Caso Siemens
Presidente e líderes do PSDB pedem afastamento de Cardozo para garantir clareza nas investigações
O afastamento do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, é essencial para uma investigação transparente sobre o caso Siemens, defendem o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), e os líderes do partido na Câmara e no Senado, Carlos Sampaio (SP) e Aloysio Nunes (SP).
Em entrevista coletiva nesta terça-feira (26), os tucanos criticaram a sucessão de equívocos e desmentidos que envolvem o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, o presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), Vinícius Carvalho, e o secretário municipal de SP Simão Pedro. Os parlamentares compararam o episódio a outras tentativas de divulgação de informações falsas pelo PT, como o dossiê dos Aloprados, a Lista de Furnas e o dossiê das Ilhas Cayman.
“Uma questão é a luta política. Ela deve se dar nos campos próprios, jamais na utilização de instituições de Estado para esse fim, o que é algo corriqueiro por parte daqueles que estão no poder”, afirmou Aécio. Segundo ele, um dos objetivos das mentiras agora divulgadas é amenizar o impacto das prisões dos mensaleiros. “Foi uma atitude irresponsável daqueles que deveriam zelar pela república e pelo respeito às instituições”, completou.
O líder Carlos Sampaio classificou o caso como Aloprados 2, já que ele guarda semelhanças com o fato de 2006. Naquele ano, integrantes do PT foram presos ao tentar comprar um dossiê sobre José Serra.
O deputado destacou as contradições que mais chamam atenção na história de Cardozo. O ministro recebeu a denúncia em sua casa, em São Paulo, por Simão, um companheiro de partido. “Ele não recebeu oficialmente nem pelos meios legais. Quando ele diz que, se não entregasse à PF, teria prevaricado, ele falta com a verdade”, explicou Sampaio.
Além de falso, o documento não é assinado por ninguém. “Se o ministro da Justiça se dispõe a receber em casa uma denúncia formatada de forma genérica contra pessoas com a mais alta respeitabilidade do PSDB, o foco era atingir a imagem do partido”, observou o tucano. Para completar, o documento vinha acompanhado de um pedido de cargo. O denunciante solicita no texto indicação para uma vaga na Vale. Cardozo entregou o texto à Polícia Federal e pediu investigação, mas não oficializou o repasse.
José Aníbal destacou a tradução feita por Simão do texto original da denúncia enviada à Siemens em 2008. O original não faz referência a nenhum político ou empresa. Na tradução, no entanto, foi incluído um parágrafo citando integrantes do PSDB. “Tivemos acesso às delações premiadas e, em nenhum momento, há qualquer menção a políticos do partido. Isso não está no original, está dentro do dossiê. É uma tradução ‘padrão PT’”, explicou.
Se a presidente Dilma Rousseff não conhecia a verdade dos fatos, agora está sbendo e deve tomar providências, acredita Aníbal. “Ou ela demite o ministro, ou é cúmplice do dossiê dos Aloprados 2”, observou.
O secretário de SP Edson Aparecido questionou o repentino interesse do Cade no sistema metroviário de São Paulo, já que a denúncia original feita à Siemens em 2008 falava na saúde e no setor elétrico. “A postura adotada pelo ministro da justiça, pelo presidente do Cade e pelo deputado do PT foge completamente de um processo constitucional que todos nós queremos. De apuração dos fatos, de apuração da verdade”, frisou.
Aloysio Nunes disse que requisitou ao Senado o direito de ter acesso aos dados divulgados que o envolvem. Para ele, Cardozo atrapalha o andamento das investigações e conduz o processo “com falta de decoro e seriedade”.
“Vamos passar a limpo toda essa questão. Quanto a mim, pessoalmente, eu quero dizer que esse episódio me causa um intenso sofrimento pessoal. Intenso, porque vi o meu nome misturado a um episódio nebuloso, a partir de um documento falso”, disse.
(Da redação/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio e Vídeo: Hélio Ricardo)
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