País no rumo errado


Tucanos cobram de Pimentel explicações sobre enfraquecimento da indústria brasileira 

Com a participação do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, as comissões de Desenvolvimento Econômico, de Relações Exteriores, de Agricultura e de Viação e Transportes debateram, nesta quarta-feira (18), a redução da participação da indústria no PIB brasileiro. Deputados do PSDB estiveram presentes e demonstraram preocupação com a crise vivida pelo setor.

Na sua exposição, o ministro mostrou um cenário bem satisfatório da indústria brasileira, o que vai na contramão da realidade. De acordo com ele, a indústria não está perdendo espaço e o país não está vivendo um processo de desindustrialização. Emanuel Fernandes (SP) rebateu o ministro e afirmou que o Brasil não está no caminho certo.

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“Estamos pouco integrados ao grande mercado mundial que está se formando. Falta uma política no Brasil mais agressiva para tratar do tema. O comércio no país está ficando isolado. Dentro dessa cadeia mundial que está se formando, o Brasil vai ficando para trás”, apontou o tucano durante o debate.

O deputado Carlos Roberto (SP) cobrou uma atuação mais eficiente do ministro frente à pasta. O tucano defende uma política mais produtiva para o segmento. “Produzindo mais haverá mais oportunidades. Somos muito pobres em representar o Brasil fora. É preciso avançar”, disse.

O deputado Alfredo Kaefer (PR), por sua vez, afirmou que houve, sim, redução da participação da indústria no PIB nos últimos anos. De acordo com ele, a alta carga tributária e a burocracia são alguns dos fatores prejudiciais.

Já o tucano Vanderlei Macris (SP) ressaltou a importância do setor na economia, que emprega 1,7 milhão de pessoas. Na sua visão, o ministro pintou um país bem diferente do real. Segundo o deputado, faltou Pimentel mostrar um caminho de solução. Durante o debate, Pimentel disse que a reforma tributária é o grande problema de competitividade, mas Macris acredita que falta vontade política do próprio governo para resolver a questão.

Macris demonstrou preocupação com o desempenho da indústria têxtil. “Estamos em momento de muita crise. Não podemos esquecer de um setor empregador, que tem tradição no Brasil. Se não tivermos cuidad,o o segmento começará a demitir seus funcionários”, disse.

Na ocasião, Domingos Sávio (MG) defendeu o enfrentamento da questão. O deputado lamenta o fato de a balança comercial ser desfavorável, o que impacta a indústria e tira a competitividade. “É desastroso para um país. O Brasil está patinando. Se tem algo que não condiz com a realidade, em médio prazo a bomba vai estourar. O setor está travado. É preciso de uma ação mais ampla do governo nessa área econômica”, cobrou.

Déficit histórico

→ O deputado Mandetta (DEM-MS), um dos autores do pedido de audiência pública, lembra que o IBGE divulgou, em março, que o PIB brasileiro em 2012 teve expansão de apenas 0,9%, em relação a 2011. Os destaques negativos ficaram com a agropecuária (-2,3%) e a indústria (-0,8%).

→ De acordo com os dados do IBGE, o PIB alcançou mais de R$ 4 trilhões em 2012. O PIB per capita passou de R$ 22 mil, mantendo-se praticamente estável (0,1%) em relação a 2011.

→ Outro tema discutido com o ministro foi o resultado negativo da balança comercial, ou seja, a diferença entre o valor das exportações e o das importações, que foi de cerca de US$ 5 bilhões no acumulado dos sete primeiros meses de 2013. O dado revela o maior déficit da história do Brasil para o período. Em termos de comparação, o resultado entre janeiro e julho de 2012 havia sido positivo em quase US$ 10 bilhões.

(Reportagem: Letícia Bogéa/ Fotos: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)

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18 setembro, 2013 Últimas notícias Sem commentários »

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