Descontrole gerencial

Jorge Gerdau afirma que falta de governança e visão de longo prazo impedem desenvolvimento do país

O Brasil enfrenta a falta de governança para vencer três problemas: a má qualidade da educação, a falta de logística e alta carga tributária. Esta é a avaliação do presidente do Conselho de Administração do grupo Gerdau e empresário do setor siderúrgico, Jorge Gerdau, que nesta quarta-feira (20/11) participou da audiência pública nas comissões de Minas e Energia, Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara.

O desafio de investir em ciência e tecnologia também foi abordado por Jorge Gerdau. Segundo ele, o mínimo de investimento estaria entre 3% e 5%.  “Se nós quisermos ter sucesso tem que haver uma política de decisão. O Brasil já provou que investir em ciência e tecnologia dá resultado”.

De acordo com o empresário, é preciso pensar o país no médio e longo prazo. Ele cita o atraso de R$ 600 bilhões em investimentos no setor de transportes, incluindo as rodovias, ferrovias e hidrovias. Hoje, o Ministério dos Transportes tem orçamento de R$ 15 bilhões e executa em torno de  R$ 9 bilhões.

No setor de eletrointensivas, representado pelas indústrias que consomem muita energia, entre elas as indústrias de cimento, ferro-gusa, aço e metalurgia, o alto custo da energia reduz a competitividade internacional. Segundo Jorge Gerdau, a produção é uma das mais baratas do mundo, mas a alta carga tributária dobra o custo para as indústrias. O empresário também defendeu tarifas mais baixas que as residenciais para este setor, como é o usual em todo o mundo, segundo ele.

Para o deputado Paulo Abi-Ackel (MG), um dos proponentes do debate, a análise do empresário confirma que o país vive as consequências de problemas que não foram resolvidos nos últimos 10 anos. “Essa reflexão nos mostrou a necessidade de um Brasil moderno apontando soluções para alcançar competitividade em nível internacional”, afirmou.

Já o deputado Duarte Nogueira (SP), afirma que esse relaxamento na gestão que é danosa para o país. Ele questionou a busca de soluções para esses entraves. O deputado Nelson Marchezan Júnior (RS), diz que é impossível administrar bem num cenário em que as despesas aumentam. Ele propôs a adoção de uma gestão totalmente transparente, que segundo ele, combateria a corrupção e os privilégios. O deputado Izalci (DF) criticou a falta de controle do governo com o custo da máquina administrativa e sugeriu a melhor aplicação dos recursos públicos.

Com reportagem de Edjalma Borges, de Brasília, Alessandra Galvão.