Declarações irresponsáveis


Após acusações levianas contra oposição, governo continua em silêncio sobre inquérito da PF

Após a conclusão do inquérito da Polícia Federal que apurou a corrida às agências por conta de supostos boatos sobre o fim do Bolsa Família, a ministra de Direitos Humanos, Maria do Rosário, se esquivou de comentar o ocorrido. Em maio, a titular acusou a oposição de espalhar a notícia. A investigação da PF, no entanto, concluiu que o boato teria sido espontâneo, não havendo como responsabilizar uma pessoa ou grupo. Os deputados Raimundo Gomes de Matos (CE) e Eduardo Azeredo (MG) cobraram da ministra um pedido de desculpas por ter acusado a oposição de forma leviana.

Diante disso, líderes da oposição ingressarão com representação contra a ministra na Comissão de Ética Pública do Planalto. Como a PF apontou responsabilidade da Caixa nos boatos que levaram milhares de pessoas a tentar sacar o benefício, a oposição considera que Rosário deve se explicar.

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De acordo com Gomes de Matos, já é comum por parte do governo petista dar declarações irresponsáveis e levianas. “A ministra foi leviana quando irresponsavelmente fez declarações culpando integrantes da oposição por toda essa 'lambança' que a Caixa fez em relação ao programa”, afirmou nesta segunda-feira (15). “Se a presidente levasse com seriedade seu governo, ela deveria no mínimo demitir os diretores da Caixa”, completou.

Para Azeredo, a ministra quis jogar um problema do governo para a oposição. Conforme lembrou, a conclusão da PF mostra claramente que a oposição não teve nenhuma relação com o boato. “O que ocorreu foi uma incompetência da própria Caixa, que está cheia de petistas, já que houve uma partidarização do banco”, apontou. Segundo ele, a oposição questiona a politização feita pela ministra, querendo transferir uma culpa que é do próprio governo.

Maria do Rosário deveria usar a conta no Twitter para pedir desculpas, acredita o deputado. “Uma das características do governo Dilma é a prepotência. E isso passa por todos os níveis de governo. Então, o que vimos nesse episódio foi mais uma demonstração de prepotência e falta de humildade, o que é tão importante na função pública”, concluiu Azeredo.

Na época da corrida às agências, em maio, a presidente Dilma Rousseff  disse que o autor do boato era “desumano” e “criminoso”. Já o ex-presidente Lula ressaltou que os boatos não atrapalhariam o programa.

Líderes da oposição chegaram a visitar a PF pedindo acesso ao inquérito no início das investigações, mas não tiveram resultado. O líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP), disse que solicitará novamente à polícia acesso ao inquérito, uma vez que ele já foi concluído. Sampaio considera injustificável a polícia não disponibilizar uma cópia da investigação. Ele estuda entrar ainda com representação no Ministério Público Federal solicitando a apuração de possíveis falhas no inquérito.

“O governo é incapaz de dar uma resposta à sociedade. Perdeu as rédeas da situação, expondo o Brasil a uma situação vergonhosa”, criticou. “É inadmissível que a Polícia Federal encerre o inquérito sem apontar os responsáveis pelo boato que provocou tumulto em todo o país, prejudicando milhares de famílias beneficiárias do programa, ainda mais quando uma ministra acusou irresponsavelmente a oposição. Ao que me consta, a presidente Dilma e a ministra ainda não se desculparam”, completou o líder tucano.

Governo não comenta fim das investigações

→ O governo federal não se pronunciou sobre o término das investigações da PF que descartaram uma motivação política nos boatos sobre o Bolsa Família. A ministra Maria do Rosário, a mais assertiva a culpar a oposição pela difusão dos rumores, informou, por meio da assessoria de imprensa, que não se manifestaria.

→ O ministro José Eduardo Cardozo (Justiça), que chegou a dizer que acreditava em ação articulada para tumultuar o pagamento do benefício, foi procurado ontem pela Folha de S. Paulo para comentar o desfecho do inquérito, mas também não se pronunciou. A Caixa também informou que não comentaria a conclusão das investigações. O presidente do banco, Jorge Hereda, teve de pedir desculpas publicamente por dar versões contraditórias sobre a liberação do pagamento.

(Reportagem: Letícia Bogéa/ Fotos: Tânia Rêgo/ABr/ Áudio: Elyvio Blower)

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15 julho, 2013 Últimas notícias Sem commentários »

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