Aloprados 2


Contradições em dossiê para incriminar tucanos colocam ministro em posição insustentável

As contradições entre o relatório do ex-executivo da Siemens, Everton Rheinheimer, e a versão traduzida para o português sobre a denúncia de suposta formação de cartel em licitações do metrô em São Paulo põem o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, na berlinda. O documento original não indica o pagamento de suborno a políticos do PSDB, o que aparece apenas na tradução apresentada por Cardozo. Para o deputado Marcus Pestana (MG), as diferenças mostram que houve uso político-partidário do ministério.

“O ministro da Justiça perdeu as condições éticas, a credibilidade e a isenção para continuar à frente de um ministério tão essencial, que cuida da segurança pública e da Polícia Federal”, condenou Pestana. De acordo com o tucano, o governo do PT se especializou em cultivar práticas pouco republicanas. “É uma fábrica de dossiês e de acusações infundadas, inverídicas e mentirosas contra seus adversários”, disse.

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Destacam-se, na visão do parlamentar, o caso dos aloprados – dossiê encomendado por petistas contra o então candidato à Presidência José Serra – e a chamada lista de Furnas, documento forjado por petistas para atingir a oposição e abafar investigações sobre o escândalo do mensalão, em 2006.

O novo dossiê inclui cartas de 2008 e de 2013 com denúncias anônimas sobre práticas ilegais da Siemens no Brasil. O ministro recebeu a documentação com as cartas, tanto as de 2008 quanto a de 2013, em maio deste ano, das mãos de Simão Pedro, deputado estadual do PT em São Paulo. Foram acrescentados na tradução trechos inexistentes para envolver tucanos nas denúncias. O engenheiro Arthur Gomes Teixeira, sócio da Procint Projetos e Consultoria, afirmou ao jornal “O Estado de S. Paulo” que jamais pagou propina para políticos tucanos nem de outros partidos, como consta no relatório.

Reportagem do “Correio Braziliense” detalha as contradições. Na tradução, nomes inexistentes na outra versão acabaram incluídos, bem como relações profissionais entre os suspeitos de participar do cartel são criadas. A versão brasileira também cogita percentuais de pagamento de propina, inclusive descrevendo minúcias de descontos de cheques e investigações da Polícia Federal sobre executivos de empresas multinacionais.

Diante da gravidade, ontem, o líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP), pediu à Procuradoria Geral da República (PGR) e à Comissão de Ética Pública da Presidência da República que investiguem Cardozo. Sampaio aponta a existência de improbidade administrativa e prevaricação no caso da Siemens.

Na avaliação do líder da Minoria na Câmara, Nilson Leitão (MT), Cardozo desrespeitou a Constituição Federal, o que torna sua permanência na pasta insustentável. “Acredito que o seu afastamento é irreversível num governo sério. Espero que a presidente Dilma se sinta um pouco séria para tomar a atitude de afastá-lo”, avaliou.

(Reportagem: Gabriel Garcia/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Hélio Ricardo)

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28 novembro, 2013 Últimas notícias 2 Commentários »

2 respostas para “Aloprados 2”

  1. “A Falta de separação entre Estado e governo prejudica seriamente as instituições Democráticas no Brasil. Por quê? Quem deveria garantir a democracia, os órgãos de Estado, freqüentemente a sacrifica em prol dos interesses de governo.
    Logo, se quisermos que o Brasil se torne um país sério, é indispensável separar o Estado do governo. Para tanto podemos optar pela monarquia parlamentarista. “Segundo as estatísticas recentes, ela é mais eficiente na administração de um país por ser melhor prestadora de serviços públicos, democráticos e eficazes no combate à corrupção, além de barata para o contribuinte.”

  2. Ises Ramos disse:

    Proponho que o PSDB,requeira de quem a possui,a versão original(em inglês)
    e mande fazer uma tradução através de um tradutor juramentado;e,então a
    publique nos orgãos mais representativos da imprensa.

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