Fiasco


Imprensa europeia endossa críticas sobre desconfiança de investidores na privatização do pré-sal 

Publicações de repercussão mundial chamaram a atenção para o baixo interesse de investidores internacionais do leilão do pré-sal do campo de Libra, que teve apenas um concorrente. A privatização do petróleo brasileiro, realizada na última segunda-feira, reforça que o regime de partilha estabelecido pelo PT causou desconfiança e afastou investidores de peso. Além disso, as publicações destacam que o único consórcio participante pagou o mínimo pedido pelo governo brasileiro. Críticas nesse tom foram feitas por deputados tucanos nos últimos dias. 

Para a principal publicação especializada em economia do mundo, “o leilão de Libra saiu barato”. Reportagem da mais recente edição da revista britânica “The Economist” relata ausência de gigantes do setor no leilão e a falta de disputa, o que, segundo a publicação, “revela a fragilidade da abordagem do governo no desenvolvimento de suas reservas de óleo”. Já o jornal “Financial Times” questiona o comportamento do governo brasileiro, que comemorou o resultado de um leilão sem concorrência. “Algo está errado com a formulação das políticas no Brasil”, diz o texto, que classifica o resultado da oferta como “medíocre”.

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Para o presidente do PSDB-SP, deputado Duarte Nogueira (SP), o governo do PT fez uma trapalhada em um negócio que trata diretamente do futuro do país. “Isso mostra que nós, da oposição, estávamos na linha correta de avaliação do leilão. A mudança do modelo de concessão para partilha gerou insegurança jurídica. Se isso não tivesse sido alterado, teria sido possível fazer o leilão de Libra no modelo anterior com melhores resultados para o Estado brasileiro”, avalia.

Como destacou a revista, a ausência de empresas como as americanas Chevron e Exxon e as britânicas BG e BP mostraram que o leilão não foi tão positivo quanto se esperava. “A presença da Shell e da Total no consórcio vencedor permitiu ao governo declarar que o leilão foi um sucesso. Mas apenas 11 empresas se registraram, quando eram esperadas mais de 40. E, apesar da expectativa de que ao menos seis consórcios fariam lances, houve apenas um, no valor mínimo” apontou a revista. Para o periódico, o modelo de partilha foi um dos obstáculos à participação de outras companhias. 

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“A Petrobras teve que aumentar sua participação de 30% para 40% par ao leilão não ficar vazio. Não houve concorrência, não houve ágio e, portanto, saiu sim muito barata essa privatização feita pelo PT da área de Libra do pré-sal”, ressalta Nogueira.  “Além de não ter sido positivo do ponto de vista do resultado, foi uma privatização completamente mal feita e um fiasco do ponto de vista do seu resultado”, completa.

Apesar de tudo, Dilma fez questão de chamar cadeia de rádio e TV para alardear o “sucesso” de sua empreitada. O Diretório Nacional do PSDB protocolou representação no Tribunal Superior Eleitoral contra a presidente. Para o partido, a petista fez “propaganda eleitoral extemporânea e ilegal”. “Ela usou a cadeia nacional de rádio e TV para tentar explicar o inexplicável e mostrar um ‘sucesso’, quando na verdade todo o mundo verificou, sem ufanismo e com lucidez, que foi um fracasso”, aponta Nogueira. “Dilma só pensa em eleição e há muito tempo esqueceu de governar o país”, critica o tucano. 

(Reportagem: Djan Moreno / Fotos: reprodução e Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)

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25 outubro, 2013 Últimas notícias Sem commentários »

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