Eles não têm moral

Sampaio rebate acusações de petista e cobra mais cautela do partido de mensaleiros condenados

O líder do PSDB na Câmara, deputado Carlos Sampaio (SP), rebateu acusações feitas pelo deputado Amaury Teixeira (PT-BA) contra o partido e políticos como Mário Covas e Geraldo Alckmin. O petista usou a tribuna da Câmara nesta terça-feira (6) para acusar o governo paulista e tucanos de envolvimento e conivência com suposto cartel formado para superfaturar trens e o metrô de São Paulo. Usando como base reportagem da revista "Isto é", Amaury se referiu ao caso, ainda em fase inicial de investigação pelo MP, como "propinoduto tucano".

“O Ministério Público vai investigar as denúncias feitas. Já o STF não – ele já constatou que o PT desviou dinheiro público pelo mensalão. O órgão máximo da Justiça já disse ao Brasil que deputados e dirigentes partidários vão ser presos por desviar dinheiro público. E eles são de onde? Do seu partido”, afirmou o tucano em resposta ao petista.

Ligado ao Ministério da Justiça, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) investiga suposta formação de cartel para licitações do Metrô de São Paulo e do Distrito Federal e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). O Ministério Público está iniciando as apurações a respeito. “Sou do Ministério Público de São Paulo e uma das críticas que faço ao promotor de Justiça é quando ele prejulga, achincalha sem as provas constituídas. Foi exatamente o que fez hoje o deputado Amaury: tentou achincalhar os nomes de estandartes não do PSDB, mas da política nacional”, criticou Sampaio.

O tucano afirma que o Partido dos Trabalhadores não tem credibilidade para falar de um caso ainda em investigação. “Alguns deputados tinham que lavar a  boca para falar o nome de Mário Covas no plenário desta Casa. Não posso conceber que um deputado do PT lance ofensas a todos do meu partido sem sequer ter em mãos as análises feitas pelo Cade e pelo Ministério Público, que está instaurando o procedimento de investigação”, alertou.

Na avaliação de Sampaio, o deputado Amaury demonstrou algo típico da postura do PT: tentar tirar o foco da realidade. “Nunca vim a essa tribuna falar do seu partido, do achincalhe que fez com o dinheiro público, pois espero os embargos infringentes [no STF]. Mas Vossa Excelência pega uma denuncia para achincalhar Geraldo Alckmin e Mário Covas. Quem Vossa Excelência pensa que é? Que história tem para lançar brados contra pessoas que são referências na política nacional?”, questionou ao petista, que ficou quieto ouvindo. 

Sampaio destacou uma diferença importante entre acusações feitas ao governo paulista e àquelas levantadas contra o PT. “O PSDB quer saber quais empresas entraram em conluio para prejudicar São Paulo e desviar dinheiro público. No seu caso não: todos já sabem quanto seu partido desviou ao trocar mandatos por votos e mesadas”, afirmou.  “Seu partido tem referências da política nacional, o nosso também, mas os seus já foram condenados por desvio de dinheiro público. Quem disse isso não fui eu, foi o STF”, completou. Ao todo, 25 pessoas foram condenadas no escândalo do mensalão, uma das marcas do governo Lula.

(Reportagem: Djan Moreno/Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)