Gargalos nas vias
Infraestrutura de transportes segue tendência de piora na gestão Dilma, alertam tucanos
A infraestrutura brasileira vai mal e segue a tendência de piora graças à incompetência de um governo que não aplica sequer os recursos reservados para o setor. Ano após ano, os investimentos diminuem: 2013 terá a pior execução orçamentária dos transportes no governo Dilma. Não deve passar de R$ 9 bilhões. Até outubro, nem metade dos R$ 14,6 bilhões destinados a estradas e ferrovias haviam sido aplicados.
Parlamentares do PSDB destacam que a morosidade e a leniência do Planalto com o setor se agravam no caso das hidrovias. O país economizaria quase R$ 4 bilhões por ano se utilizasse o potencial de navegação, além de tirar milhares de caminhões das estradas. Nem um quarto dos percursos navegáveis do Brasil é aproveitado. Apenas 7% de todas as cargas são transportadas por hidrovias, o meio de transporte mais barato.
Para César Colnago (ES) e Carlos Roberto (SP), o governo federal não demonstra ter interesse em melhorar a situação de estradas, ferrovias e hidrovias e, com isso, trava o desenvolvimento nacional. “Há num sucateamento de toda nossa infraestrutura, principalmente das estadas, como avaliam os organismos que fazem essa análise”, destaca Colnago.
Levantamento da Confederação Nacional do Transporte (CNT) mostrou recentemente que 64% das principais estradas brasileiras estão com problemas. O governo federal tem apenas 7% de 62 mil km de malha duplicados. Para sanar os problemas, seria necessário investir algo em torno de R$ 355 bilhões, ainda de acordo com a CNT.
“Temos uma malha viária completamente destruída com muitos problemas de acostamento, buracos, necessidade de modernização e de duplicação. Temos um percentual muito pequeno de estradas federais duplicadas. É uma vergonha e comprova a ineficiência de uma gestão que só piora”, critica o tucano.
As concessões eram a esperança de melhoria, afinal, somente 27% das rodovias sob gestão pública são classificadas como “ótimas” ou “boas”, enquanto 84% das concedidas estão nestas condições, como mostra a CNT. Mas o governo relutou para dar início ao projeto e agora, acanhadamente, sofre para tirar do papel.
Quando se fala em soluções para o transporte, logo se pensa em hidrovias. No entanto, elas estão longe de serem as opções escolhidas pelos gestores federais como as preferidas, mesmo sendo as mais viáveis do ponto de vista de custo e eficiência.
“Estamos aí com um transporte que se resume a rodovias em péssimas condições. Os grãos estão sendo transportados por caminhões, sendo que parte da produção se perde porque não há logística adequada. É um absurdo, pois a economia depende muito do transporte, que é um vetor fundamental para o desenvolvimento. Mas o governo parece não se importar com isso”, apontou Colnago.
Carlos Roberto lembra que, sem uma política definida em infraestrutura viária, durante os períodos de safra há sérios problemas para o transporte da mercadoria. Como afirma em artigo intitulado “Hidrovias, soluções simples para problemas complexos”, há “muito desperdício por pura falta de visão política de buscar soluções que valorizem os setores produtivos, como se defende no produtivismo moderno, onde produzir mais, melhor e mais barato são premissas básicas para se garantir o desenvolvimento de um país”.
O deputado afirma que a infraestrutura precisa ser pensada como um projeto macro para dar ao setor produtivo os investimentos necessários. “As soluções não são tão complexas como muitos querem fazer parecer. Muitas vezes, como é o caso de investimentos em hidrovias, é possível resolver problemas aparentemente insolúveis gastando muito menos dinheiro. Só que isso pode não interessar a quem manda e desmanda neste país. Mais uma vez fica evidente o que sempre afirmamos: quem não sabe fazer, faz mal feito e gasta muito”, lamenta.
Péssimo exemplo
-> Do norte de Mato Grosso, onde ficam algumas das maiores e mais produtivas lavouras de soja e milho do planeta, vem um exemplo da incompetência quando se fala em hidrovias. A região produz anualmente 50 milhões de toneladas de grãos que são transportadas em 1,7 milhão de viagens de caminhão por ano. Média de 4.700 carretas carregadas por dia. São mais de dois mil quilômetros até os portos do Sudeste e do Sul pela BR-163, para embarcar rumo aos mercados estrangeiros.
-> Se fosse via Teles Pires, um rio que corre bem no meio das lavouras, os produtos chegariam ao porto de Santarém, de lá para o Oceano Atlântico. Uma economia de mais de quatro mil quilômetros até os mercados externos. Uma saca de milho na região vale, em média, R$ 9. Para transportar essa saca até o porto de Santos, pela rodovia, o custo do frete chega a R$ 18, o dobro do valor do produto. Se a hidrovia Teles Pires fosse navegável, o frete cairia para menos de R$ 1 por saca. Segundo a Associação dos Produtores da Região, só com combustível, o Brasil economizaria R$ 2 bilhões por ano.
(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Divulgação CNT/ Áudio: Elyvio Blower)
Deixe uma resposta