Relações exteriores

Ameaçado de extradição, senador boliviano desiste de ir à Comissão de Segurança da Câmara

Presidente da Comissão de Segurança Pública, Otavio Leite esteve com senador boliviano (D).

O senador boliviano Roger Pinto Molina não compareceu nesta terça-feira (3) à Comissão de Segurança Pública da Câmara porque recebeu um recado do governo brasileiro: sua ida ao Congresso poderia acelerar o processo de eventual extradição. A informação é do presidente do colegiado, deputado Otavio Leite (RJ), que sintetiza o tamanho do risco que Molina corre caso isso ocorra. “Se ele retorna ao país dele, tem a vida por um fio. Morre a qualquer momento”, alertou o tucano.

Leite esteve nesta tarde com o senador e o advogado dele, Fernando Tibúrcio, por duas horas. Na conversa, Molina relatou ao tucano que está profundamente abalado e preocupado, pois recebeu graves ameaças para não comparecer ao Congresso e ele quer que o governo brasileiro facilite o pedido de asilo. Ainda de acordo com o parlamentar boliviano, sua ida à Câmara foi apenas adiada.

De acordo com Leite, há um grande receio de que o boliviano possa falar sobre o narcotráfico. Como lembrou o deputado, a droga vinda da Bolívia abala milhões de jovens brasileiros. “E o governo não pode fechar os olhos para isso. Há, como todos sabemos, a informação de que a grande maioria de cocaína vem da Bolívia. Não pode ficar como está”, ressaltou.

Para o deputado Bruno Araújo (PE), pressionar o senador Molina para que ele não participasse de uma audiência no Congresso é um atentado à sociedade. O tucano lembrou que desde o asilo na embaixada brasileira em La Paz, há mais de 400 dias, o parlamentar estava em território brasileiro com o aval do governo. Ele diz não entender a mudança de opinião da nossa diplomacia. “Temos uma grande preocupação em relação à forma como o Itamaraty está sendo utilizado como uma instituição governamental, servindo ao governo do PT. É uma pena, pois foram décadas e décadas de construção de carreiras diplomáticas das mais belas e o Itamaraty fica subjulgado por um partido. Isso é ruim para o país”, opinou.

O senador boliviano Roger Pinto Molina está no Brasil há 10 dias. Ele saiu da Bolívia sem a autorização do presidente Evo Morales em operação liderada pelo diplomata brasileiro Eduardo Saboia. Em nota, o advogado do senador informou que nos próximos dias será explicado oficialmente o motivo da ausência.