Bisbilhotagem inaceitável


Tucanos defendem apuração sobre espionagem americana no Brasil

Os deputados Ricardo Tripoli (SP) e Eduardo Azeredo (MG) repudiaram nesta terça-feira (6) a atitude dos Estados Unidos de montar uma rede de espionagem no DF para monitorar e-mails e ligações telefônicas de organizações e cidadãos brasileiros. Os tucanos pediram que seja feita uma investigação rigorosa durante audiência pública conjunta das comissões de Relações Exteriores da Câmara e do Senado em que foi ouvido o jornalista norte-americano Glenn Greenwald (foto). O colunista do jornal britânico "The Guardian" revelou o esquema de espionagem do governo dos Estados Unidos com base nas informações do ex-técnico da Agência Nacional de Segurança (NSA) Edward Snowden.

Para Tripoli, o Brasil tem que tomar alguma atitude e fazer com que essas empresas que detêm essas informações prestem contas ao Brasil. “Elas deverão ser ouvidas nessa comissão para que se coloque o que foi requisitado delas e o que foi feito com essas informações obtidas no Brasil”, cobrou.

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O tucano disse que o Planalto tem que agir e não aceitar como um fato corriqueiro essa espionagem feita contra diversas instituições e cidadãos. “O governo tem que demonstrar ao governo norte-americano que o Brasil não aceita esse tipo de invasão de privacidade por outros países. Avalio que o governo norte-americano terá que responder. E o Brasil precisa ter uma atitude dura, e não da maneira como está hoje”, reivindicou. Greenwald disse durante a audiência pública que não divulgou nem 10% das informações passadas pelo ex-técnico da NSA. 

Durante a audiência, Azeredo demonstrou muita preocupação com a arapongagem. Segundo ele, até mesmo o conteúdo de mensagens foi bisbilhotado, agravando ainda mais a situação. “O governo brasileiro está sendo omisso na questão da segurança eletrônica no Brasil", alertou.

De acordo com o tucano, apesar do esforço do Exército Brasileiro em aprimorar o setor, o governo petista não investe recursos suficientes para avançar nesta área. “O Brasil tem uma unidade do Exército, mas não tem recursos. E do ponto de vista da legislação, ela também é precária. Portanto, vamos continuar manifestando essa indignação com a espionagem eletrônica, incluindo o Brasil e outros países. Mas ao mesmo tempo cobraremos do governo brasileiro as providências legais e institucionais para combater esta nova modalidade de espionagem”, disse.

Greenwald disse que a espionagem feita pelo governo dos Estados Unidos no governo do Brasil e de cidadãos brasileiros envolve cerca de 70 mil pessoas. Ele disse que para espionar cidadãos americanos, é necessário autorização judicial, mas para outros países e pessoas, não. Segundo o colunista do "The Guardian", a Agência Nacional de Segurança pede e as empresas de telefonia e internet, como Google, Microsoft e Apple fornecem as informações. E que além da falta de controle sobre os funcionários que detém as informações, elas podem ser utilizadas para obter vantagens comerciais e industriais.

O jornalista afirmou também que o governo brasileiro tem que descobrir quais empresas  estão colaborando com o esquema de espionagem. Segundo ele, é preciso questionar no Brasil aquelas que têm acordos com as companhias de telecomunicações norte-americanas. 

(Reportagem: Artur Filho/ Foto: Laycer Tomaz – Ag. Câmara/ Áudio: Elyvio Blower)

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6 agosto, 2013 Últimas notícias Sem commentários »

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