Mensalão
Dilma enfraquece democracia ao participar de evento para atacar Judiciário
A participação da presidente Dilma Rousseff no 5º Congresso do PT coloca em risco a democracia, avaliam os deputados Cesar Colnago (ES) e Paulo Abi-Ackel (MG). Realizado em luxuoso centro de convenções em Brasília, o ato em defesa dos petistas condenados pelo Supremo Tribunal Federal seguiu o roteiro esperado pela cúpula do partido: ataques em excesso ao Judiciário e à imprensa livre, mas nada de autocrítica. Para os tucanos, Dilma consente — pelo silêncio — com as acusações à Corte Suprema, misturando a militante do PT com o cargo de presidente da República.
Na opinião de Abi-Ackel, a presidente vestiu definitivamente a camisa de candidata, criando um efeito fantasioso sobre o julgamento do maior esquema de corrupção da história do Brasil. “Essa mistura é condenável. Ao procurar criar nova compreensão a respeito do mensalão, Dilma, por omissão, busca iludir a população brasileira em relação ao que aconteceu sobre o escândalo lastimável que ocorreu com os colegas de partido dela”, condenou.
O parlamentar acrescenta que muitas vezes a presidente usa a máquina pública, como aeronave, custo com equipe e hospedagem, para participar de eventos dessa natureza. “Dilma, muitas vezes, participa de eventos como militante com as despesas cobertas pelo Estado brasileiro. Isso é algo que deve ser duramente condenado por todos os brasileiros”, disse.
Já Colnago afirma que, quando a petista participa de um evento em que se acusa a cúpula do Judiciário de manipulação, e de ter realizado um julgamento de exceção, coloca em xeque a credibilidade das instituições. “Numa democracia, as instituições são pilares de estruturação da convivência de uma sociedade. O Supremo Tribunal Federal, após uma longa discussão, julgou o mensalão, com isenção. Parece que o PT, com omissão da presidente, questiona os valores tão importantes que são as instituições”, lamentou.
O silêncio sepulcral da presidente Dilma sobre o mensalão diante dessa “lamentável” participação no evento parece dizer muito, segundo os deputados. Isso porque o Supremo se debruçou com abundância de tempo sobre as provas, julgou e condenou.
“O PT quer politizar, desmoralizar e diminuir o valor do STF, como se o partido estivesse acima do bem e do mal, acima da lei. A presidente Dilma tem que ser exemplo para o país no cumprimento das decisões judiciais”, concluiu Colnago.
A participação de Dilma foi condenada pela imprensa. Segundo a colunista Miriam Leitão, a chefe do Executivo de um governo democrático só pode ir para reunião de correligionários em que o Poder Judiciário é atacado se for para defendê-lo. “Seu silêncio a coloca do lado dos que acusaram o processo de ser de exceção. Ela sabe bem a diferença”, disse a jornalista.
(Reportagem: Gabriel Garcia / Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Hélio Ricardo)
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