Mudança de datas
Para deputados, adiamento da divulgação do resultado do Revalida mostra fracasso na saúde
O adiamento da divulgação do resultado da primeira fase do Revalida para depois da votação do programa Mais Médicos no Congresso revela o fracasso da gestão do governo na saúde. Essa é a avaliação dos deputados Antonio Imbassahy (BA) e Eduardo Azeredo (MG). Segundo interlocutores do Planalto, o índice de aprovação deve ficar próximo de 8% – seria o pior desempenho nessa fase da prova desde que o exame foi oficializado, em 2011.
Previsto para 11 de setembro, o resultado da primeira fase do exame foi adiado para 26 de setembro e, duas semanas depois, para 28 de outubro. As informações são do jornal “Folha de S.Paulo”.
Imbassahy considera preocupante a falta de qualificação dos médicos. “O governo buscou por meio do programa uma forma de dissimular o fracasso da administração da saúde pública no país. Evidentemente, todos nós queremos mais médicos, mas profissionais qualificados para atender a população”, destacou Imbassahy.
“Esse resultado comprova mais uma vez que o governo procura iludir a opinião pública por meio de propaganda e marketing e quem paga o preço no final das contas é exatamente a população mais carente do Brasil”, acrescentou.
Para Azeredo, o Executivo reconhece a incapacidade em resolver a questão da saúde. “O governo confessou a sua incapacidade de enfrentar a questão da saúde no Brasil. Após quase 11 anos trouxe como alternativa a importância de médicos estrangeiros. É importante que o Revalida seja respeitado. O governo reconhece que tem sido incapaz de melhorar a saúde no país”, ponderou.
Em 2011, a aprovação na primeira fase atingiu 14,2% dos 677 inscritos. No ano seguinte, dos 884 candidatos que fizeram a prova, apenas 12,5% passaram para a prova prática. Ou seja: nos dois anos do exame, o índice médio ficou em torno de 13%.
“Esse índice de 8% é assustador, revela o fracasso da qualificação de profissionais e merece ser revisto. O que interessa à população, além de mais médicos é também a qualidade dos profissionais e não simplificar o problema trazendo uma solução que não vai perdurar durante muito tempo”, ressaltou Imbassahy. “O resultado é péssimo. Menos de 10% serem aprovados mostra o risco que a população está correndo. Nós temos que ter uma melhoria urgente no ensino e também na análise desses médicos que vêm trabalhar no Brasil”, completou Azeredo.
De acordo com a “Folha”, nos bastidores, integrantes do próprio governo estranham a demora no anúncio do resultado. A hipótese deles é que a divulgação de um índice ruim poderia tumultuar o debate no Legislativo. A medida provisória que cria o programa já foi aprovada na Câmara e está em votação no plenário do Senado.
1.582
Candidatos fizeram a prova do Revalida
55,8%
Dos médicos inscritos no Revalida neste ano são da Bolívia
52,8%
Dos candidatos que tentam a revalidação são brasileiros
(Reportagem: Alessandra Galvão/ Foto: Alexssandro Loyola/Áudio: Elyvio Blower)
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