Meio expediente

Deputados reforçam crítica à atuação de ministro da Educação e rebatem líder petista

Deputados tucanos reforçaram as críticas do Instituto Teotônio Vilela (ITV) à atuação do ministro da Educação, Aloizio Mercadante. Na opinião dos parlamentares, a reforma ministerial da presidente Dilma Rousseff coroa a incompetência do petista no comando de uma área desvalorizada pelo governo federal. Ainda sem mostrar a que veio, Mercadante será promovido a ministro-chefe da Casa Civil, em substituição a Gleisi Hoffman.

“A educação merece um ministro de dedicação exclusiva. Faz um bom tempo que Mercadante vinha dando meio expediente. Ele ficava trabalhando a questão política-eleitoreira da presidente Dilma”, criticou nesta quinta-feira o deputado Izalci (DF).

Ele recorda que Mercadante anunciou o crescimento da taxa de analfabetismo e a participação do Brasil entre os piores no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa, na sigla em português) da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico.

Izalci aponta uma incoerência entre o discurso e a prática. “A educação está um caos. Hoje só funciona na propaganda. No mundo real, os índices estão cada vez piores. Infelizmente, a prioridade está só no discurso. Os recursos para a área vêm diminuindo cada vez mais.”

Atacado pelo líder do PT na Câmara, o presidente do ITV, Sérgio Guerra (PE), diz que o partido do ministro procura medir os adversários com a mesma régua petista. “O PT padece de uma forte tendência de nivelar todos por baixo e tentar comprometer todo mundo. Eles, sim, é que marcaram a política brasileira com o maior escândalo da história do Brasil: o mensalão.”

O tucano destaca que “o esquema de compra de votos” foi confirmado pelo próprio Supremo Tribunal Federal. “Com isso, e a consequente prisão de vários petistas, o Partido dos Trabalhadores fica sem defesa e vê cair por terra sua tese de que o maior escândalo do governo Lula foi ‘uma farsa inventada pela imprensa golpista’”, completou.

Guerra lembra que os analistas do ITV gozam de autonomia na avaliação de conjunturas e na análise de temas importantes para o Brasil. “Não é o PSDB quem passa o atestado de que o ministro Mercadante deixou vários projetos em condições que os tornam muito distantes da capacidade de transformar a educação brasileira. Os fatos falam por si”, disse Guerra.

Para Izalci, o petista sempre atuou contra a educação. Mercadante desfilou pelos corredores do Congresso contra a aprovação do Plano Nacional de Educação (PNE), que destinava 10% do Produto Interno Bruto para o setor, e dos royalties do petróleo para a área.

Tem mais. Após intensa discussão, foi aprovado no ano passado o texto da Câmara que permite o uso de 50% dos recursos do Fundo Social para a educação até que se atinja o percentual de 10% do PIB aplicado no setor. O governo defendeu a proposta do Senado que previa o uso de 50% dos rendimentos do fundo (e não de seu valor total), o que diminuiria o montante a ser aplicado em curto e médio prazo.

A carta de formulação política do Instituto Teotônio Vilela aponta que a atuação do petista foi constatada ainda na aloprada tentativa de incriminar tucanos com dossiês forjados em 2006, que terminou fracassada com a apreensão, pela Polícia Federal, de R$ 1,7 milhão em dinheiro vivo. “Trata-se de expertise preciosa dentro do modo petista de fazer política”, avalia o ITV.

Além disso, Mercadante idealizou a proposta de convocação de uma assembleia constituinte exclusiva para fazer a reforma política, apresentada pela presidente como “resposta” aos protestos de junho do ano passado, enquanto a população pedia melhoria na saúde, segurança pública e na própria educação.

“Hoje o governo coloca música sobre o Enem, Prouni, o Financiamento Estudantil (Fies). Mas o PT trabalhou contra os programas. Eles eram totalmente contra as bolsas na iniciativa privada. Quando aprovamos o plano de educação, muitas vezes o PT saiu do plenário para não aprovar”, recordou Izalci.

(Da redação / Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Hélio Ricardo)