Postura incompatível com cargo


Para deputados, ministro da Justiça terá muito a explicar em audiência na Câmara

Sampaio_Duarte_Otavio_Campos cópiaA pedido de deputados do PSDB, o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) participa nesta quarta-feira (4) de audiência conjunta das comissões de Segurança Pública e de Fiscalização Financeira e Controle. O petista terá que explicar as circunstâncias da fuga de Henrique Pizzolato do Brasil e também sua postura em relação às denúncias de formação de cartel envolvendo empresas como a Siemens. A expectativa dos deputados Otavio Leite (RJ) e João Campos (GO) é que o ministro responda as indagações dos parlamentares com clareza. A audiência será realizada no Plenário 6, a partir das 14h. Às 11h desta terça Cardozo prestará esclarecimentos na CCJ do Senado.

Para Leite, um dos autores do requerimento, Cardozo deve esclarecer sua participação na tentativa de forjar dossiê para prejudicar membros da oposição. “Será uma oportunidade muito boa para que a sociedade brasileira conheça de fato o que moveu o ministro no encaminhamento, para a Polícia Federal,  de documentos nitidamente fraudados e que tinham o objetivo de incriminar parlamentares e autoridades do PSDB”, afirmou o tucano, presidente da Comissão de Segurança Pública.

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Cardozo já tinha visita à Câmara agendada para explicar como o ex-diretor de marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato saiu do país mesmo tendo a prisão decretada por participação no mensalão. Por consenso da comissão, o petista terá agora que se explicar sobre os dois casos. “Ele deve esclarecer porque um réu completamente condenado, possuidor de dupla nacionalidade, não foi vigiado a tempo e a hora para que essa fuga pudesse ser obstruída. É uma vergonha para o Brasil que um réu com tamanha visibilidade se evada do Brasil sem ninguém ter visto”, afirmou.

Campos disse esperar explicações convincentes do ministro sobre esses dois fatos que geraram dúvidas e incertezas. “Nós não temos tantos casos registrados de pessoas condenadas no Brasil que tiveram a prisão decretada e conseguiram sair do país sem nenhuma dificuldade. A nossa expectativa é que o ministro consiga responder todas as indagações acerca das circunstâncias em que se deu essa fuga”, disse. “Em relação à Siemens, há um direcionamento das investigações com produção de documentos apócrifos que passaram pelo ministro. Isso não é próprio de um estado republicano e de um ministro de estado”, acrescentou.

Falta de provas

Cardozo recebeu um dossiê das mãos de Simão Pedro, deputado petista licenciado e hoje secretário do governo Fernando Haddad em São Paulo. O ministro enviou o documento à Polícia Federal que apontaria o envolvimento, sem nenhuma prova, de tucanos em suposto cartel para obras do metrô em São Paulo.

De acordo com os tucanos, os supostos encontros de Cardozo com sócios de consultoria investigada na ação sobre formação de cartel também devem ser alvo de questionamentos na audiência.

“É mais um ponto que ele tem que esclarecer. Até o momento as respostas do ministro foram muito superficiais. A sociedade quer que tenhamos um ministro que fale a verdade”, apontou Otavio Leite.

“Quais as razões do encontro? Quais as circunstâncias? Qual foi a pauta? O que foi tratado? Essas coisas tem que vir a público. Até porque nós estamos nos reportando a um ministro de estado, uma figura pública, alguém que tem que agir com absoluta transparência. Essas incertezas geram insegurança e uma complicação para o ministro”, destacou João Campos.

Cardozo se complica

Para o líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP), a cada elemento novo trazido pelo noticiário dos últimos dias, Cardozo se complica ainda mais. É o caso da informação de que o ministro teria tido encontros com sócios de consultoria investigada na ação sobre formação de cartel. “Essas reuniões são mais um elemento complicador da situação do ministro, ainda mais se levarmos em conta que foi o próprio Simão Pedro, deputado do PT e amigo de Cardozo, quem os acusou de terem pago propina para agentes políticos do governo estadual. Será que Simão Pedro não alertou seu amigo, que à época era deputado federal, sobre o ‘proceder ilegal’ desses consultores? Por outro lado, o que justifica o encontro do então deputado federal José Eduardo Cardoso com consultores que atuam na área do Executivo e não no Legislativo?”, questionou.

“A verdade é que, se o encontro ocorre com membros do PSDB, são fortes indícios de conluio e irregularidades. Agora, quando inexplicavelmente o então parlamentar e hoje ministro da Justiça se encontra com os mesmos consultores, tudo não passou de uma conversa normal e republicana”, ironizou Sampaio.

Segundo o líder, “está evidente que o ministro Cardozo, que fez parte de uma armação para tentar desgastar e prejudicar adversários, atacando os consultores, agora não consegue explicar a razão pela qual os convidou para um bate papo!”.

Carta anônima

De acordo com reportagem da revista “Veja” desta semana, uma carta escrita por uma pessoa que se apresenta como funcionário da empresa Mitsui (que, segundo as denúncias, faria parte do cartel) foi remetida da embaixada brasileira no Japão para a Polícia Federal, onde passou a integrar as investigações sobre o caso – assim como ocorreu com o documento com a tradução manipulada de documento entregue à PF para incriminar integrantes do PSDB.

O presidente do diretório do PSDB-SP, deputado Duarte Nogueira (SP), afirmou que a ação de Cardozo no episódio é “mais uma tentativa de constranger os adversários do PT”. “Lamentavelmente, o ministro Cardozo não age como um magistrado, e sim como um dirigente partidário”, declarou.

Para Nogueira, a saída do ministro do cargo é essencial para que as denúncias sejam investigadas com isenção. “As acusações são graves e o PSDB quer o esclarecimento de tudo o que foi exposto. Porém, não acreditamos que isso será possível com o ministro à frente do processo, já que ele tem agido com orientação política”, ressaltou.

(Reportagem: Alessandra Galvão com informações do site do PSDB/ Fotos: Alexssandro Loyola/Áudio: Hélio Ricardo)

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2 dezembro, 2013 Últimas notícias 2 Commentários »

2 respostas para “Postura incompatível com cargo”

  1. Cleber Polverel disse:

    O carater robusto dos questionamentos feito por parlamentares do PSDB restaura a diguinidade arranhada que o PSDB sofreu com este embrolio de falsas acusaçoes e jogo anti democratico do PT.

    Ja esta claro que foi armaçao, entretanto precisamos de que haja penalidades aos culpados.

  2. Antonio Carlos disse:

    Prezados Srs.,

    Isto esta cheirando lambança coorporativa mal combinada entre a cúpula petista. Este Rui Falcao deve estar por tras disto, sob a tutela do Lula, Palocci (um que anda escondidinho mas mandando mais que o Ze Dirceu) e o próprio Ze Dirceu que de gerenciamento de procedimentos hoteleiros não sabe nada, mas de dossiê sabe tudo, sem ainda contar com a logística da maquina do Estado nas mãos da Dilma.

    Uma coisa que não pode ficar sem esclarecimento também eh a questão do envolvimento deste Hotel que, generosamente, ofereceu um emprego ao Ze como gerente com salario de R$ 20.000,00/mes, quando sabemos que os hotéis tradicionalmente, não são la esta excelência em remuneração da sua mao de obra. Neste ai o gerente ganha normalmente R$1800,00/mês.

    Precisamos começar a ganhar as eleições de 2014 já.

    Att.

    Antônio Carlos

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