Viés político


Ministro Patriota não convence deputados sobre contratação de estrangeiros para a saúde pública

Em audiência promovida pela Comissão de Relações Exteriores da Câmara em parceria com outros cinco colegiados nesta quinta-feira (22), o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, não convenceu sobre o anúncio de que o Brasil deve contratar 4 mil médicos cubanos para o programa Mais Médicos. Apesar de garantir que a contratação não terá viés político e atende a critérios emergenciais, o ministro admitiu que os profissionais não passarão pelo exame de revalidação de diploma.

O deputado Eduardo Azeredo (MG) afirma que a decisão do governo federal é no mínimo contraditória. “Existe uma clara incoerência que dificulta a liberação de contrato de trabalho para técnicos estrangeiros em áreas como engenharia e hotelaria, e nesse caso dos médicos estão liberando a entrada de 4 mil pessoas sem nenhuma revalidação de diploma ou atestado de que têm condições de trabalhar no país”, disse .

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O parlamentar avalia que o governo está simplificando o problema da saúde pública. “O cerne do problema está no recurso para a área”, ressalta Azeredo. Para ele, o Planalto faz vistas grossas e não discute a destinação de mais verbas para área. “É demagogia pensar que esses médicos vão solucionar os problemas da saúde brasileira. Não é essa a solução”.

Espionagem – Azeredo cobrou de Patriota ações práticas em relação às denúncias da prática de espionagem pelos Estados Unidos contra cidadãos de outros países, entre eles o Brasil. Durante a audiência, o ministro criticou a invasão de privacidade sob o pretexto de luta contra o terrorismo.

 “O Brasil realmente manifestou-se contra a espionagem. O que estamos cobrando agora é ação prática. Afinal, o que o governo vai fazer? Acelerar a defesa ou a assinatura de acordos internacionais sobre segurança cibernética?”, questionou.  O parlamentar afirma que não há, por exemplo, explicações convincentes para a não adesão do Brasil à convenção de Budapeste, acordo internacional sobre crimes cibernéticos.

Terrorismo – O deputado Walter Feldman (SP) defendeu que o Brasil crie uma legislação específica em relação ao terrorismo. O tucano convidou Patriota a participar de seminário que acontecerá no dia 19 de setembro com o intuito de que o país caminhe no sentido de adotar uma legislação específica para prevenir o problema. O evento, de iniciativa do parlamentar, pretende discutir a criação de leis e acabar com a timidez do país em relação ao assunto.

“As manifestações que tivermos até agora foram todas na área técnica e ainda não tivemos um tratamento adequado por parte do governo para que possamos corresponder ao desejo da ONU de estarmos preparados com uma legislação própria antes dos grandes eventos que o país sediará”, destacou. O tucano levantou a proximidade do governo brasileiro com o mundo árabe como uma possível razão para o país ainda não ter avançado nessa área. Patriota, por sua vez, nega que haja alguma influência nesse sentido.

Embaixadas – O ministro defendeu a manutenção de embaixadas em pequenos países do Caribe, pois elas gerariam benefícios ao Brasil, como o interesse dessas nações em comprar aeronaves brasileiras. Para Azeredo, as representações brasileiras nessas ilhas tem gerado um custo alto e aparentemente desnecessário. Apesar de somarem apenas 160 brasileiros em seu território, Barbados, São Cristóvão e Neves, Trinidad e Tobago, Granada e Santa Lúcia possuem embaixadas que consomem cerca de R$ 1 milhão por ano, fora os salários de funcionários.

(Reportagem: Djan Moreno/ Fotos: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)

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22 agosto, 2013 Últimas notícias Sem commentários »

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