Cenário nebuloso
Governo petista perdeu as rédeas da economia e adotou medidas equivocadas, avaliam deputados
Alta inflação, elevada taxa de juros, baixo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), fraco desempenho no investimento e escalada do desemprego mostram a dificuldade do governo Dilma Rousseff em comandar a economia brasileira. Para deputados tucanos, a gestão petista perdeu as rédeas da situação e adotou medidas equivocadas nos últimos onze anos.
Além disso, o quadro atual contrasta com o que foi colocado em documento divulgado pelo PT na campanha eleitoral de 2010: “Será dada continuidade e profundidade a políticas que mantenham e expandam os níveis de crescimento alcançados nos últimos anos”, aponta o texto intitulado “Os 13 compromissos programáticos de Dilma Rousseff para debate na sociedade brasileira”. Os sucessivos “PIBinhos” dos últimos anos desmontam por completo o compromisso petista.
“É evidente a falta de controle. O Brasil bate sucessivos recordes de arrecadação de impostos, mas a aplicação dos dinheiro ocorre de forma errada. Não há um controle com os gastos públicos. Além de gastar muito com a inchada máquina federal, o governo aplica mal o dinheiro disponível”, condenou o deputado Izalci (DF) nesta quinta-feira (02). A consequência, segundo ele, é uma economia em frangalhos. O parlamentar acredita que o Palácio do Planalto vai maquiar os números para evitar efeitos danosos nas eleições.
Na opinião de Jutahy Junior (BA), uma série de decisões atrapalhadas produziu em 2013 um resultado desanimador. “O pior resultado da balança comercial dos últimos 13 anos, um gigantesco déficit na conta do turismo, sendo o pior de todos os tempos, e o pior resultado da história na conta do petróleo”, enumerou.
Responsável pela estabilização da economia do país, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso prevê um cenário nebuloso, que pode afetar principalmente o mais pobre. “O ano que termina não foi dos melhores para o país: nuvens pesadas rondam a economia, contas públicas se complicam, inflação perigosa”, anotou na sua conta no Facebook.
Izalci não vê sinais de melhora para o futuro. “O governo não aproveitou o bom momento da economia. O PT sempre explorou a estabilidade deixada pelo PSDB, mas não conseguiu avançar, nunca fez nada para aperfeiçoar. A tendência é que as coisas piorem nos próximos dois anos”, lamentou. A previsão do tucano é confirmada pelos números.
Baixo crescimento
O crescimento do Produto Interno Bruto mais parece uma piada sem graça no governo da presidente Dilma Rousseff. No primeiro ano da gestão petista, em 2011, a alta foi de apenas 2,7%. No ano seguinte, subiu irrisório 1%. As estimativas para 2013 também são desanimadoras. De acordo com as previsões mais otimistas, a economia deve ter crescido apenas 2,3%. Para o futuro, não há previsão de melhora: 2014 deve fechar com um PIBinho de 2%, mantendo a baixa média do governo Dilma.
Por outro lado, o investimento segue na contramão. Na opinião do economista-chefe do banco europeu BNP Paribas, Marcelo Carvalho, essa taxa vai continua agonizando. Em entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo”, o especialista disse que deve passar dos 5,5% registrados em 2013 para uma pequena alta de 0,5% em 2014, um ano em que os investimentos tendem a aumentar por causa das eleições.
Para piorar um cenário já caótico, em outubro foi divulgado outro índice que mostra o desequilíbrio da economia. Na ocasião, registrou-se um déficit de R$ 9 bilhões nas contas públicas de setembro. Novamente, o governo já faz manobras para cumprir suas metas fiscais.
Volta da inflação
Quem está de volta é o dragão da inflação. No governo do PT, o aumento dos preços parece que chegou para ficar. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) já ultrapassou o centro da meta de 4,5% ao ano faz muito tempo. Mesmo com a taxa básica de juros nas alturas (fechou o ano em 10% ao ano), considerada uma das mais altas do mundo, as expectativas não animam.
Ao contrário do discurso vendido por petistas, nem o Banco Central mostra otimismo para o futuro. A conta ficará para o próximo presidente da República. Na projeção mais otimista, a autoridade monetária prevê, para 2015, uma taxa de 5,4%. Os analistas, porém, estimam 6%, três vezes mais que o padrão aceitável, de 2% no mundo civilizado.
(Reportagem: Gabriel Garcia / Fotos: Alexssandro Loyola)
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