Desequilíbrio social


Nordeste precisa de políticas estruturantes para reduzir desigualdades, afirma Sérgio Guerra

O crescimento do Nordeste é destaque entre as regiões do país, mas não tem sido acompanhado pelo desenvolvimento social de que a população necessita. Enquanto a região cresceu 3% no ano passado, a expansão do PIB nacional foi de apenas 0,9%. Para o deputado Sérgio Guerra (PE), faltam políticas estruturantes e projetos para tirar efetivamente os cidadãos da pobreza, e não só amenizar a situação dos mais carentes.

“As boas taxas de crescimento são insuficientes para reduzir a distância do resto do Brasil. É visível que as condições socioeconômicas ainda estão longe de terem sido alteradas. Há sim investimentos importantes, crescimento de setores relevantes, mas essa expansão não quer dizer que haja o desenvolvimento da região como deveria”, explica o tucano.

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O deputado ressalta que o Nordeste sofre com as maiores desigualdades sociais do país. “O Nordeste continua pobre e ali há vários ‘nordestes’. São regiões com diferenças fortes. Há áreas de grande pobreza. São diferenças muito radicais. Mais do que em outros lugares do Brasil esse desequilíbrio é forte”, disse.

Para o deputado, o Brasil não pode ser considerado um país que caminha rumo ao desenvolvimento se não tiver um plano para melhorar a principal área de concentração de miséria em todo o território.

“Não existe projeto de desenvolvimento nacional se não tiver algo assim para o Nordeste, pois a região é uma enorme concentração de pobreza. É verdade que há partes ricas, mas no geral não é assim. Para crescer de maneira justa, é preciso fazer com que o Nordeste cresça de forma a se igualar com outras regiões”, destaca.

Para que isso ocorra, Sérgio Guerra explica que é preciso haver uma política estruturante de desenvolvimento econômico. Sozinhas, as políticas de transferência de renda ajudam, mas “continuam, agravam e de certa forma, estimulam a dependência de setores mais pobres”. 

 

Obras empacadas: população ainda espera por benefícios prometidos pela gestão petista

Se a população do Nordeste não consegue colher os frutos do crescimento, a culpa é principalmente do governo federal. É o que acredita o deputado Sérgio Guerra (PE).  Para ele, a ausência de investimentos e a não realização de projetos importantes afetam diretamente a vida dos nordestinos, que dependem dos benefícios que tais empreendimentos poderiam gerar.

 “A ideia de recuperar o Brasil, tida por Tancredo Neves, não teve continuidade. No governo do PT alguns investimentos foram priorizados, mas só da boca para fora. Falou-se muito das refinarias de petróleo, da Transnordestina e da transposição do rio São Francisco”, lembra o parlamentar, ao destacar que todos essas grandes construções nunca foram concluídas.

A transposição deveria levar água a 12 milhões de sertanejos, mas está praticamente abandonada e custará o dobro dos R$ 4 bilhões previstos inicialmente. Em dezembro de 2010, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou pela última vez as obras. Na ocasião, o petista disse que a obra seria “inaugurada definitivamente em 2012, a não ser que acontecesse um dilúvio.” É um exemplo claro do que não se deve fazer no que diz respeito a obras públicas.

A refinaria Abreu e Lima sofre do mesmo mal. “Está com sobrepreço de quase 400%. A própria presidente da Petrobras já alegou que se trata de um caso de irregularidade flagrante, mas ela continua sendo construída mesmo assim e sem a participação da Venezuela, como havia sido anunciado”, destaca o tucano.

A Transnordestina é um exemplo de falta de planejamento e atrasos sucessivos. Era para ser entregue em 2010, já consumiu R$ 2,4 bilhões a mais que o previsto e nunca foi inaugurada. Ao contrário, as obras seguem a passos de tartaruga.

Guerra lembra que há um verdadeiro descaso em relação às condições dos nordestinos que vivem no semiárido e enfrentam graves períodos de estiagem todos os anos.

“O Nordeste viveu uma seca brutal e ficou evidente que após tantos anúncios e soluções que nunca chegam, a população viveu isso tudo com a mesma debilidade de anos e anos atrás. Continuamos passíveis do regime das chuvas e a seca continua atingindo a população mais pobre”, lamentou.

(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Hélio Ricardo)

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25 novembro, 2013 Últimas notícias Sem commentários »

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