Só na promessa

Incapaz de entregar as 6 mil creches prometidas, Dilma prejudica educação de famílias pobres

Maioria das creches prometidas por Dilma na campanha de 2010 devem ficar apenas no papel.

O descumprimento de promessas da presidente Dilma Rousseff atinge vários setores. A educação não foge à regra e faz parte desse pacote que em nada ajuda a vida da população. Reportagem do jornal “O Estado de S. Paulo” mostra que, dos cem municípios onde mais de 70% das famílias dependem do Bolsa Família, 56 não têm creche pública para atender crianças de 0 a 3 anos. A petista  prometeu construir 6 mil unidades até o fim de 2014. Em dois anos de governo, entregou apenas sete.

Na avaliação do deputado Raimundo Gomes de Matos (CE), os recursos orçamentários não são executados em virtude da incapacidade gerencial do governo petista. De acordo com o tucano, a centralização das ações demonstra a incompetência de gestão da presidente e sua equipe.

“As metas de estruturas físicas para a educação geralmente não passam de 12% de execução. Há uma carência na pré-infância e também na capacitação de professores. A execução orçamentária é pífia porque o governo centraliza as ações e não repassa para os estados e municípios”, criticou nesta terça-feira (20).

Um dos eixos do programa de transferência de renda, o Brasil Carinhoso é só teoria para boa parte dos brasileiros. Lançada em maio do ano passado, a Agenda de Atenção Básica à Primeira Infância prevê o aumento do valor repassado às famílias com crianças de até 6 anos, cuidados adicionais de saúde e aumento de vagas em creches.

O Ministério do Desenvolvimento Social, na ocasião, estimava que apenas 15% das crianças do programa estavam matriculadas em creches – o índice nacional é de 23,6%.

O cruzamento de dados feito pelo Estado, porém, aponta para um quadro pior do que o calculado pela pasta. Metade das cidades com maior população atendida pelo Bolsa Família não tem atualmente vagas suficientes para matricular 15% das crianças do programa – isso sem considerar as que não estão em famílias atendidas pelo Bolsa Família. Apenas sete municípios poderiam matricular mais da metade das crianças e em um quarto não há nenhuma vaga.

Em vez de incentivar as famílias a melhorar de vida, o governo petista cria empecilhos para que elas não consigam sair da dependência do programa. Gomes de Matos lamenta a falta de creches no país e afirma que o grande problema é a submissão ao Bolsa Família. “A maioria da população tem um dinheirinho para comprar seus alimentos e não tem nenhuma perspectiva de melhorar seus indicadores sociais e econômicos.”

Sem creche

→ Em Alcântara (MA), Maria Tecla Rodrigues, de 44 anos, cuida do neto Davi, de 11 meses, enquanto a filha Raissa, de 19 anos, estuda. Na casa ao lado, Ana Cláudia Diniz, de 39 anos, também fica com o neto Enzo Lucas, de 1 ano e meio, para a filha Naiele trabalhar. Na cidade onde mais de 80% dos moradores vivem do Bolsa Família, e, apesar de 10% da população ter até 4 anos, não há creche pública.

→ De acordo com os dados do Ministério da Educação, Alcântara teria uma creche pública e outra estaria em construção. O prefeito da cidade, Domingos Araken (PT), diz que hoje não existe nenhuma. A primeira está para ser construída e deverá ficar pronta em 2014. A única creche é comunitária, mas cobra R$ 100 por mês, fora da realidade de muitas famílias do município.

(Reportagem: Letícia Bogéa/ Foto: reprodução – TV/ Áudio: Elyvio Blower)