltado a obras de caráter social e urbano, que atendam às demandas das ruas. A grande pretensão por trás disso é melhorar a imagem da petista.

“Ou seja, é um engodo. Uma grande mentira que o governo vai usar de novo. Isso é campanha e o Ministério Público e o TSE deveriam se posicionar”, aponta o deputado Nilson Leitão (MT). Para ele, o PAC 3 não passa de oportunismo do PT para usar a máquina pública em benefício próprio durante ano eleitoral.

“É um absurdo não terem concluído nem o primeiro e o segundo e já lançarem o terceiro programa em plena pré-campanha. O nome disso deveria ser ‘Pacto 13’, que é o pacto da mentira, do engodo e da mídia, isso é peça publicitária”, criticou.

Números comprovam lerdeza

Transposição do São Francisco simboliza a lentidão do PAC: obra mais cara do programa está longe de levar água aos nordestinos e teve seu orçamento dobrado, superando os R$ 8 bi.

Transposição do São Francisco simboliza a lentidão do PAC: obra mais cara do programa está longe de levar água aos nordestinos e teve seu orçamento dobrado, superando os R$ 8 bi.

Os números comprovam a lentidão que marca as versões 1 e 2 do PAC. Em 2007, ano do lançamento da  primeira fase, foram destinados R$ 16,5 bilhões do orçamento da União para o programa. Passados sete exercícios financeiros, até agora foram pagos 72,8% da dotação inicial. A partir de 2011, o governo resolveu chamar de PAC 2 as “novas obras” que, em sua maioria, eram aquelas não concluídas até o ano anterior. No ano passado, por exemplo, foram efetivamente pagos 31,2% dos R$ 53,1 bilhões do programa. E os restos a pagar vão se acumulando ano após ano.

Para Leitão, a explicação para tanta morosidade é uma só: o programa que engloba os maiores empreendimentos do governo federal não é elaborado por uma equipe técnica ou pelos ministérios, “mas sim pelo marqueteiro da presidente, e ele não entende nada de obras”.

A obra mais cara do PAC 1, a refinaria Premium 1, no Maranhão, incorporada ao PAC 2, aparecia no último balanço oficial, apresentado em outubro, com execução de apenas 10%, mesmo tendo sido concebida há mais de quatro anos. A previsão de início de operação passou de dezembro deste ano para outubro de 2017. Isso sem falar da Transnordestina, da transposição do rio São Francisco, da Ferrovia Norte-Sul e tantas outras obras atrasadas e praticamente abandonadas, apesar da propaganda do governo.

A frase:
É um absurdo não terem concluído nem o primeiro e o segundo e já lançarem o terceiro PAC em plena pré-campanha. O nome disso deveria ser ‘Pacto 13’ – o pacto da mentira e do engodo.”
Deputado Nilson Leitão (MT)

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(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Alexssandro Loyola/Charge: Fernando Cabral/ Áudio: Hélio Ricardo)

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10 fevereiro, 2014 Últimas notícias Sem commentários »

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