Na contramão do mercado


Queda no patrimônio do BNDES revela má gestão e desperdício de dinheiro público, apontam tucanos

Na avaliação de deputados do PSDB, a perda de valor do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) representa desperdício de dinheiro público. O patrimônio da instituição caiu de R$ 75,602 bilhões, em março de 2011, para R$ 46,799 bilhões, em março de 2013, uma redução de 38%. A instituição está na contramão do mercado, já que a média de cinco grandes bancos públicos e privados registrou crescimento de 25%.

O líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP), criticou a má gestão das empresas públicas no governo da presidente Dilma. “Vejam o que a Dilma do PT vem fazendo no país. Petrobras perde R$ 69 bilhões na Bolsa e vale hoje R$ 242,9 bilhões. Valia R$ 311 bilhões em março. BNDES – patrimônio recua 38%. Já os bancos privados crescem perto de 25%”, escreveu em seu perfil do Facebook.

Para o deputado Domingos Sávio (MG), os números comprovam a má administração do banco público. “Essa é uma demonstração clara de como o governo gerencia mal o que pertence ao povo brasileiro. O Executivo gosta de jogar pela janela o dinheiro do povo favorecendo megaempresários. O BNDES tem colocado bilhões de reais em empresas como as do Eike Batista e em outras em situação de alto risco”, disse nesta segunda-feira. “Isso leva o povo a perder um dinheiro que poderia ajudar a salvar as Santas Casas, a melhorar a saúde e a segurança no país”, completou.

O deputado Carlos Roberto (SP) também reprovou os empréstimos de R$ 10,4 bilhões do BNDES para o empresário Eike Batista. “Questionamos várias vezes o presidente do banco, Luciano Coutinho, sobre dar esse privilégio de mais de R$ 10 bilhões para uma única empresa dentro de um segmento que era um risco. A constatação foi exatamente a desvalorização dessas ações. Isso é uma prova de que o banco não está atuando naquilo que deve atuar um banco oficial”, ponderou. “Pior do que não ter o dinheiro para fazer as obras de infraestrutura, é ter investido mal o dinheiro e não sobrar para aquilo que é mais necessário no país”, acrescentou.  

O tucano é presidente da subcomissão especial para monitorar a atuação do BNDES. O deputado criticou a falta de transparência das operações da entidade. “Eu acredito que deve haver uma reforma imediata da mentalidade e do foco do BNDES. Os contratos não têm transparência, é difícil ver a profundidade de todos os investimentos. Estamos com um estudo muito grande para propor mudanças radicais, ter foco no crescimento e que o dinheiro público seja usado em benefício da sociedade, não de poucos empresários”, ressaltou. 

O parlamentar destacou que o BNDES não tem apoiado as micro, pequenas e médias empresas. “O banco deveria ser uma ferramenta de fomento para a economia. Se ele atuasse mais na cadeia de produção, teríamos um resultado no PIB e na indústria muito diferente do que temos hoje”, apontou. 

O Ministério Público Federal do Distrito Federal (MPF/DF) recorreu ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região para exigir transparência nas operações realizadas pelo BNDES. Desde 2008, a instituição já recebeu aportes de quase R$ 400 bilhões do Tesouro Nacional. 

O órgão busca reverter decisão da 20ª Vara Federal de Brasília, que negou pedido liminar para que os dados sobre os empréstimos e apoios realizados pelo banco nos últimos dez anos e daqui para frente fossem divulgados na internet. O MPF argumenta que a decisão da primeira instância deve ser reformada porque as operações do BNDES usam recursos exclusivamente públicos para fomentar atividades que são desenvolvidas por instituições públicas e privadas. "É urgente que o BNDES divulgue seus investimentos, uma vez que são feitos com recursos públicos federais livremente aplicados sem qualquer tipo de transparência ou controle", alega o MPF.

R$ 400 bilhões
É o valor aproximado dos aportes que a instituição recebeu do Tesouro Nacional desde 2008.

(Reportagem: Alessandra Galvão/ Foto: Divulgação BNDES/ Áudio: Hélio Ricardo) 

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8 julho, 2013 Últimas notícias Sem commentários »

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