Risco de desvios
Deputados condenam decisão de Dilma de perdoar dívidas de países africanos comandados por ditadores
O Brasil não pode perdoar dívidas de países africanos com governantes ditadores, na opinião dos deputados Sérgio Guerra (PE) e Carlos Roberto (SP). Segundo reportagem do jornal “O Globo”, presidentes de países africanos como Congo-Brazzaville, Gabão, Guiné Equatorial e Sudão que tiveram as dívidas anistiadas pela presidente Dilma Rousseff são investigados por desvio de dinheiro público na Europa e nos Estados Unidos. A petista decidiu perdoar 80% do débito dos ditadores, responsáveis por mais da metade da dívida de R$ 1,9 bilhão de países africanos com o Brasil. O perdão, que depende da aprovação do Senado, custará R$ 8 a cada cidadão brasileiro.
Para Guerra, a decisão de Dilma mostra a falta de compromisso da presidente com a democracia. “Não temos nada a ver com a irresponsabilidade de governantes de outros países que são autoritários, ditatoriais e que não correspondem a compromissos internacionais. É uma completa e total alienação. Esquizofrenia pura”, condenou nesta segunda-feira (5).
O tucano disse que a atitude do governo é autoritária e contraria os interesses da sociedade. “É uma forte demonstração de autoritarismo político, por não reconhecer que o povo jamais concordaria com uma ação desse tipo. Se a sociedade brasileira fosse ouvida, jamais admitiria que isso acontecesse”, afirmou.
Carlos Roberto diz que a presidente Dilma vem cometendo o mesmo erro que o seu antecessor. Segundo ele, o governo petista perdoa dívida de outros países, enquanto os brasileiros não têm uma assistência adequada na saúde e na educação. “Isentar o pagamento desses países de ditadores que se enriqueceram, inclusive na desgraça do povo, nos envergonha muito”, declarou.
Os presidentes desses quatros países, alguns de seus familiares e principais assessores enfrentam processos em diferentes tribunais por roubo e desvio de dinheiro público, enriquecimento ilícito, corrupção, lavagem de dinhiero e genocídio.
No último dia 10 de julho, o Senado aprovou o perdão da dívida do Congo no valor de R$ 793,3 milhões. De acordo com o “O Globo”, os senadores da oposição tentam barrar o perdão das dívidas da Zâmbia, Tanzânia, Costa do Marfim e República Democrática do Congo.
No início de julho, o deputado Antonio Imbassahy (BA) apresentou requerimento pedindo esclarecimentos do ministro da Fazenda, Guido Mantega, sobre o perdão e a renegociação de dívidas de 12 países africanos anunciados pela presidente Dilma Rousseff. O montante dispensado soma US$ 900 milhões.
(Reportagem: Artur Filho/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)
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