Imagem enganosa


Discurso da presidente sobre desempenho da economia está fora da realidade, aponta Valdivino

As declarações da presidente Dilma Rousseff de que a inflação e as despesas do governo estão sob controle não condizem com a realidade. Essa é a avaliação do deputado Valdivino de Oliveira (GO). Durante discurso em reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social ontem, a petista atribuiu o cenário econômico atual a um “ambiente de pessimismo”. No entanto, os números contradizem a presidente. A inflação registrou 6,7% em junho, no acumulado em 12 meses, e ultrapassou a meta do governo de 4,5%. Além disso, o governo deve anunciar na próxima semana um contingenciamento bilionário do Orçamento para melhorar as contas públicas. 

Para o tucano, a presidente tenta passar uma imagem enganosa de que o país é um paraíso econômico, enquanto o setor mostra sinais de fraqueza. “Todas as vezes que a gente tem um embate com o governo sobre as questões econômicas, passam a imagem de que estamos vivendo em um paraíso econômico, em que não há inflação e tem crescimento. Isso não é a realidade. Nós temos muitos problemas na economia brasileira, que não está reagindo. A inflação esta aí”, afirmou o deputado, que é economista.

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Em um ano, os alimentos registraram alta de 12,8%, segundo o IBGE. Valdivino lembrou que os mais prejudicados com a inflação são os mais pobres. “Quando a dona de casa vai ao supermercado ela observa que os preços estão muito mais elevados do que o governo divulga”, disse.

Se a inflação estivesse dentro da meta, o Banco Central não estaria aumentando os juros. Na semana passada, a Selic – a taxa básica de juros – subiu para 8,5% ao ano. Para o BC, o índice é "elevado, disperso e resistente". “O nível elevado de inflação e a dispersão de aumento de preços – a exemplo dos recentemente observados – contribuem para que a inflação mostre resistência”, diz trecho do documento referente à reunião do BC que aumentou a Selic. E completa: “A política monetária deve se manter especialmente vigilante, de modo a minimizar riscos de que níveis elevados de inflação como o observado nos últimos doze meses persistam no horizonte.”

“Os economistas do Banco Central evidenciam os problemas que a economia brasileira está vivenciando. Mas nem o Ministério da Fazenda nem a presidente da República enxergam esses problemas”, criticou o parlamentar.

A economia do governo para o pagamento dos juros da dívida pública também está abaixo da meta. Até maio, o superávit primário foi de apenas 1,6% do Produto Interno Bruto (PIB), ante uma meta de 2,3% do PIB.  Valdivino destacou que o governo recorre à contabilidade criativa para engordar a conta do superávit.

“Mesmo para alcançar o superávit eles estão maquiando as contas. Todo mundo sabe que o balanço está sendo ajustado com as contas da Petrobras e de outras estatais para poder chegar ao superávit que o governo pretende anunciar. O pior é que o governo tem gastado mal”, ponderou.

O governo vem usando o Tesouro Nacional e as empresas públicas para melhorar as contas, por meio de decretos e medidas provisórias. Apenas neste ano, foram quatro MPs e um decreto para garantir manobras fiscais que já envolvem, pelo menos, a Caixa Econômica Federal, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a usina de Itaipu, destaca reportagem do site da “Veja”.

Em nota, o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), criticou o discurso da presidente. Segundo ele, as expectativas em relação ao país vêm piorando devido a erros do governo. "O Brasil não precisa de ufanismo nem de avaliações distantes da realidade neste momento ruim da economia. Até porque essa postura compromete o diagnóstico dos problemas que o país precisa enfrentar. O momento é resultado de muito esforço do governo da presidente Dilma e de seu antecessor para desmontar os pilares macroeconômicos que receberam do presidente FHC", disse.

(Reportagem: Alessandra Galvão/ Foto: / Áudio: Elyvio Blower)

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18 julho, 2013 Últimas notícias Sem commentários »

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