Escapadinha presidencial


Imbassahy: sem transparência, despesas de cartões corporativos no exterior serão sempre um enigma

Deputados tucanos criticaram a omissão do governo brasileiro sobre os gastos da presidente Dilma Rousseff na escapada a Lisboa. Mesmo com a ampla repercussão da passagem secreta da petista pela capital portuguesa, o 8024212238_10bd3b1cc5_zPalácio do Planalto e o Itamaraty ainda se recusam a informar como a comitiva pagou a conta de luxuoso hotel no país e de um badalado restaurante.

Na avaliação de Antonio Imbassahy (BA) os gastos em Lisboa são um enigma. “A presidente disse que escolhe o restaurante que quer e paga do seu bolso. Se paga ou não será sempre um mistério, já que a maior parte das despesas dos cartões corporativos vinculados à Presidência é sigilosa. E é sempre bom lembrar – os cartões corporativos são pagos por todos os brasileiros”, afirmou. Imbassahy assume em fevereiro a liderança do PSDB na Câmara.

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O sigilo dos gastos é determinado por uma legislação específica. O governo alega questões de segurança de Estado para justificar a não divulgação dessas despesas. No caso, seriam usados para gastos que envolvem áreas delicadas do governo, como as de investigação e estratégia e proteção pessoal dos principais dirigentes.

O deputado João Campos (GO) apontou que o PT está preocupado com o aparelhamento da máquina e usa a estrutura pública em interesse próprio. “A presidente Dilma tem obrigação de dar o exemplo. No início do governo, prometeu fazer faxina e impor os princípios éticos. Não é o que vem acontecendo, especialmente agora com a viagem a Portugal”, avaliou.

Nessa quarta-feira (29), a Comissão de Ética Pública da Presidência decidiu arquivar um pedido de investigação contra a presidente por causa da suposta escala técnica em Portugal, durante viagem entre Davos, na Suíça, e Havana, em Cuba.

Autor da representação, o líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP), lamentou a decisão. “O Presidente do Conselho de Ética arquiva ação contra Dilma no caso de Lisboa. Que vergonha! Estou com a consciência tranquila, pois cumpri o meu papel de defender o dinheiro público, porque fui eleito por São Paulo para isso. Já o senhor cumpriu o vergonhoso papel de defender a presidente que o indicou para o cargo.”

9506477704_b08d2accb1_zEnquanto a população clama por transparência, o governo faz é aumentar o segredo sobre as despesas feitas pela Secretaria de Administração da Presidência com seus cartões corporativos. Os gastos sigilosos com essa conta – que englobam as despesas da presidente – foram os maiores desde que Dilma assumiu o governo.

No ano passado, os pagamentos feitos com o cartão pela Secretaria de Administração da Presidência somaram R$ 5,64 milhões, sendo que cerca de R$ 5,60 milhões não tiveram o conteúdo revelado. No ano anterior, os gastos secretos com o cartão da Secretaria tinham somado R$ 4,09 milhões. Em 2011, foram outros R$ 5,1 milhões.

Assim, os pagamentos que não tiveram seu conteúdo divulgado já somam cerca de R$ 14,7 milhões na gestão de Dilma. Os dados foram revelados pelo jornal “O Estado de S. Paulo”, com base em informações do Portal da Transparência.

Nesse ritmo, João Campos acredita que haverá uma nova comissão de inquérito para apurar o excesso com os cartões corporativos. “A persistir o quadro de esconder as informações necessárias, especialmente na área dos cartões corporativos, vamos terminar tendo que adotar outra postura, quem sabe até mesmo de uma CPI”, disse.

(Reportagem: Gabriel Garcia / Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Hélio Ricardo)

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30 janeiro, 2014 Últimas notícias Sem commentários »

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