Colapso aéreo


Dilma quer a “Copa das Copas”, mas atrasos e obras mal feitas em aeroportos prejudicarão o mundial

Cuiaba

Aeroporto de Cuiabá tem obras atrasadas e goteiras por todos os lados

A presidente Dilma garantiu que não haverá atrasos nas obras da Copa do Mundo, classificada por ela como a “Copa das Copas”. A afirmação feita na sede da Fifa, em Zurique, após reunião na quinta-feira (23) com o presidente da entidade, Joseph Blatter, parece se referir a um outro país. Na nação governada pela petista a realidade é outra: seis estádios com atrasos, obras de mobilidade também fora do prazo, além de improvisos nos aeroportos. O ministro da Aviação Civil, Moreira Franco, foi conferir a situação dos terminais de Manaus e Cuiabá e se mostrou preocupado e surpreso.

Para os deputados do PSDB, o país está à beira de um colapso no sistema aéreo, sobretudo por causa da falta de condições para atender a demanda crescente. “É o cúmulo da incompetência o governo federal não conseguir finalizar, no prazo previsto, uma simples reforma”, observou pelo Facebook o líder eleito do PSDB na Câmara, deputado Antonio Imbassahy (BA).

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O tucano se refere ao aeroporto de Salvador. Segundo Moreira Franco, o governo estuda paralisar a ampliação do terminal para “diminuir os transtornos aos passageiros”. “E o pior é que o ministro admitiu que a situação das obras do nosso aeroporto é crítica e que uma das alternativas é interrompê-las para somente retomá-las após o mundial. Foram sete anos e nada fizeram. Quem vai acreditar que farão depois da Copa?” contestou Imbassahy.

Para Jutahy Junior (BA), o aeroporto da capital baiana é a cara da gestão petista: “Um caos, com obras atrasadas sem previsão de conclusão, serviços de péssima qualidade, o fim do mundo”.

E a incompetência da Infraero continua a se manifestar por todos os lados. Como se não bastasse o aeroporto de Fortaleza correr o risco de receber os turistas na Copa com parte do teto improvisado com lona, em Manaus, onde Moreira Franco esteve ontem, os serviços em altura estão suspensos por ordem da Justiça do Trabalho. Na semana passada, fiscais encontraram irregularidades nos equipamentos de proteção individual. Segundo o Ministério Público do Trabalho, já houve seis acidentes por falta de segurança.

Em Cuiabá, vários baldes ficam espalhados na área de embarque devido às goteiras. A capital de Mato Grosso também receberá jogos da Copa e seu novo terminal deveria ter sido entregue em dezembro de 2013, mas até agora apenas 40% dos trabalhos foram concluídos. O ministro cobrou agilidade do consórcio responsável, mas deputados do PSDB avaliam que o problema vai muito além de pequenas falhas, como as do ar-condicionado.

“É exatamente o problema de não saber governar. A presidente Dilma está aprendendo a governar durante o mandato”, criticou Izalci (DF).  Para o deputado, um agravante da situação é o fato de o PT ter combatido por tanto tempo as privatizações antes de coloca-las em prática.

“O resultado é esse: pouca participação, pouco interesse, quem ganhou as licitações sequer tem condições e tempo para terminar as obras e cumprir prazos. As coisas vão ser na base do jeitinho, com acabamentos de última hora e que depois vão gerar mais gastos ainda”, alertou.

Para sediar a “Copa das Copas”, o país deveria ter gerenciado as obras de forma diferente. “Faltou planejamento e experiência. Como está já está tudo confuso, imagine quando vierem os turistas. A tendência é um desastre”, lamentou.

Antonio Carlos Mendes Thame (SP) também criticou a aversão do PT às privatizações, o que tornou o tempo mais escasso. “Ao que tudo indica os aeroportos não ficarão prontos. Não haverá a ampliação suficiente para atender o aumento da demanda. Tudo indica que é impossível e poderá ser um desastre sem proporções, algo sem precedentes nas Copas”, avaliou.

O deputado ressaltou ainda que os terminais fazem parte de um conjunto que inclui as obras de mobilidade, os estádios e a melhoria dos serviços nas cidades-sedes. Segundo ele, a prioridade do governo foram as arenas, que podem se tornar verdadeiros elefantes brancos. “As obras de mobilidade urbana que o povo tanto esperava, como os veículos leves sobre trilhos, novas ampliações de rodovias e avenidas para facilitar os acessos e que serviriam para utilização da população nos anos subsequentes, foram delegadas a segundo plano”, apontou.

(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Infraero/ Áudio: Hélio Ricardo)

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24 janeiro, 2014 Últimas notícias Sem commentários »

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