Vidas ceifadas no asfalto


Omissão do governo contribui para aumento assustador de mortes no trânsito, avaliam deputados

Infraestrutura deficiente, estradas caóticas, falhas na sinalização e motoristas imprudentes. Esses são os maiores fatores que levaram ao aumento de número de vítimas no trânsito brasileiro. Levantamento feito pelo Observatório Nacional de Segurança Viária revelou um número assustador: em 2012, mais de 60 mil pessoas perderam a vida nas pistas e estradas. No Brasil, morre-se mais em acidentes do que por homicídio ou câncer, conforme mostrou reportagem da “Veja”.  Além disso, foram 352 mil casos de invalidez permanente.

Os deputados Otávio Leite (RJ) e Eduardo Azeredo (MG) consideram o número preocupante e criticam a omissão do governo federal em resolver a questão. “A cada ano milhares de brasileiros morrem em acidentes. É preciso ser mais rigoroso em relação à concessão de habilitação, seja para moto ou veículos”, cobrou Leite. O tucano acredita ser indispensável melhorar a qualidade na infraestrutura, já que, segundo ele, muitos acidentes são provocados por falta de sinalização, buracos ou rodovias que não foram recapeadas.

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Enquanto países como Alemanha, Austrália e China reduziram as mortes em acidentes de trânsito nos últimos anos – 81%, 40% e 43% -, respectivamente, o Brasil vai ficando para trás no quesito, e o governo Dilma Rousseff não vem atuando para dar sua contribuição no combate à violência no trânsito. Na avaliação dos tucanos, o governo petista é muito incompetente na conservação das vias e tímido na hora de fazer um planejamento.

A reportagem mostrou ainda que mais pessoas morreram em acidentes de trânsito no Brasil do que em três anos de guerra no Iraque; do que em 16 anos na guerra do Vietnã; e do que a guerra civil na Síria nos últimos 20 meses. De acordo com Azeredo, a situação crítica se dá, principalmente, pela falta de envolvimento do Executivo em resolver uma questão tão séria. Para o deputado, já passou da hora de o governo tomar providências como a duplicação de estradas para que elas se tornem mais seguras.

“A matéria traz uma realidade muito triste. Esse resultado vem, principalmente, de uma infraestrutura precária no Brasil. As estradas não comportam o trânsito. O governo promete duplicação de rodovias, mas não faz, e isso se repete em todo o país”, lamentou, ao alertar que a infraestrutura rodoviária brasileira não está em condições de suportar o atual tráfego. Ele defende ainda maior conscientização dos motoristas e campanha publicitária alertando para o risco da velocidade inadequada e da mistura álcool-direção, entre outros.

Apenas em um trecho de 10 km da BR-381, em MG, por exemplo, foram contabilizados mais de mil acidentes só no ano passado. Deputados do PSDB de Minas já cobraram diversas vezes a duplicação da rodovia. O mesmo ocorre com outras estradas da morte Brasil afora. Para Azeredo, os dados só reforçam a ineficiência da gestão petista. Conforme lembrou, há mais de dez anos que se fala da duplicação e nada é feito.

Enquanto número de óbitos triplica, investimentos nas principais rodovias patinam

→ O número de mortes entre motociclistas triplicou desde 2000. Os pilotos ou passageiros de motos têm 30 vezes mais probabilidade de morrer ou se machucar do que quem anda de carro. Metade das 7 mil crianças com menos de 7 anos que ficaram inválidas no trânsito em 2012 estava na garupa de motos.

→ Levantamento do site “Contas Abertas” revela que o Dnit não consegue dar ritmo de execução aos seus investimentos. A unidade orçamentária possui R$ 13,5 bilhões autorizados para usar este ano. No entanto, até junho apenas R$ 3,2 bilhões foram aplicados, o equivalente a 23,6%. Na principal ação para 2013, por exemplo, a de “manutenção de trechos rodoviários na região Nordeste”, que possui R$ 1,5 bilhão previsto em investimentos, apenas 1% do valor saiu do papel.

→ De acordo com o “G1”, as principais obras de rodovias do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) registram atraso médio de quatro anos em relação à data inicialmente prevista de conclusão. Entre o primeiro balanço do PAC, em abril de 2007, e o último, divulgado em junho deste ano, os nove empreendimentos em rodovias apontados como “ações significativas” pelo Ministério do Planejamento apresentam média de atraso de 48 meses, segundo o levantamento. Essas nove obras integram o PAC 2 desde o lançamento, em março de 2010 – oito estão em andamento e uma foi concluída.

(Reportagem: Letícia Bogéa/ Foto: Fábio Pozzebom – ABr / Áudio: Elyvio Blower)

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5 agosto, 2013 Últimas notícias Sem commentários »

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